2006/10/20

PERSISTIR!

Neste Post de "Filhos de Um Deus Menor", à conversa com Paulo Sempre, deixei o comentário transcrito abaixo.

Estas questões continuam candentes e "prejudicadas" pela demogogia e pelas falácias (pela intoxicação) da propaganda oficial.

Por isso, e também porque reflecte alguns dos motivos por que defende A VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO, assunto que continua obscuro e incompreendido, na imaginação de muita gente, decidi dar relevo ao comentário e passá-lo para aqui:

"Paulo!
Em relação ao seu comentário...
Estou em total desacordo consigo em duas coisas.
No entanto há uma afirmação sua que é pertinente, oportuna e "sensata".

Comecemos por esta:
Diz o meu amigo que "nem todos os problemas políticos, económicos, etc.. têm solução sem que, pelo menos a irradicação de alguns, obrigue a criar outros..."

Meu caro! Mas isso é óbvio e, diria eu do alto do meu optimismo crónico, até é salutar. Sempre foi assim e sempre assim há-de ser... porque é assim que a humanidade evolui e se aperfeiçoa.
Ai de quem pensar que pode ou deve resolver todos os problemas, definitivamente, para sempre (ou ai de nós nas mãos de gente assim). Muito provavelmente concluirá pelo extermínio da humanidade...

A cada geração compete resolver os seus problemas (os problemas actuais) o melhor possível; de preferência sem ter a pretensão de "criar" uma realidade imutável, porque isso não existe. Se você pensar bem perceberá que esse foi o grande erro das sociedades que se formaram reivindicando-se do socialismo, etc. (...) Mas também é por isso que se devem respeitar, intransigentemente, os direitos (os tais que você considera utopia) não confundir com garantia de impunidade a criminosos...

Certamente reparou que eu desprezei, da sua frase, o "ainda maiores", porque isso é inteiramente falso; resulta, apenas e só, da sua apreciação subjectiva da questão. Este problema é da sua percepção, não da realidade.

Não há "problemas maiores" do que os que a humanidade e as sociedades nacionais vivem, actualmente, porque estes estão a arrastar-nos para o abismo, para a destruição... talvez até para a extinção da espécie.
Além disso, se você fizer um esforço para perceber que TODOS os problemas têm solução (esta verdade é ensinada nas universidades americanas para incentivar o inconformismo e a "iniciativa"), facilmente perceberá que isso se aplica aos actuais e aos futuros.
O seu "ainda maiores" resulta da manipulação e propaganda de quem detém o controlo da sociedade cujo êxito é garantido pelo natural medo e insegurança, em relaçao ao desconhecido...

O meu amigo também diz:
"Infelizmente, hoje, as pessoas não sabem, inequivocamente, o que querem e/ou o que é melhor para si. Infelizmente votam nos seus governantes sob coação ou arrastados pelo deslumbramento da "banha-da-cobra".

É isso mesmo; mas isso também é assim mesmo. É a velha questão dos líderes e das lideranças (é por isso que eu defendo a valoração da abstenção).
É por isso, em suma, que eu assaco responsabilidades a essa gente e acho que a sociedadse tem de encontrar formas de lhes colocar rédea curta (Valoração da abstenção).
Ou o meu amigo acha que "eles" procedem assim com a melhor das intenções? Mesmo que fosse, isso não me tiraria razão, porque "eles" têm de ser avaliados pelos resultados.
É para evitarem isso que espalham ideias como as suas (desculpe, não quero melindrar, apenas explicar o meu ponto de vista).

Finalmente:
"Infelizmente certos homens "certos" preferem uma "cabana junto à praia", não porque são egoistas ou " filhos de um deus menor"; fazem-no, isso sim, porque não querem embarcar no "comboio" das vaidades nem na cávea dos políticos".

Pois! Assim do estilo do que eu costumo dizer: É necessário desentulhar o lixo para se poder arrumar a casa. A valoração da abstenção deve permitir DESENTULHAR O LIXO": acabar com "os comboios das vaidades e com as cáveas dos políticos". Depois já será fácil colocar "as pessoas certas nos lugares certos", "exigir" aos "homens certos" que cumpram a sua obrigação.

Mas o meu amigo esqueceu-se, aqui, duma questão que tenho abordado com frequência e de cuja tenho alguma experiência:
Para garantirem o monopólio dos cargos de responsabilidade, donde asseguram, em exclusivo, os interesses dos respectivos grupos, a escumalha que nos governa, arreda do caminho, esmaga, destrói e persegue, toda e qualquer pessoa que sobressaia pela positiva...

Assim ao jeito do que diz Cavaco, desajeitadamente e cinicamente, quando fala de a má moeda "expulsar" a boa moeda.
É literalmente verdade!

Mas não cabe à "boa moeda" resolver o problema, que é da sociedade, a sociedade é que tem de o fazer, criando condições que impeçam que estas patifarias sejam SEMPRE premiadas, como acontece agora.

Depois é só "deixar rolar" que acabaremos por chegar lá...

Agora para viver "um "sindrome de Estocolmo" colectivo", não conte comigo!
Afinal, se nós desistirmos quem vai, e como, lutar para que seja possível pôr as coisas no seu lugar?

Desculpe qualquer coisinha e releve a "impertinência", por favor.