2006/04/19

Sobre O Acórdão Da Vergonha.

No post abaixo, alguém que não se identificou, deixou um comentário que tinha de ser respondido. Devido à importância do tema, aqui fica a resposta:

Nos nossos dias, as pessoas cretinas e mal formadas (mal educadas) deviam, ao menos, ter um espelho, um mínimo de noção da sua própria falta de idoneidade, ter vergonha, e se coibirem de exibições, tristes e deploráveis, como é o caso do acordão e do seu comentário.
Santo Deus! Você foi educado SÓ com palmadas! Ninguém lhe ensinou nada e, quando adulto, já tinha perdido a capacidade de APRENDER (de tantas palmadas que levou? Ou será que as palmadas são boas é para os outros, esses que a sua misantropia transforma em malvados?).
Que existem pessoas assim, nós sabemos! O que a sociedade não pode tolerar, porque a destrói, é que essas pessoas sejam "desembargadores" (peço desculpa: não se diz "desembargadores", mas sim "conselheiros", segundo informa um "comentador") do STJ e se sirvam da função para imporem, à sociedade, à revelia das leis e do civismo mínimo, os seus conceitos de "maus-caracteres".
Imagino que você não consiga compreender os pais (e os filhos, que também os há) que afirmam e proclamam que nunca bateram nos filhos (não tiveram necessidade), ou os filhos que nunca lhes bateram. Pois eu posso garantir-lhe que essas pessoas existem, e são as que adoptam as atitudes correctas, que sabem educar, cujos exemplos deviam ser seguidos, porque é para aí que toda a sociedade deve caminhar.
Porém, para a sua tacanhez intelectual (e presunção absurda de quem se considera o limite de todas as virtudes - tão poucas que elas são, porque não podem ser mais), essas pessoas são "hipócritas", porque você, na sua pequenez mesquinha, não apenas é o centro do Mundo, como pretende impor, à realidade, os limites do seu baixo nível intelectual e cívico... A ponto de achar que os melhores cidadãos é que deviam ser processados (porque praticam negligência educacional), apenas porque estes, mais dignos, mais esclarecidos, mais civilizados, mais inteligentes, mais íntegros e mais competentes, não necessitam de recorrer à violência, para educar; isto é: não necessitam de recorrer a "métodos" covardes, indignos, prepotentes, primários, bárbaros, próprios de gente sem princípios, ignorante e estúpida.
Todos temos as nossas falhas e defeitos. Para além de que, as condições de vida da maioria dos cidadãos também não ajuda. Acresce o enorme peso, negativo, na educação das crianças, por parte da sociedade a aumentar as nossas frustrações nessa matéria. Por tudo isso, podem acontecer e acontecem, por vezes, situações limite em que as pessoas actuam erradamente e batem nos filhos.
Isso não pode ser considerado "crime", mas é, SEMPRE, um erro a evitar, a corrigir... Que os pais podem e devem corrigir (falo por experiência própria).
Em qualquer caso, temos de reconhecer o óbvio: quem usa as "palmadas", como forma de educação é porque não tem nada para transmitir (não tem outros argumentos), nem ao nível de educação, nem de conhecimentos, nem de exemplos, nem de carácter.
É um conceito absurdo, própria da mentalidade da época da barbárie, pensar que a violência "corrige" o que quer que seja. Estamos a falar de seres humanos, de pessoas inteligentes... E até os animais são ensinados com outros métodos...
A violência só gera (e ensina) violência (ou revolta, indignação e frustrações, tudo coisas que não contribuem, em nada, para melhorar a sociedade e o papel dos seus elementos)! Os ciclos de violência e respectivos conceitos têm de ser quebrados, urgentemente, começando por não os incutir, às crianças, como se fossem normais... através dos maus tratos.
As crianças também são pessoas, com dignidade que deve ser respeitada. O respeito (por nós própriso e pelos outros) aprende-se respeitanto e sendo-se respeitado...
Além disso, já a minha avozinha dizia que "quem dá o pão dá a educação (conceito que, nessa época, significava, de facto, "palmadas")" e, se uma palmada dada por um progenitor pode ser "aceitável" ou tolerável, até porque é um erro que só o progenitor pode corrigir, já uma palmada dada por outrém não tem qualquer cabimento nem legitimidade, é um acto covarde e primário, um acto de violência pura, humilhante e destrutivo para o carácter do menor... O acórdão não só não faz essa distinção, como "mete tudo no mesmo saco", incentivando (e considerando legítimos) os maus tratos para com os menores...
A humanidade pode e deve caminhar para uma sociedade mais digna, mais esclarecida, mais evoluída, mais desenvolvida! O facto de ainda não se ter atingido esse estado não pode significar que se abandone o objectivo e se inverta o caminho.
Os erros servem para aprendermos e para serem corrigidos, não para abandonarmos o caminho certo e nos fazer recuar no tempo (para tempos que já ficaram muito para trás no caminho da evolução humana e das civilizações).
Não sei quem você é e, provavelmente, o facto de dizer, aqui, estes disparates não tem a menor importância para a civilização e para o seu futuro. Apenas revela que você faz parte dos que ainda têm muito que aprender e evoluir para poder ser útil à sociedade (tal como os outros comuns mortais como você). O mesmo não se pode dizer do STJ, cujos membros têm de estar à altura da sua função e respectiva importância na Sociedade.
O acórdão do STJ é uma infâmia que a sociedade não devia tolerar, em circunstância alguma. Tantos mais que o seu "argumento" da "negligência educacional" é colhido do próprio acórdão. E, aí, esta expressão é muito grave, porque instiga à perseguição das pessoas mais dignas e esclarecidas (as que não precisam de bater para educar), que o acórdão acha que deviam ser processadas e condenadas (por negligência), em vez dos maltratantes.
Este acórdão reflecte e enuncia, ilegitimamente, opções políticas e sociais reaccionárias, sobre cujas a sociedade nunca teve oportunidade de se pronunciar, como deve ser em democracia cujas regras devem ser cumpridas, também e sobretudo, pelo STJ e seus membros (Conselheiros).
Não retiro uma palavra do que disse. Os termos do acórdão merecem todo o repúdio. Hipócrita (cretinamente) é quem defende um absurdo destes, ao arrepio das regras da civilização...
O acórdão e o seu comentário são dignos de um qualquer nazi, pessoas atrasadas no tempo, que não conseguem evoluir nem melhorar...
Contudo, impõe-se esclarecer, nada do que eu disse significa permissividade, ou impunidade! Sou absolutamente contra isso, seja em que circunstâncias for! Por isso acho que o acórdão deveria ter consequências, assim como a atitude dos deputados.
Mas aí já estes "intrépidos puritanos, cínicos e hipócritas" não se preocupam com a permissividade, ou com a negligência grosseira... de quem os devia meter na ordem... protegendo a sociedade dos seus malefícios...


APELO!
Atenção às campanhas mais recentes:
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