2007/01/19

O referendo e os Abortos do Não.

Já o disse, mas convém repetir:
À Pergunta:
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”

Eu respondo SIM

Não me agrada que a questão do referendo acerca da despenalização do aborto monopolize este espaço, até porque não se justifica. E também porque tenho outros temas para abordar… mas falta-me o tempo.

Acontece que tive de responder a uns comentários, aí em baixo, desfazendo justificações absurdas do Não e decidi aproveitar o essencial para passar para aqui…

Contra a campanha de demagogia infame do Não.
(Um dos argumentos dum dos comentário era a defesa “do bebé dentro das mulheres”…)

Não há nenhum bebé, dentro das mulheres, a não ser que elas, e só elas, decidam que sim. Não há nenhum bebé dentro das mulheres (pelo menos no período de opção, livre, do aborto) porque se a vida da mulher, por acaso ou por acidente, se extinguir, isso a que você chama bebé extingue-se também.
Também não me consta que os embriões tenham “personalidade jurídica”… ao contrário das mulheres e das crianças que existem e que são tão mal-tratadas pela sociedade.

Se a mulher o desejar e cuidar, decidir gerar vida, "o embrião" deve ter toda a dignidade dum ser humano (por vontade da mulher que decidiu disponibilizar o seu corpo e o seu amor). Mas se a mulher não quiser, ou não puder, ninguém tem o direito de lhe impor que alimente, gere e crie, alguma coisa que não é nada sem a utilização, ocupação e exploração do corpo dela. Até porque isso não são condições para gerar seres humanos.

Mas estamos a falar de seres humanos e, portanto, nunca é apenas o corpo da mulher que está em causa... é muito mais; é, por exemplo, a dignidade e respeito devidos a um ser humano e à sua integridade física e intelectual...

Nesta questão, o único ser humano (que o é de facto, para lá de todas e quaisquer conjecturas) que está aqui em causa e que deve ser respeitado, é a mulher... e o resto pode o meu amigo deixar, descansado, ao cuidado e critério das mulheres porque lhe posso garantir que está muito bem entregue, mesmo apesar de toda a destruição e perversidade espalhadas, fomentadas e incutidas pelos Machos (eu ia dizer, homens, mas acho que o termo é inapropriado), que até hoje têm usurpado a possibilidade de determinarem o destino do Mundo.

Essa treta da “vida humana” é uma falsa questão, um sofisma, uma conjectura perversa, um "critério" absurdo e infame próprio da inquisição, cujo único objectivo é molestar os seres humanos, aumentar a miséria e o desespero das pessoas, perseguir e aviltar as mulheres, elas sim seres humanos que existem, para além de todas as conjecturas e argumentos abjectos.
É típico de nazis usarem conceitos falsos e inventados para “justificarem” os seus actos infames para com as pessoas.

Até porque, para que um ser humano possa ser considerado como tal tem de ter capacidade de sobrevivência autónoma; a sua sobrevivência não pode depender, exclusivamente, da sobrevivência doutro ser ou organismo específico.

Mas foi Deus que assim determinou, nos seus insondáveis desígnios (e determinou muito bem porque, até agora, isso não comprometeu a sobrevivência da espécie... e sempre houve abortos e mulheres que abortaram por opção).
Só que os homens, no seu arrivismo, prepotência, soberba e vilania, não podem nem querem se conformar com os desígnios de Deus... tal como lucifer se revoltou contra esses desígnios.

Deixe-se de tretas! A única coisa que está aqui em causa, por parte dos do não, é exercitarem a sua maldade e perversidade, perseguindo e maltratando as mulheres, nada mais. O que dizem são argumentos inquisitórios para justificarem os seus instintos demoníacos, tal como faz a Igreja e como sempre fez; e tal como fazem, também, os facínoras que dominam e destroem o Mundo.

Mas o meu texto abordava uma outra faceta da questão, igualmente importante: quem coloca as mulheres na situação dramática de terem de optar pelo aborto é a maldade e perfídia dos que se servem de todo o tipo de argumentos absurdos para as perseguirem.
A situação do Mundo actual (criada pelo domínio absoluto e exclusiva dos machos) é tal que as pessoas até têm o direito de decidir não colocar filhos neste Mundo onde impera a perfídia e a infâmia. Isto a somar aos condicionalismos económicos que só existem por obra e graça da maldade dessa escumalha maldita. Se não se alterar isso a opção de abortar irá continuar a acontecer, agravadamente, com penalização ou sem ela.

Sabia que, no século dezoito, o século das luzes, (quando se "inventou" o amor, o conceito de pátria, etc.) alguém disse que a definição de "filho legítimo" não devia ser, como até então, o filho nascido dentro do casamento, mas o filho gerado e nascido do amor? Traduzindo, para os nossos dias, diríamos que são os filhos desejados.

E as crianças? Será que aceitam (ou se conformam com) não serem desejadas, nascidas do amor e da vontade (ou, pelo menos, da aceitação do facto por parte dos pais)?
Ou prefeririam não nascer?
Eu preferiria não nascer!
Até porque o período de gestação é muito importante na "formação" e desenvolvimento do ser humano.

Mas, repito, não é nada disto que está em causa. O que está em causa, por parte dos do não, é terem um pretexto, mesmo que inventado com sofismas e conjecturas, para exercitarem a sua perfídia perseguindo, molestando e aviltando as mulheres, violando os seus direitos fundamentais.
Se assim não fosse, essa gente trataria de "endireitar o Mundo" e já não lhes restaria tempo nem maldade para pensarem em praticar a perfídia. É esse o sentido do post, quando falo das carências existentes, com que essa gente não se preocupa devidamente.

Isto quer dizer que a sociedade não assume as suas responsabilidades, nem sequer para com as pessoas e CRIANÇAS que existem, por culpa e acção dessa escumalha vil do Não. Portanto não se pode acreditar nos seus argumentos e justificações, inventados para exercitarem a sua perfídia e perversidade sobre as mulheres.

O seu argumento de que "O governo devia" não resolve nada nem lhe dá o direito, a si, de ser pérfido para com os outros, impondo-lhes leis ilegítimas.

Mais! Nesta abordagem (dos partidários do Não), estaria a ser usado o corpo das mulheres como se fosse uma qualquer “linha de montagem”, para gerar "objectos" e não seres humanos, sem, sequer, se assumirem "os custos" materiais duma tal opção.

Essa gente (do não) tem lógica de abutres!
Sentem-se bem e comprazem-se é com a desgraça e as calamidades sociais.
É no meio do sofrimento e do desespero dos outros que "eles" encontram "alimento". Por isso usam todos os pretextos para aumentar o sofrimento alheio e as desgraças sociais de cujas estão na origem.

Os argumentos que deixei acima são uma cedência ao seu tipo de discussão, apenas para demonstrar que tudo o que os do não dizem é fruto de perversidade e perfídia pura, de quem não se conforma com, nem aceita, os desígnios de Deus.

E agora devolvo-lhe o epíteto:quem perseguia e maltratava, molestava, as pessoas (as que existem, realmente) era Hitler e os seus comparsas nazis, que ainda hoje dominam e destroem o Mundo, continuando a fazer o mesmo, até usando como pretexto a opção de abortar de cuja são os únicos culpados, as mais das vezes.Acredito que o meu amigo tenha mais "argumentos" o que não acredito é que não sejam da mesma natureza (de quem tem os critérios e as prioridades invertidas e não se importa de aviltar os outros).

É muita presunção sua imaginar que eu (e os que votam sim) também não temos muitos mais argumentos...

Aliás, quem usa o terrorismo psicológico, como o da expressão: "Obviamente que deviam ser apoiadas, não abortadas nem exterminadas! A Alemanha nazi é que exterminava os excluídos e os deficientes, é isso que querem?"o que demonstra é que não tem argumentos válidos e tem consciência disso. Ainda por cima porque a frase se fundamenta não no que eu disse, mas no facto de o meu amigo não ter percebido o que eu disse... e que se resume assim:

O (mau) carácter dos do não é bem conhecido e está incluída, neles, a maioria dos responsáveis pelo descalabro social que vivemos. Se essa gente fosse realmente bem intencionada, como pretende fazer crer, ao invés de persistir em exercitar a sua perfídia, usaria todo o seu poder (que é muito) para resolver os problemas existentes de forma digna e humana. E não lhes restaria tempo (nem maldade) para persistirem na sua saga de abutres a perseguir e ultrajar as mulheres.

Os que promovem e defendem o Não pensam e falam como abortos, porque os seres humanos, que o são de verdade, sabem que a primeiríssima condição para se gerar um SER HUMANO é o AMOR. Fora disso pode-se gerar tudo (até toda a espécie de aberrações, ou autómatos, ou abortos) mas não são as condições para gerar seres humanos.

E, repito: TODAS AS CRIANÇAS TÊM O DIREITO DE SER DESEJADAS E PARIDAS EM CONDIÇÕES DE PODEREM TER UMA VIDA DIGNA.

Por isso eu falo da resolução dos problemas sociais e de a sociedade dever assumir as suas obrigações nesta matéria, para com as PESSOAS QUE EXISTEM, como sendo um encargo e uma função da própria sociedade e não imposta, particularmente, às mulheres.

Ao contrário dos que defendem o Não, as mulheres (na generalidade, é claro), desde que disponham das condições adequadas e desde que a sociedade seja, de facto, sociedade, sem tanta perfídia como a que temos hoje, irão adoptar sempre a atitude correcta (se alguma falhar, a maioria não falha, com certeza) porque as mulheres têm uma enorme generosidade e dignidade, ao contrário dos do não e que estes não compreendem... por isso mesmo: pela sua natureza de abortos.

A penalização do aborto é duma perfídia sem limites, como o são todos os partidários do Não. É um acto de ditadura nazi, de violação grosseira da dignidade das pessoas; e destina-se a reproduzir seres humanos nas condições ideais para serem tão pérfidos como os governantes actuais: abortos.
A penalização do aborto só pode ser defendida por ABORTOS, que desconhecem o essencial da dignidade da condição humana: O Amor.
O Amor inspira-se, incentiva-se, gera-se (nos corações que têm capacidade para tal, o que não é o caso dos partidários do Não) mas não se decreta, não se impõe.

A penalização do aborto avilta tantos as mulheres como as crianças; é um retrocesso civilizacional ao defender que um ser humano pode e deve ser gerado na contrariedade, em ambiente de hostilidade, porque essas são s condições que permitem gerar abortos, gente com mentalidade monstruosa... como é o caso dos do não, ao ignorarem e não ligarem importância para o essencial da questão.

Quem tenha os critérios invertidos como os do Não e nem se apercebe de coisa tão elementar, só pode ser um aborto, um erro da natureza.

Depois é a demagogia e as falácias abjectas e irritantes que usam para tentarem justificar o injustificável: a sua própria indignidade e desumanidade.Há um outro erro, crasso, nos argumentos dos do Não: argumentam como se isto decidisse tudo, ou pudesse passar a "justificar" tudo.

Para além do referendo a vida continua, e a luta por um Mundo melhor não se altera, qualquer que seja o resultado do referendo. Por mim, não consigo confiar no critério ou na luta, ou na dignidade dos objectivos de quem se comporta de forma tão indigna numa coisa destas, votando Não.
Mas também não vou deixar de denunciar as patifarias do governo ou de outros quaisquer, apenas porque defendem o sim.
Uma coisa não tem nada que ver com a outra, nem isto se decide neste referendo ou, eventualmente, nas respectivas opções.A opção do referendo não é um salvo-conduto para patifes e respectivos abusos ou crimes. E as pessoas molestadas, sejam elas as mulheres, na sua opção de serem mães, ou quaisquer outras pessoas, crianças incluídas, têm de ter meios de defesa e garantias de justiça (coisa que não acontece agora, quando até o STJ produz acórdãos pérfidos, sem que ninguém se levantasse em defesa dos direitos das crianças maltratadas).

Quando eu falo da perfídia e hipocrisia dos do não, o que quero dizer é que compreendo essa opção por parte dos grandes criminosos e dos facínoras que dominam e destroem o Mundo, porque estes não estão interessados na geração de seres humanos, mas na reprodução de autómatos ou marginais, de abortos, para poderem usar como carne para canhão, ou como "moços de fretes" na execução dos seus crimes. Por isso, quanto piores forem as condições de gestação, melhor para eles e seus pérfidos propósitos.
Toda essa gente é a favor da penalização do aborto, porque é da sua natureza serem pérfidos para com os outros, especialmente para com as mulheres.

Por mim acalento a esperança de que, desta vez, a demagogia infame não resulte e o resultado do referendo ajude a releguar, para o lixo da história, estes demagogos, contribuindo para “abrir os olhos” a mais gente e lhes reduzir substancialmente a “base de apoio”

Nota: queria descansar os que estão preocupados com o papel dos pais (dos homens) e pedir-lhes que não me interpretem mal. O papel dos pais (dos homens) é imprescindível e “aparece” quando eu digo que os seres humanos devem ser gerados no amor e com amor… e paridos em condições ideais para poderem ter uma vida digna. Porém, para que isso aconteça, é necessário entendimento, concordância e cooperação entre homens e mulheres (Amor, se preferirem), mas sempre com o envolvimento e o acordo, livre e de boa-vontade, das mulheres e o respeito pelas mulheres, que têm o papel principal e pagam o maior preço.
O que eu condeno e abomino é o excluir as mulheres desse processo, ou decidir sobre elas, sem elas, como acontece nos pressupostos da penalização do aborto.

Os partidários do Não são gente que não se conforma com a ideia, “humilhante” para eles porque desconhecem o amor, de um dia terem parasitado um outro ser humano e não querem aceitar as responsabilidades sociais e humanas que isso lhes acarreta. Por isso pretendem transformar as mulheres em “animais de procriação”, em escravas sem direitos, onde eles e só eles têm o direito de decidir sem nem assumirem as respectivas responsabilidades. Assim já não se sentem humilhados, porque o seu parasitismo passou a ser “legítimo”, obrigatório para as "hospedeiras".
Pensando melhor, nesta questão as mulheres nem “animais de procriação” são, porque esses ainda têm de ser sustentados. É mesmo só uma forma de agressão, de violência gratuita.