2006/06/19

Corporativismo e Democracia!

Na Educação, como em todos e cada um dos outros sectores da nossa sociedade, o corporativismo sobrepõe-se aos direitos e deveres sociais, inerentes ao exercício da profissão.

Para justificar tal comportamento pernicioso, usam-se falácias, insultos, conjecturas, sofismas (reproduzindo o que de pior existe na mentalidade dominante, incutida pelas campanhas, permanentes, de desinformação e propaganda, ao serviço da “ideologia dominante” com que se sufoca a sociedade).
Um bom exemplo é este editorial de “Tinta Fresca” que foi copiado na íntegra para os comentários de “O Jumento” e que motivou, no impulso do momento, o meu comentário que transcrevo a seguir:

“Há coisas que a gente lê e não acredita, como é o caso do comentário de Lanómina; ou seja: um editorial de "Tinta fresca".
Ainda fui lá para deixar este comentário mas aquilo não permite comentar. É sempre assim.
Pensar que os problemas da sociedade se resolvem com "especializocracias" é um absurdo e, em última análise, uma reaccionarice. Ou será que os problemas da educação (como os da justiça, os da burocracia, os da saúde…) não são problemas sociais, do País?
Este texto é tão corporativista, em relação aos professores como outro qualquer em relação a qualquer outra classe (justiça, saúde, etc.). Este é um dos nossos piores flagelos!
Apenas duas coisas, para simplificar porque, nestes assuntos, quando há necessidade de escrever muito é mau sinal...
1º - A sociedade tem o direito de exigir que a educação funcione e que as escolas sejam eficientes. Quem falha, na educação, em primeiríssimo lugar, são as escolas e os professores, que se transformaram em mais uma elite déspota que exigem ter todos os direitos e prorrogativas e nenhuns deveres.
Um exemplos é a questão das aulas de substituição. Se os professores fossem espertos e profissionais, não seria necessário determinar essa medida porque sempre se deveria ter feito assim. Mas a bandalheira, nestas e noutras coisas, permite-lhes tudo...

2º - Como em todas as outras profissões, os maus professores (porque os há) devem ser punidos, corridos, porque têm uma influência enorme na educação das novas gerações. Não interessa se são muitos ou se são poucos. Sejam os que forem!
Além disso há uma série doutros comportamentos pérfidos, déspotas, arbitrários, comuns entre os professores que devem ser corrigidos, banidos.
Curioso que o autor do texto, em 20 anos de ensino, não sinta esses problemas que qualquer pai constata, em poucos anos de "convivência" à distância...
Mas os resultados são o mais importante.
O autor, à semelhança de todas as outras corporações que sequestram este país e as suas gentes, arenga uma série de "desculpas" e de teses absurdas, fazendo coro com aquelas reaccionarices que todos conhecemos de que este país é atrasado porque a população é assim.
A população portuguesa é IGUAL, para melhor, a todas as outras de todo o Mundo, incluindo o Mundo mais desenvolvido!!!
Neste País é "O fraco Rei que faz fraca a forte gente!", que é como quem diz: são os responsáveis, a qualquer nível e a todos os níveis, que nos impedem de sermos desenvolvidos, cultos, produtivos...
Resumindo: Os professores não querem ser avaliados, nem punidos, nem corrigidos, nem cumprir as suas obrigações para com os alunos e pais (aulas de substituição), mas quando se trata de prestarem contas da sua função, acham que podem nos fazer engolir uma série de desculpas insultuosas e vis, mantendo todos os direitos e prerrogativas...
Se os professores não sabem ensinar, isso significa, segundo este editorial, que existe, entre os alunos, uma elevada percentagem de "ligeiro atraso", cumulativamente com desestruturação social...
Ora tenham dó!
Acaso pensarão que, nos outros países, as populações escolares são muito diferentes? Cretinos!
Curioso porque, deste lado, eu acho que a escola e a sua bandalheira crónica, a todos os níveis (incluindo as faltas dos professores e as suas prepotências) é que ajudam a desestruturar e a deseducar, mesmo quando os pais se esforçam em contrário... Mas, pelos vistos, para os professores a bandalheira é que é bom, porque lhes assegura impunidade. A que custo?
Isto é um dos piores exemplos de "professores"...
Não se depreenda, daqui, que apoio a acção do governo... Afinal, se o governo falha em tudo o resto, difícil é acreditar que, neste sector, faça alguma coisa de positivo…. Pode muito bem ser, apenas, um fogacho para manter alta a conflituosidade, desviar atenções e esforços, dividir para reinar. "Em tudo o resto", o que se tem visto é a implementação de medidas pérfidas e os anúncios, com pompa e circunstância, de medidas positivas que nunca serão implementadas… como já é costume. É a estratégia da propaganda enganosa, das mentiras e das falácias…
Mas o governo não está nas escolas, todos os dias, a dar aulas. E, se todas as classes profissionais tivessem brio e pudor e vergonha, a nossa situação não seria tão desastrosa. Até agora, os professores têm-se submetido a todas as cretinices ditadas pelo Ministério, tirando partido da desresponsabilização inerente e usando-as como desculpa para a sua própria ineficiência. Com essa atitude, com essa “colaboração”, os professores só conseguiram (porque só poderiam conseguir) comprometer o seu próprio prestígio.
O prestígio recupera-se corrigindo os erros e sendo eficiente… e não com campanhas de mistificação ou com saturantes e indignos “jogos do empurra”.

Este comportamento, "anacrónico” das nossas classes profissionais, de se colocarem acima de tudo, defendendo os seus “interesses” e “direitos adquiridos”, mesmo contra as mais elementares regras sociais do bom-senso, pretendendo impor à sociedade os seus arbítrios e desmandos, sob a capa da exclusividade de competência, inerente à profissão, é muito útil à actual campanha de desacreditação da democracia, que pretende demonstrar que o sistema democrática não funciona, porque não pode funcionar; que pretende demonstrar e tornar “aceitável”, nem que seja pela saturação, a instauração de novas e piores ditaduras, em cada país e em todo o Mundo…

Mas "isto" não tem nada a ver com democracia! É pura ditadura da bandalheira, que tem de acabar!
É também por isso que eu defendo a valoração da abstenção