2006/09/22

Nomeado Novo PGR.

O Juiz Conselheiro Fernando José Matos Pinto Monteiro foi nomeado para suceder a Souto de Moura, na Procuradoria Geral da República; isto é: Foi nomeado novo PGR.
Não sei quem é Fernando Pinto Monteiro… mas não gostei!

Já estão alguns a dizer: mania de falar de coisas que não sabe!
Calma! Vocês conhecem-me! Sabem que se não existissem vários motivos para “não gostar” eu não estaria a perder tempo com o assunto.

A primeira coisa que me deixou com as orelhas arrebitadas foi o consenso dos partidos e notáveis à volta da nomeação.
Há muito que aprendi a desconfiar destes consensos por motivos óbvios.

É que, em relação ao actual PGR, sobre cujo a “nossa” opinião é conhecida, também existe consenso entre as forças políticas, apesar do alarme social que a sua actuação ter motivado e do clamor das vozes avisadas quanto a esta questão e suas inevitáveis desastrosas consequências.

Mesmo assim, aquando do último acto de arrivismo e despudor: a forma como foi “conduzido” o inquérito do "caso do envelope 9”, as buscas e apreensões, ABUSIVAS e escandalosas, dos computadores dos jornalistas, etc. TODOS os partidos com assento parlamentar, INCLUINDO PCP e BE, se pronunciaram contra a demissão do PGR, evidenciando, mais uma vez, que são gente sem pudor e sem vergonha, sem dignidade nem sentido de cidadania… ou então que TODOS “têm o rabo preso” e “favores” em dívida.
Vem agora o BE tentar limpar a cara, tarde e a más horas, talvez tendo garantido antecipadamente o compromisso de PS de que inviabilizaria “a coisa”…
Portanto, consensos desta gente, nestas coisas, deixam-me logo com arrepios…

Depois foi o facto, esse sim alarmante, de o actual PGR (o tal que, eu acho, devia estar na cadeia) considerar o novo nomeado “uma boa escolha”.
Maaau! Assim não! E vão duas…

Depois, para agravar o meu mal-estar, veio o canal 2 escolher a frase que se segue, para caracterizar o novo PGR:
“A justiça funciona mal mas empolaram de tal forma o funcionamento mau da justiça, com o apoio de toda a gente, que não sei como é que vão descalçar esta bota …”
(extraído duma entrevista de Pinto Monteiro a um jornal da Capital, no início de Agosto p.p.. Não digo qual é o jornal, vocês sabem porquê.)

Então o Sr. Dr. Juiz Conselheiro “não sabe como vão descalçar a bota” e eles vão a correr enfiar-lha?
Sr. Dr. Juiz! Tenha cuidado com essa gente! Todos eles, e cada um, têm a esperança de “controlar e manipular” as suas acções e decisões, no seu (deles) próprio benefício. Se não, não lhe calçariam esta bota… Todos lhe “vão ensinar a descalçar a bota” e se a coisa "der para o torto", VExa será o bode expiatório…

Há, com certeza, quem saiba como “descalçar a bota…” (eu até acho que não é difícil). Até acredito que haja, inclusive, entre os magistrados. Porquê, então, nomear uma pessoa que afirma abertamente que “não sabe como vão descalçar a bota”?

Mais uma razão para eu defender que o cargo deve passar a ser de eleição directa e universal (em conjunto com as presidenciais). Para acabar com estas nomeações onde os critérios de escolha são os opostos do que deveriam ser.

E agora mais esta:
“As notícias a que se refere o comunicado avançam que nas negociações sobre o pacto da Justiça, o PS e o PSD consensualizaram que o futuro PGR deverá ser um magistrado e que o nome que mais encaixava no perfil era o do juíz-conselheiro Henriques Gaspar, vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Foi igualmente noticiado que o juíz-conselheiro do STJ Fernando Pinto Monteiro também foi referido para o cargo, mas a sua alegada filiação na Maçonaria teria comprometido a sua indigitação”.

Oh Porra! Maçon é que não!
Essa gente tem este país sequestrado há muito tempo, ocupam os mais altos cargos do poder e não só, há décadas, compartilhando-os, por conluio, com outras máfias, têm responsabilidades enormes no descalabro de situação em que vivemos… Se quisessem fazer alguma coisa de positivo pelo país e pela sociedade já o teriam feito há muito…
Gente dessa deveria ser inibida de ocupar cargos desta natureza, de cujos se servem para se beneficiarem, excluindo todo o resto da sociedade, como a actual situação desastrosa comprova.

De facto, assim, vai ser muito difícil “descalçar a bota”. Vai ser mesmo impossível porque se continua a “meter a pata na poça”... e a bota encolhe cada vez mais.