2006/03/08

Motivações!

No "Balanço" da minha participação em "O Eleito" escrevi um post que decidi recuperar, agora, para reflexão.
As conversas são como as cerejas... e os pensamentos também. Mas como eu não construo charadas semelhantes às do concurso "A Herança", vou logo dizendo porque é que recorri a este post, qual o facto recente que je motivou, sem sugerir que o edivinhem...
Vem a propósito duma notícia recente que relatava ter o Primeiro-Ministro Inglês, Tony Blair, exigindo que a humanidade lhe permita impunidade dos seus crimes abomináveis, porque ele acha que tem o direito de ser julgado apenas por Deus. É especial, a alimária, por isso não se submete as leis e regras da sociedade... e pensa que os outros são todos tão primários e estúpidos como ele, para lhe "apararem o jogo".
Só que estas coisas são uma espécie de "pescadinha de rabo na boca", porque deus pode muito bem querer que ele seja julgado pela humanidade e principalmente pelos seus concidadãos, como compete em regime democrático. Se isso acontecer, como eu espero e desejo, será, sem sombra de dúvida, por "vontade de deus" (segundo diz a própria religião).
Este episódio e respectivos "caricatos" fizeram-me reflectir, de novo, acerca das motivações que determinam as acções, opiniões, propostas e lutas de cada cidadão. Cada vez me convenço mais de que a forma como nos comportamos, nestas coisas, se deve ao respectivo grau de consciência gregária, de sentimento de grupo, próprio da espécie, para além do nível de consciência social, que nos impele a sentirmo-nos (ou não) parte dum todo, logo com consciência de que somos todos afectados por tudo...
Mas acho melhor deixar-vos com as referidas reflexões:

"Na “pré-história” das teorias do comportamento uma das discussões que mais apaixonavam os teóricos versava sobre os factores determinantes do comportamento humano. Uns defendiam que o comportamento era determinado pela “informação genética” (coisa que, nessa altura, não se sabia bem o que seria), que se herdava, por nascimento, sendo transmitida pela linhagem; outros, mais “materialistas” desmentiam essa tese dizendo que eram a “educação”, a instrução, a experiência, os factores determinantes do comportamento.
No século XVIII estas teses resumiam-se, respectivamente, nas seguintes frases: “Penso, logo existo!”; à qual os defensores da segunda tese contrapunham: “Existo, logo penso!”.
É óbvio que estou a assumir, aqui, como “comportamento” não apenas a forma como as pessoas actuam, mas também as suas opiniões e opções ideológicas.
Hoje sabe-se que nenhuma daquelas “teorias”, explicativas do comportamento humano, está completamente certa.
As pessoas são, via de regra, um misto de “informação genética” e experiência, “educação”.
Como todas as regras, também esta tem excepções. Com todos os conhecimentos actuais sobre o genoma humano, sabemos que há casos em que a informação genética parece ser o factor determinante, mas muitos outros casos há em que a experiência tem um papel tão decisivo que até determina alterações profundas nos comportamentos e concepções dos respectivos indivíduos, em função da vivência de determinadas experiências ou acontecimentos.
Falando-se de comportamento, temos que referir que também é inegável a existência dum padrão de comportamento, maioritariamente adoptado, que é determinado pelas condicionantes sociais, pelo funcionamento da sociedade e das instituições, determinado “superiormente”. Quero eu dizer que a forma como uma sociedade é governada e organizada, a forma como funcionam, ou não, as instituições, determina, maioritariamente, o comportamento do seus elementos, ao contrário do que se pretende fazer crer, frequentemente, entre nós, culpando a “natureza humana” e “os outros”, pelas nossas desgraças.

Nas filosofias orientais (onde predominam as “ideologias” em que o indivíduo encontra a sua máxima realização, na harmonia do “conjunto”) uma parte das pessoas “cultas” interage, com a sociedade, também, através da meditação; ou seja: usando uma capacidade humana que é, entre nós, quase clandestina: a energia.
A vantagem desta postura filosófica é que ela “nos” leva a evitar ter atitudes más e perversas, prejudiciais à sociedade, ou com efeitos negativos, porque isso afecta negativamente, “o equilíbrio” do conjunto, prejudicando-nos a nós também. Outra vantagem é que se valoriza o bem-estar comum, porque ele contribui e é determinante para a felicidade pessoal, também, por aquela interacção.
Há outro mérito nesta maneira de estar na vida: a falsidade e a astúcia usadas para prejudicar o conjunto em prol de vantagens particulares são desprezadas, não só devido ao referido efeito perverso, que atinge também o indivíduo, mas também porque essas atitudes e os respectivos protagonistas ficam facilmente expostos, por ser perceptível, para algumas outras pessoas, através das percepções “energéticas”, que são elementos perniciosos.
Semelhantemente, também acho que chegámos a uma situação eu que “ou nos salvamos todos, ou vamos todos para o fundo”, de nada servindo as “vantagens” particulares que alguns têm a ilusão de obter, em detrimento de todos…
Apesar de tudo o que fica dito, a meu ver, a forma como as pessoas se comportam, neste contexto (da interacção social) é, fundamentalmente, resultante da “educação”, do conhecimento, do nível de cultura, do nível intelectual (é importante ter capacidade para perceber o quanto os actos perversos nos afectam a todos, mesmos os que praticamos pensando em tirar vantagem).
Esta coisa das energias, e seus efeitos, é comum a todas as pessoas. Digamos que a sua concretização mais “vulgar” se traduz naquilo a que os romancistas decidiram chamar “amor à primeira vistas”. Mas há muitas outras situações em que estas “energias” são bem perceptíveis… basta ter atenção!
Nós, ocidentais, que encaramos as coisas doutro modo, costumamos explicar (ou condenar) os comportamentos como sendo impulsivos, impertinentes, imprudentes, ou malcriados (culposos) até… sem termos em conta a coerência das próprias pessoas, no meio de todo o “desconforto” do conjunto, a que reagem…
É que, em situações como a que vivemos, neste “conjunto”, é natural que as perturbações no “bem-estar” colectivo e, consequentemente, na harmonia energética, afecte as pessoas mais sensíveis e explique os seus comportamentos “inexplicáveis” para alguns.
O drama dos contestatários é que não lhes será possível ter “sossego”, sem que o “bem-estar” comum esteja minimamente garantido. Esta viagem não tem volta… é uma “opção” sem alternativa.
No entanto, qualquer pessoa de bom senso questiona a bondade das suas próprias convicções, opiniões e propostas, constantemente.
É da discussão que nasce a luz! E é com o confronto de ideias e conceitos que os nossos próprios conceitos se fortalecem, se aperfeiçoam… ou abanam e se alteram (quando há capacidade, e espaço, para melhorar).
Ora, para haver confronto de ideias, é necessário que existam “espaços” de debate, de democracia, onde a democracia seja possível. Quando se instala a “paz podre” a degradação é inevitável…
Aqui, em “O Eleito” esse confronto de ideias foi possível, foi útil e foi “estimulante”.
Resta-me pedir desculpas aos “confrontantes” mais sensíveis (ou menos habituados à contestação). Espero que todos tenhamos crescido um pouco.
O Eleito valeu a pena; mas, se cada um cresceu um pouco, valeu um pouco mais a pena!
O meu balanço é muito positivo!
Um abraço a todos!"