2006/09/29

O Caso Mateus.

Eu não sei nada sobre o “Caso Mateus”… e com esta é a segunda vez, em poucos postes, que escrevo sobre coisas de que nada sei. Fica aqui o registo para gáudio dos que me atacam cegamente.

O que sei sobre o caso Mateus resume-se a:
O Clube Gil Vicente recorreu aos tribunais comuns porque a liga recusou a inscrição do jogador Mateus.
Como os estatutos da liga proíbem o recurso aos tribunais comuns, o Belenenses exigiu que o Gil Vicente descesse de divisão, para ocupar o seu lugar… Mas afinal parece que o lugar do Gil Vicente na primeira liga devia ser atribuído a outro clube (não sei qual, Leixões?).

Seguiu-se um “braço de ferro” entre a liga e o Gil Vicente que não aceita a despromoção… e assim se instalou mais um escândalo a servir de pretexto para encher as notícias e para muitas outras coisas, inclusive para a FIFA ameaçar excluir as equipas portuguesas e a Selecção das competições internacionais.
Devido à lentidão da justiça (que, neste caso, até foi muito lesta), só neste fim-de-semana o Clube Gil Vicente vai iniciar os jogos da época… mas sem se resignar.

Isto tudo que fica dito é impossível ignorar, tal é a dose de “massacre” a que estamos sujeitos, por parte dos OCS (Comunicação Social), acerca deste tema.

Quando eu digo que “não sei nada” refiro-me aos “motivos” da Liga para recusar a inscrição do jogador e aos “argumentos” do Clube Gil Vicente para não se conformar com a decisão, coisas essenciais para se perceber “a questão”

A existência de escândalos no Futebol nacional (e internacional) já é coisa corriqueira e não justifica este precioso tempo perdido aqui…

Então porque é que estou a falar deste caso, de cujo desconheço as peças essenciais, aquelas que podem permitir avaliar da razão que assiste a alguma das partes?

Este artigo chama-se “caso Mateus”, como poderia chamar-se “Caso Casa Pia”… ou outro “caso” qualquer dos muitos que ensombram e subvertem a civilização, com graves consequências para a vida em sociedade e com graves responsabilidades na crise da sociedade, incluindo (se não principalmente) a “crise de valores”.

O “caso Mateus” é um bom exemplo duma série de coisas, MENSAGENS, que tenho tentado explicar para melhor se perceber como é que a sociedade chegou a esta situação desastrosa e, consequentemente, o que é necessário fazer para se sair daqui…

Na área do Futebol, para além do “caso Mateus”, temos também o “Apito Dourado”, que nunca mais apita, um clima de suspeição (com que, aliás, os protagonistas se sentem muito confortáveis) e um clima de terror e ameaças constantes entre os dirigentes de alguns dos grandes clubes, que não têm vergonha nem pudor de se exibirem publicamente, instigando rivalidades e criando condições para as provocações dos marginais e dos neo-nazis; isto é: para a violência no Futebol.

Não vou perder tempo a identificar estes “protagonistas”, porque todos os conhecem, mas vou aproveitar para relatar uma história que apanhei no ar, me chegou aos ouvidos inadvertidamente, e que evidencia bem o vil carácter desta gente.

Quando passei a prestar atenção à conversa que me chegava aos ouvidos já não percebi a que propósito ela se iniciara. Contava-se a história duma reunião entre Pinto da Costa, Presidente do F.C. Porto e o Presidente do União de Leiria, onde estes “espécimes” terão “planeado” com os mais ínfimos pormenores, decisões e consequências, a melhor maneira de “lixarem a vida” dum futebolista profissional, de o liquidarem de vez, lhe “fazerem a folha”; a ponto de fazer dó a algum (alguns?) dos presentes.

Ao que me pareceu perceber, mas não vou garantir, tratava-se do jogador Maciel, que joga actualmente no Braga, SALVO ERRO. É que estou a reconstruir o que percebi da conversa, de memória, e não posso garantir a exactidão deste tipo de pormenores.
Mas isso também não interessa nada. Se era acerca do Maciel ou não, os envolvidos sabem-no bem e o jogador, certamente, também. É quanto basta! Até porque este é apenas um dos muitos e variadíssimos casos semelhantes, em que estes “espécimes” actuam como verdadeiros gangsters, terroristas e “liquidam” qualquer um, no futebol ou em qualquer outro sector da sociedade…
E depois têm o descaramento de aparecerem nos OCS a chamar “talibans” aos outros, o que, aliás, é uma outra forma de exibirem o seu vil carácter.

A propósito de casos escabrosos e de histórias mal contadas e absurdas: alguém me consegue explicar porque é que um dos jogadores que fez parte da selecção maravilha de sub 20, da “geração de ouro” que ganhou o campeonato do Mundo de 1991, juntamente com Luís Figo, Rui Costa e outras estrelas, que até foi eleito o melhor jogador desse campeonato, foi jogar para o Alverca, enquanto os seus companheiros de glória se transformavam em grandes estrelas e partiam à conquista dos prémios da FIFA de “melhores jogadores”?
Falo de Emílio Peixe, obviamente! Porque foi um caso que sempre me fez muita confusão e me cheirou a “vítima de banditismo”… semelhante a, ou pior do que, a história que contei acima.
Lembro-me de notícias de atritos entre Emílio Peixe e “empresários do futebol” e nunca perdoei a essa escumalha de mafiosos, de gangsters, usarem e abusarem, demagogicamente, dos “heróis da selecção”, para depois espezinharem, de forma infame, qualquer pessoa, até mesmo esses “heróis”, se eles não se subjugarem aos seus ditames de bandidos.

Quanto à história mais recente, que relato acima, percebi da conversa que tudo isto é “segredo”, até porque terão assistido, à tal reunião, profissionais com obrigação de “segredo profissional”: advogado (e estagiário?) e não se queria, de algum modo, correr o risco de comprometer essas pessoas…
Pois! O problema é que eles estarão sujeitos aos segredos que quiserem; uns segredos profissionais outros devidos a “confidências de amigos”, mas eu não (e não tenho culpa de a história me ter vindo parar aos ouvidos sem que ninguém desse por isso)!
Até sinto um certo gozo em furar um tão escabroso segredo (que não é segredo nenhum, toda a gente sabe que estas coisas acontecem) e em trazer aqui, ao conhecimento dos que me lêem, estes episódios escabrosos, para que se perceba bem que tipo de gente é essa e quais as causas dos “casos” e escândalos como o do Mateus.
Com gente desta o que admira é que sejam tão poucos os “casos”, porque as consequências, essas são bem destrutivas, como se pode perceber pela situação absurda do País e da sociedade.

Como todos “Os casos”, o caso Mateus só pode resultar de decisões absurdas, de práticas absurdas, de prepotências absurdas e, quiçá, de regras e “leis” absurdas, porque é assim (e só assim) que se produzem “casos” destes.
Dada a proliferação de casos desta natureza no futebol, apetece desejar que se acabe com esse antro de perfídia que é o futebol profissional de alta competição. Se os maiores clubes começassem a falir, seguindo o exemplo do Fiorentina, eu até que aplaudia.
Se o futebol é um desporto de multidões, então que se transforme, de facto, num desporto praticado por multidões, ao invés de ser, como agora, um desporto de alienação de multidões e de promoção de perfídias, casos, infâmias, conflitos e violência.

E, no entanto, o “caso Mateus” é uma insignificância quando comparado com o “Caso Casa Pia”; com o “Caso Franklim (ou Franclim) Lobo”; com o caso da condenação absurda e infame dos familiares da pequena Joana; com o caso “da corrupção na GNR”; com o caso (ou o não caso) da Alta Autoridade Contra a Corrupção; com o caso do parasitismo dos Deputados, suas viagens, suas faltas; com o caso…; com o caso…; com o caso… Um nunca mais acabar.

O sistema judicial é o maior protagonista dos piores casos. Seguem-se-lhe os políticos e o futebol. Mas o sistema judicial continua a encenar diligências e a produzir casos para entretém dos jornalistas, como este agora da corrupção na Marinha, mas sempre com o mesmo “final feliz”: tudo permanece na mesma e a impunidade dos prevaricadores é garantida.

De todos estes “casos” sobressai, pela sua extrema perfídia e desastrosas consequências, o “Caso Casa Pia”. Devem existir umas centenas de processos resultantes do facto de aquele caso, “o Processo Casa Pia”, ser um amontoado de absurdos, de crimes praticados pelos próprios agentes da justiça, de infâmias… enfim, uma autêntica conspiração com todos os ingredientes, destinada a testar a eficiência do sistema judicial português, em matéria de consumação de perfídias contra natura, e destinada também a desestruturar a sociedade, a desorientar e desesperar os cidadãos, intensificando a destruição de valores fundamentais e aumentando a insegurança e desconfiança de todos.
Isto tem desastrosas consequências inclusive ao nível da economia (da disponibilidade das pessoas para se empenharem). Mas tudo isto é inevitável enquanto for possível a existência de casos em que se amontoam tantas perfídias praticadas pelos agentes da justiça, enquanto for possível eternizar e multiplicar essas perfídias, como o demonstram enorme quantidade de processos resultantes deste caso (todos os dias ouvimos falar dum novo processo crime relacionado com este caso ), como o ilustra, muito bem, o “caso do Envelope 9”, a forma infame como tem sido conduzido perpetuando as perfídias, os arbítrios e as prepotências infames do próprio “processo Casa Pia”.

Mas a culpa principal é dos políticos e dois Deputados. Eles é que foram eleitos para garantir a democracia e nem consciência de cidadania têm para se indignarem, devidamente, com estas situações escabrosas. Fingem, mas realmente não se indignam porque são indignos.

Eu disse já, por diversas vezes, que se os agentes da justiça fizessem, bem feito, mesmo que apenas metade do que fazem, mais de sessenta por cento dos processos existentes em Tribunal não existiriam e a sociedade não viveria em permanente e crescente crise como vive. Analisem, com objectividade e bom senso, os casos concretos que conhecem e verão que tenho razão.

Enquanto o poder e o controlo das instituições estiver nas mãos de gente sem pudor e sem dignidade mas com impunidade garantida, faça o que fizer, continuarão a acontecer “casos” e a crise de valores a se intensificar. Estes casos resultam, única e exclusivamente, de decisões infames, de práticas infames e, em alguns casos, de leis e regras infames e criminosas… à semelhança do que acontece com a acumulação de processos nos tribunais.

Como se pode verificar pelas consequências do “Processo Casa Pia”, quanto maior a infâmia piores as consequências e mais se entopem os tribunais com processos resultantes de outros processos e suas patifarias… e mais se agrava a crise da justiça e da sociedade. Volto a sublinhar que o “Processo Casa Pia” deu origem a uma infinidade doutros processos, porque também isso é inevitável nestas circunstâncias. Aliás seria interessante que alguém se desse ao trabalho de fazer essa contabilidade. Particularmente conheço uma meia dúzia de processos, sendo que, ao que julgo saber, os textos deste blogue estão transcritos em alguns desses processos.

Concluindo: atrás de cada “caso” está uma, ou mais patifarias infames cometidas de dentro das instituições. Quanto maiores e mais numerosas forem as patifarias e os abusos, tanto piores serão as consequências e o acumular de “casos”.

É por isso e para acabar com isto, impondo rigor e responsabilização, que eu defendo a VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO.

É caso para dizer: compactuar e conviver pacificamente com tanta patifaria, NÃO EM NOSSO NOME. Muito menos se ilegitimamente usado.