A invasão do Líbano, por Israel, e toda a panóplia de horrores e destruição a que se assistiu, já estavam preparadas muito antes da encenação do rapto dos dois soldados, diz Seymour M. Hersh, neste artigo publicado na última edição da revista New Yorker, donde destaco:
…
According to a Middle East expert with knowledge of the current thinking of both the Israeli and the U.S. governments, Israel had devised a plan for attacking Hezbollah—and shared it with Bush Administration officials—well before the July 12th kidnappings.
…
Traduzindo:
De acordo com um especialista das questões do Médio Oriente, que conhece “os pensamentos” tanto de Israel como dos Estados Unidos (U.S.), Israel traçou um plano para atacar o Hezbollah – e partilhou-o com a Administração Bush – muito antes dos raptos de 12 de Julho.
Neste artigo que contém uma quantidade impressionante de “informação” acerca do assunto, diz-se, também, que esta provocação se destinava a conhecer “o poder de fogo” do Hezbollah, e as retaliações que Israel poderia sofrer, na eventualidade dum ataque ao Irão.
Aliás, existem relatos de que o Hezbollah não atravessou a fronteira para raptar os soldados; os soldados é que entraram no Líbano e “provocaram” o seu próprio rapto… Isto se pudermos acreditar que houve, realmente, rapto.
Esta informação foi obtida nas breves de “O Jumento”
Que a Invasão tinha sido premeditada eu disse-o, desde o início. Era óbvio! Aliás o estratagema já está tão gasto que custa acreditar que engane alguém…
A questão é, mesmo, as pessoas saberem o que fazer com o que sabem, como tornar útil para a causa dos povos, dos cidadãos livres, do Mundo, aquilo que toda a gente percebe, sente e pensa sobre estas infâmias. A questão é saber como OBRIGAR os governantes a respeitarem os sentimentos e as vontades da maioria dos seus cidadãos…
É por isso que eu defendo a valoração da abstenção.
E também porque, havendo tanta gente, por aí, a denunciar estas coisas à laia de “desporto”, nenhum desses “empenhados profissionais da contestação” apresenta ou defende alguma forma eficiente de acabar com este descalabro, de inverter esta situação cada vez mais escabrosa, que permita ter esperança num futuro melhor…
Resumindo: esta revelação (do que todos sabíamos, há muito) não me impressiona.
O que me impressiona é o facto de isto poder acontecer e, pior, de se poder repetir, a qualquer momento, em qualquer parte do Mundo, mesmo depois de tantas e tantas denuncias…
Andamos todos a ser ultrajados e vilipendiados, pelos nossos próprios governantes, que perderam toda a vergonha e pudor e compactuam com tudo isto, mesmo sabendo que estão a pôr em causa o futuro da humanidade e estão a destruir, em cada dia que passa, a civilização. Isto tem alguma coisa de “civilizado”? Isto é nazismo puro!
Mas voltemos ao artigo referido e às evidências de que o rapto dos dois soldados foi “encenado”.
Chega-se a essa mesma conclusão ao verificar que o “cessar fogo”, aquela resolução infame, hipócrita e pérfida da ONU” não aborda a questão da “libertação dos soldados”, que só são referidos, propagandisticamente, no preâmbulo, para “justificar” o injustificável; ou seja: as atrocidades de Israel e as cumplicidades desses facínoras (do Conselho de Segurança).
Ao invés de abordar a libertação dos soldados, a resolução impõe uma série de condições absurdas e pérfidas que, no essencial (no que concerne ao terrorismo de Israel) deixam tudo na mesma, a “justificar” a resistência daqueles povos para servirem de pretexto para novas guerras, como convém aos negócios da Indústria de Armamento.
É que, se desarmarem o Hezbollah, ou o desmantelarem, aparecerá outra organização qualquer para "assegurar", a resistência, legítima e natural, inevitável, daqueles povos, às atrocidades de Israel... O meu problema é a capacidade dos provocadores de infiltrarem essas organizações e as manipularem, para servir os interesses da indústria de armamento... em primeiro lugar.
Só há uma forma de acabar com o terrorismo: é suprimir a necessidade de resistência dos povos, garantir, a TODOS, segurança e respeito.
Entretanto Israel continua o massacre da população palestiniana (que não interrompeu durante a invasão do Líbano), a pretexto de mais um rapto encenado.
Entretanto Israel continua a massacrar, a aterrorizar, a ultrajar, a vilipendiar, a desesperar os palestinianos, para “fabricar” mais “terroristas”, para poder continuar a sua acção e vocação de “país” fundado e governado por facínoras.
Também é para isso, para fabricar “terroristas” e manter os pretextos para o exercício da sua perfídia, gratuita, que Israel prende os governantes palestinianos e mantém presos uma enorme quantidade doutros daqueles cidadãos, incluindo crianças…
Só há uma forma de acabar com aquele antro de ignomínia: Expulsar o Estado de Israel da ONU, onde nunca deveria ter entrado, impor-lhe rigorosas sanções e económicas, desarmá-lo, julgar e condenar os seus responsáveis que ordenam estas chacinas e outras, obrigá-los a pagar todos os estragos que provocam e a reconstrução do que destroem; enfim dar, ao povo palestiniano e aos restantes povos vizinhos, as garantias e a defesa dos seus direitos fundamentais, como compete em sociedades civilizadas. Só assim se acaba com as guerras e com o terrorismo…