2008/01/05

Afinal, Quantos São?




AFINAL, QUANTOS SÃO?

É Verão e está calor!
O Cenário é uma paragem de autocarro. É, mais exactamente, a paragem de autocarros junto ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa (C.C.B.).
É fim-de-semana (sábado, ou domingo, não me lembro bem). Está um homem sentado no muro, balançando as pernas, com ar de “tou nem aí!” e há mais duas pessoas na paragem, esperando transporte. Uma delas sou eu!

Uma dessas pessoas, a que chegou depois, perguntou se os autocarros estavam a circular, se já tinha passado algum. E esclareceu o motivo da pergunta: quando há “acontecimento” social em frente ao palácio de Belém: parada, manifestação, etc. a circulação dos autocarros é suspensa, às vezes durante muitas horas, sem que as pessoas sejam avisadas; isto é: sem que sejam colocados quaisquer avisos nas respectivas paragens. E acrescentou: “As pessoas que moram aqui e que viajam de autocarro são umas sacrificadas. Ninguém tem respeito por nós! “Eles” querem lá o dinheiro e pronto! Pagamos mas não temos direitos!”

Têm respeito, não têm respeito, a conversa continuou com os relatos de alguns exemplos, vividos por cada uma dessas pessoas, da falta de respeito, “deles”, pelos cidadãos e seus direitos.

Mas quem é essa gente que ocupa os altos cargos da sociedade e que não tem respeito pelos cidadãos? Que tipo de gente?
Mais exemplos e casos vieram à conversa até que, a dada altura, esta história:

É como o caso dum indivíduo que mora ali (fez sinal, com a cabeça, na direcção da zona habitacional); agora está no estrangeiro. Vai muitas vezes ao estrangeiro. Tem 42 anos e é um grande traficante de droga, do pior que há.
É filho dum juiz; mas não é um juiz qualquer, é dos importantes. Quando a polícia vem procurá-lo, para o prender, o pai é informado previamente e avisa-o. Ele fecha-se em casa e não abre a porta a ninguém. É o que o pai lhe diz para fazer. Ou então vai para casa da mãe. E pronto! Continua por aí a fazer o que quer, impunemente, a traficar droga, a desgraçar a vida de tanta gente, e ninguém lhe toca, ninguém o prende porque é filho do juiz… É uma pouca vergonha!”

Neste texto, podemos encontrar as seguintes passagens:

Há meses, um profissional das “Forças da Ordem”, comentava, falando com conhecidos, perto dum vendedor, na “Feira do Relógio”, em Lisboa, que “o traficante de droga mais arrogante, pérfido e perigoso que conhece é filho dum juiz e “usa” o cargo do pai para se garantir impunidade. O facto é do conhecimento de todos e, por isso, conta com a passividade das polícias que têm de fazer “vista grossa” aos seus crimes”.

Há tempo, em conversa com um jornalista que tinha feito umas matérias sobre toxicodependência, este relatou que foi procurado, em casa, por um juiz, dum tribunal superior, que lhe relatou, com nomes (e quase com lágrimas nos olhos), ter conhecimento de várias figuras importantes do País, ligadas ao tráfico de droga, incluindo juízes, também eles de tribunais superiores. Porém o “facto” não foi objecto de notícia nem de denúncia, porque o Juiz não se quis assumir (não tem essa obrigação, como juiz… os cidadãos é que têm…) e o jornalista “não tem provas”. Estava fresca, na memória de todos, a condenação do jornalista Manso Preto…

Neste outro texto, encontramos isto:

(Assassinato dum jovem de cor, por um grupo de “skin heads”, no Bairro Alto)

Segundo esta versão, a briga terá envolvido vários “skin heads” e também vários jovens de cor.
Enquanto que o grosso do grupo dos “skin heads” “jogava à estalada” com o grosso do grupo dos indivíduos de cor, dois dos “skin heads” isolaram um jovem de cor, arrancaram um poste da calçada e assassinaram-no, fugindo, de seguida.
Como o “arraial” de estalada continuava, a polícia chegou e prendeu os que brigavam, acusando-os de crime.
Sucede porém que um dos assassinos é filho dum juiz, que o mandou para o Brasil, no dia seguinte, juntamente com o “amigo” e co-autor do crime, enquanto que os restantes eram presos e enfrentavam a acusação… pela qual foram condenados a cumprir pena de prisão

Portanto, recapitulando:

- Indivíduo de 42 anos que mora perto do C.C.B. e trafica droga; filho de Juiz (dum Tribunal superior)…;
- Fulano, conhecido das forças da ordem como traficante de droga, do pior que há, mas que beneficia da respectiva complacência (ninguém lhe toca) porque é filho dum juiz…;
- “Skin head” envolvido no assassinato dum jovem de cor, a quem o pai, Juiz, garantiu uma viagem para o Brasil, no dia seguinte, para escapar à acusação e à prisão, deixando os comparsas a braços com a condenação…

É o mesmo “filho”, do mesmo juiz, ou são vários filhos de vários juízes? Afinal quantos são?


Juízes e outras figuras importantes (figurões) conhecidos pelos seus pares (os juízes) como envolvidos com a alta criminalidade e o tráfico de droga, provocando nalguns dos seus pares, frustração, revolta, indignação, angústia… quantos são?

Afinal, quantos são?

Como é que a justiça não há-de estar em crise? Como podemos nos admirar com a enorme quantidade de sentenças aberrantes, protegendo criminosos e perseguindo e prendendo inocentes e pessoas de bem?

E diz o outro (o P.G.R.) que não sabe como resolver os problemas da justiça… Pois não! Compactuando com situações escabrosas assim, é impossível.

É caso para dizer: - As coisas que ele não sabe, apesar de toda a gente saber.