2007/01/11

2006, O Balanço do Nosso Desespero!

Completaram-se, em 2006, dois anos de vida deste blog.

A assiduidade da sua actualização tem falhado, ultimamente, (por motivos alheios à minha vontade), mas persisto, como posso, tentando manter o nível e a acutilância. Mais: tentando persistir na expressão de opiniões e sentimentos que não me são exclusivos, bem pelo contrário, de modo a que se façam ouvir estas vozes que são silenciadas ou ignoradas.

Tudo isto com o objectivo de contribuir para um Mundo Melhor, mais digno, mais justos e mais democrático, como é evidente…

Expressar os meus sentimentos e opiniões é um direito que me assiste, mas não o faço por desporto, porque as questões da democracia não se esgotam na “liberdade de expressão”. Falamos de problemas que afectam, e muito, toda a sociedade bem como das respectivas soluções. Se a classe dirigente não resolve os problemas da sociedade e até, ao contrário, os agrava, assiste-nos o DIREITO de ser ouvidos e tidos em conta…

A iniciar o ano de 2006, o balanço feito (2005, O Balanço Do Nosso Desencanto!) foi péssimo.

Deixem-me que vos diga, sem querer ser derrotista, que este é ainda pior. Só para dar ideia da persistência que é necessária, nesta luta, e também do arrivismo e despudor da escumalha que temos de enfrentar…

Dois anos passaram. Quantos mais serão necessários? O Futuro o dirá!

As nossas maiores preocupações (com os piores problemas da nossa sociedade e do Mundo) provêm de:

- Globalização da perfídia, da guerra, da fome e da destruição, em que se utilizou a conspiração de 11 de Setembro de 2001 para “justificar” as guerras e destruição do Iraque e do Afeganistão;

- A “nossa” crise económica e os eternos problemas do défice, usado para “justificar” toda a espécie de desmandos e roubos do governo e da “classe dirigente”

- A “nossa” crise social, com o desemprego (cujos números são aldrabados pelo governo) e as condições de vida a agravarem-se continuamente

- A “nossa” crise da Justiça onde os crimes e abusos não têm limites e gozam de total impunidade

- A “nossa” crise política, de confiança e de valores, que conduziu ao total descrédito dos titulares de cargos políticos que, todavia, persistem nos seus abusos e desmandos com total arrivismo.

- Em suma: todos os sectores sociais e de actividades estão em crise…

Vivemos em constantes escândalos. Mas os escândalos vêm e vão, tudo fica na mesma e, consequentemente, tudo piora.

O ano de 2006 iniciou-se com “A conspiração de 11 de Setembro de 2001” e suas desastrosas consequências, como a invasão do Iraque, de vento em popa, muito por mérito do muro de silêncio que a Comunicação Social ergueu à volta das denúncias, das vozes discordantes e avisadas.
O Ano de 2006 terminou com um aumento das vozes discordantes, devido a alguns “furos” no Muro de silêncio, como este, ou este; Terminou com Bush a perder as eleições, na América, perdendo o controle do Congresso e do Senado para os Democratas…

Mas, no essencial, nada melhorou:
Tivemos, a terminar o ano, o assassinato de Saddam, o agravamento da violência no Iraque…
E tivemos, já a iniciar este ano, ataques de tropas norte americanas em Bagdad, com elevado número de mortos, como vem acontecendo, diariamente, há já muitos meses; bem como um ataque de tropas americanas a uma aldeia na Somália, também com um elevado número de mortes, com o pretexto de “atacar” a Al-Qaeda; isto é: com o pretexto de “atacar” os provocadores formados, financiados e controlados pela CIA

Isto enquanto Bush continua a representar o seu deplorável e vil papel de demagogo, fingindo “ouvir” as críticas, mas intensificando os crimes e preparando outros piores, como é o caso da intervenção “Humanitária” no Sudão, devido ao genocídio no Darfur. Este ataque na Somália só pode ser um teste… à comunidade internacional para ver até onde é possível ir, no arrivismo, sem contestação.

Não nos podemos deixar adormecer pelas aparentes alterações de discurso dos facínoras, nem dar tréguas aos seus lacaios, mesmo quando estes são obrigados, pela força das circunstâncias, a mudar de discurso…
Se desistimos ou abrandamos, tudo piora em pouco tempo… como piorou, objectivamente, em 2006.
Este é um assunto que não podemos “deixar nas mãos dos outros"!

No plano interno, o ano iniciou-se com:
- O escândalo Iberdrola/Pina Moura (promiscuidades perigosas, compadrio, tráfico de influências, corrupção),
- O Apito Dourado (Idem, idem, idem),
- A Caso Casa Pia e o “Envelope 9”…
- A “Crise da Justiça”, seus arbítrios… e a questão da demissão do anterior PGR, a quem os partidos todos se apressaram a prestar socorro e solidariedade, em mais uma daquelas promiscuidades escandalosas, de deitar as mãos à cabeça, que evidenciam bem os reais motivos da situação de descalabro em que vivemos e as responsabilidades de TODOS os partidos nela.

O ano decorreu e acabou sem que algum destes problemas tivesse sido resolvido ou encarado adequadamente.

Na justiça, sector cujo bom funcionamento é de primordial importância para que a sociedade possa melhorar, tudo continua na mesma (a piorar todos os dias, como é inevitável em face da não resolução dos problemas e escândalos)…

Os escândalos (os escandalozinhos, mais exactamente) foram-se sucedendo, num evidente “show off” para enganar tolos. Mas os efeitos práticos são nulos (quando não são desastrosos, com as perseguições e os abusos sobre cidadãos idóneos e a protecção, descarada, de altos criminosos).

Ainda assim, e apesar destes “shows”, os piores escândalos foram protagonizados pelos próprios agentes da justiça… seguidos dos deputados.
Vejam-se, por exemplo, este caso e este

Para acabar o ano, em grande, tivemos Carolina Salgado a publicar “Eu Carolina”, dizendo coisas que já toda a gente sabia, mas que todos queriam ignorar e “abafar”… e lá se reacendeu o famigerado “Apito Dourado”, não sem antes se desencadear uma perseguição judiciária à autora do livro, à boa maneira da “Justiça” portuguesa, com 6 processos (seis), à semelhança do caso que se refere em “You have the right to remain silent!”

O Procurador, PGR, seguindo as pisadas do seu antecessor, “ficou pasmado” com as perseguições aos magistrados e nomeou Maria José Morgado, a meu ver para “lavar as mãos”.
Será que esta magistrada vai conseguir se libertar dos seus fantasmas (e dos vícios de raciocínio próprios da profissão) a tempo de apurar alguma coisa de concreto? Ou é só mais uma manobra demagógica para “justificar” e “dar credibilidade” ao desfecho, quando tudo ficar na mesma, mantendo-se as impunidades escandalosas?
Eu aposto na segunda hipótese, porque não se faz o que é essencial fazer-se.

E, já agora que “estamos com a mão na massa”, porque é que o livro de Carolina Salgado merece investigação e o livro de Carlos Cruz, designado “Preso nº 374”, Oficina do Livro, não teve igual tratamento, apesar de conter relatos tão escabrosos como os que são transcritos aqui?
E o relatório do GOVD? Idem.

Já sei! Os gangsters que actuam de dentro da Justiça são INTOCÁVEIS.

Não, meus senhores! Assim não se vai lá!
Nenhum cidadão pode ter confiança numa “justiça” minada de criminosos que continuam impunes e omnipotentes mesmo depois de denunciados publicamente.

Isto para já não falar no desenrolar do Julgamento daquela aberração de processo “o Processo Casa Pia”, onde os criminosos confesso, travestidos em “testemunhas” pagas para mentir, são tratados com toda a deferência, inclusive pela comunicação social, enquanto que as outras testemunhas, aquelas que se esforçam por esclarecer a verdade, são achincalhadas e ameaçadas pelo Procurador João Aibéo, fazendo jus ao seu tenebroso currículo.

Quanto à sociedade, ao governo e à economia, nem vale a Pena falar…
Como em tudo o resto, também os valores do défice continuam a “levantar muita polémica, estéril, onde se ignora o essencial: as suas causas
Tudo piorou durante o ano de 2006, como era inevitável.

E, já agora, quanto à divulgação e implementação da “nossa” proposta de alteração deste sistema eleitoral vigarista, com a VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO, também não vimos, durante o ano que passou, algum avanço significativo...

Mas não deixamos de acreditar que, com a atitude correcta de todos nós, o ano de 2007 venha a ser muuuito melhor.

Algum dia "isto" vai ter de melhorar, uma vez que parece impossível a hipótese de piorar...