2006/09/26

Para Meditar (II)

Deixei, neste artigo de "Abafos & Desabafos" o seguinte comentário que me pareceu merecer publicação.
Estou a repetir coisas que já disse, eu sei... Mas as ideias "cimentadas" pela manipulação são isso mesmo: como cimento... Por isso só nos rest acreditar que "água mole em pedra dura..." e insistir, persistir.

Magnolia!
Não há nada de anormal, nem de errado, nessa frase ou na assumpção dessa atitude: "a política é para os políticos".

Quando eu quero "compreender os outros", as coisas, a forma como a sociedade funciona (até para saber como "resolver" os nossos magnos problemas), costumo "me colocar na pele das outras pessoas".
Por isso, e também por motivos que tentarei explicar melhor, eu diria que o seu artigo enferma do mesmo mal que critica, em abstracto; isto é: responsabiliza quem não deve, quem não tem culpa nenhuma, e "deixa impunes" os verdadeiros culpados.

Não se esqueça de que vivemos em sociedade. Viver em sociedade pressupõe a existência duma estrutura organizada QUE DEVE FUNCIONAR. Mas esta não funciona!
Já voltaremos a este assunto. Antes deixe-me terminar o raciocínio acima.

Dizia eu que "costumo me colocar na pele dos outros". Como?
Por exemplo tentando perceber por quê eu não consigo ter opinião sobre determinados assuntos, nem "acompanhar" "a indignação das pessoas que os conhecem e se pronunciam sobre eles".

O principal "apoio" dos que destroem a sociedade é a falta de visão de todos e de cada um dos "esclarecidos", que acham que todos os outros devem, SEMPRE, concordar com eles e "agir em conformidade" (mesmo sem se saber, muitas vezes, como é essa acção ou quais os resultados, como se estivéssemos, todos, à espera dum milagre ou duma "entidade fantástica" materializada "nos outros", num qualquer desígnio, que venha resolver os nossos problemas). Mas até "os desígnios" necessitam de pessoas e de "ajuda" para se materializarem...
O maior "erro" destas pessoas (dos esclarecidos) é acharem que os outros têm "obrigação de concordar com eles", mas eles não têm a mesma "obrigação" para com os outros...

O que estou a tentar fazer é "convidar-vos" a dar o passo em frente...

Eu, por exemplo, defendo como condição de elementar democraticidade do sistema político, a institucionalização da VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO. Isso eu sei como se faz, como consegui-lo e as potencialidades que tem para permitir resolver os nossos problemas mais prementes, até porque tornaria imprescindível "pôr as coisas no seu lugar"... sem necessidade de violências e de lutas que, até hoje, só têm servido para chacinar uns quantos e não contribuem para resolver os problemas...

Há um silêncio de morte acerca disto (da Valoração da Abstenção).
Mesmo os que dizem concordar não acrescentam uma vírgula a essa luta. E, no entanto, eu acho que esta questão é, para os nossos dias, o equivalente à abolição da escravatura. É uma fatalidade, vai ter de acontecer um dia... e, também como a abolição da escravatura, não é um problema EXCLUSIVO dos abstencionistas, bem pelo contrário. Mas ainda não vos vi fazer algo nessa "matéria".... Mas também "as fatalidades" precisam de ajuda, para não se tornarem difíceis, para não terem "custos" exagerados e injustificados.

Ah pois é! É tudo uma questão de relatividade. Os outros, quaisquer outros, têm o mesmo direito de terem opiniões diversas das vossas em relação aos assuntos que vos são mais caros...

Não me interpretem mal! Eu não me estou a lamentar. Na verdade até me sinto "muito confortável" em relação a esta questão, porque sei que tenho razão e a História me confirmará. Mas podia barafustar, em relação aos "outros" que não me compreendem (uma coisa tão óbvia e evidente) como se faz no texto em apreço. Ou não podia?

Então como é que saimos daqui?

Eu disse, acima, que o texto comete o "mesmo pecado" que critica: "responsabiliza" quem não deve e deixa impunes os responsáveis. Também disse que a sociedade pressupõe uma estrutura organizada... Onde cada um tem a sua missão, as suas competências e apetências, os seus talentos e virtudes, etc. etc. etc. É que nem todos podemos ser músicos virtuosos (ou exercer qualquer outra arte de forma exímia) tem de haver de tudo.

Numa sociedade organizada não é possível nem tolerável que todos tenhamos que fazer tudo; e muito menos é tolerável que todos tenhamos que vigiar e ter opinião e corrigir e denunciar e saber como se faz política para que a política funcione e os políticos CUMPRAM A SUA OBRIGAÇÃO.
Não é assim, não tem de ser assim, não pode ser assim... ou o resto das funções da sociedade não funcionarão porque as pessoas perdem o seu tempo a estudar e a se informarem sobre estas questões e seus meandros... Fiz-me entender?
Portanto (e por isso eu defendo a valoração da abstenção) tem de haver mecanismos de responsabilização dos políticos, intransigência para com as promessas eleitorais e respectivas mentiras. O que os cidadãos têm de aprender a fazer é a ser mais exigentes e intransigentes. Não aceitar desculpas esfarrapadas, punir quem falha, quer seja premeditadamente ou inadvertidamente.

Mas isso já acontece, em certa medida. Reflecte-se na elevada percentagem de abstenção, maneira de as pessoas dizerem, claramente, que os políticos são todos escumalha, que não fazem o que devem, que as pessoas estão contra esta bandalheira e esta situação escabrosa do país e do Mundo.

Ainda há uma outra questão que tem de ser tida em conta. Via de regra, as pessoas mais íntegras, idóneas, esclarecidas e honestas são destruídas pela escumalha se e quando são "detectadas". Devia ser ao contrário para que a sociedade funcione.

Mas não há qualquer problema, porque este tipo de patifarias, cometido por todos os políticos no activo, tem sempre prémio: a eleição dos patifes está garantida e a respectiva impunidade também, basta ignorarem os que discordam... os abstencionistas.

Também é facto (e eu sei do que estou a falar) que essas pessoas de maior valor, se costumam alhear desses antros de ignomínia e se "encasularem na sua vantagem", porque sabem que a sociedade, o Mundo e a humanidade perdem muito mais do que eles próprios, com a repetição e proliferação dessas infâmias e suas desastrosas consequências... O maior problema é "dos outros", os outros que resolvam...

Por isso eu digo e redigo e repito que É UMA LEI DA VIDA, verificável em todos os tempos e lugares, a existência das pessoas certas para os lugares certos e que todos os problemas da humanidade têm solução.

Só fazendo passar estas ideias se pode conseguir que os cidadãos sejam tão exigentes para com os políticos como devem, os punam pela destruição que causam, corram com eles, para que seja possível, e inevitável, colocar as pessoas certas nos lugares certos...

Afinal, não apenas pelo conteúdo deste post mas também pelo do post seguinte, conclui-se que até os "esclarecidos" são presas fáceis da demagogia e da manipulação...
Tanto que só vêem conhecimento e saber entre as escória dos "notáveis", apresentados e promovidos, indevidamente, pelos OCS, quando afinal o verdadeiro saber não está aí. "Passeia", anónimo e "indetectável", por entre nós!
O mais provável é que esteja a ser destruído e silenciado por esses patifes (os políticos), para não "prejudicar" os seus interesses e das respectivas máfias.

Desculpem qualquer coisinha...