2006/11/07

Julgamento do Processo Casa Pia

O silêncio da Comunicação Social (ou diferenciação de relevo) relativamente a todas as notícias que nos aproximem da verdade, justifica que faça, aqui, mais esta transcrição do Reporterx.
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Notícia da Agência Lusa
Lisboa, 06 Nov (Lusa) - Jorge Van Krieken, um dos jornalistas que revelou o caso do "Envelope 9", acusou hoje em Tribunal os procuradores do Ministério Público que investigaram o processo Casa Pia de ocultação de provas, prevaricação e denegação de Justiça. Falando como testemunha na 243ª sessão do julgamento do processo Casa Pia, Van Krieken considerou que houve manipulação da prova, apontando, a título de exemplo, centenas de chamadas entre as alegadas vítimas e o principal arguido Carlos Silvino da Silva ("Bibi") efectuadas em 2002, que, segundo disse, não foram devidamente cruzadas e analisadas pelos investigadores.
Com base em dados do próprio processo, o jornalista e colaborador do jornal "24 Horas" entregou à juíza presidente, Ana Peres, uma "análise" feita por si às referidas chamadas, mas a decisão da junção do documento ao processo foi contestada processualmente pelo Procurador João Aibéo e pelos advogados José Maria Martins e José António Barreiros , que representam "Bibi" e os jovens da Casa Pia, respectivamente.
A juíza Ana Peres decidiu dar 10 dias para as partes se pronunciarem sobre a junção deste documento, que animou a sessão da tarde no Tribunal de Santa Clara.
Quanto às acusações de Van Krieken relativamente à ocultação de provas, José Maria Martins foi deixando, no meio das suas perguntas, a ideia de que o jornalista "não tem conhecimento directo de nada" acerca do processo, tanto mais que admitiu não conhecer, nem ter contactado qualquer uma das vítimas.
A tensão entre José Maria Martins e a testemunha chegou ao auge quando o advogado insinuou que o jornalista tinha sido pago pelo arguido Carlos Cruz, o que levou Van Krieken a protestar junto da juíza pela forma como o advogado de "Bibi" o estava a tentar "insultar" e "humilhar" em tribunal.
Van Krieken mostrou-se convicto de que a prova foi falseada e alegou ter recebido informações de educadores da Casa Pia sobre o passado de alguns jovens, um dos quais um "mentiroso compulsivo".
Disse ainda ter tido fontes na PJ que o alertaram para a forma como a investigação do processo Casa Pia estava a decorrer, com elementos da PJ e do Ministério Público a fornecerem elementos aos jornalistas no âmbito de uma campanha informativa contra os arguidos.

Após ouvir toda a argumentação da testemunha, o procurador do MP, João Aibéo, chegou a comentar em tribunal que Van Krieken "não disse um só facto" ou apontou um "só suspeito" para concretizar o que acabara de dizer, no sentido de que era tudo um "embuste". (Vejam este artigo e analisem o curriculo de perversidade de João Aibéo, que perceberão melhor as suas "motivações").

À saída do tribunal, Van Krieken reiterou que o processo não só está "inquinado", como levou os responsáveis da investigação a cometer os crimes de ocultação de provas e prevaricação e denegação de Justiça.
"Quando tive acesso ao processo, comecei eu próprio a analisar como a prova tinha sido conseguida e apercebi-me que houve ocultação de prova. Já não se tratava de negligência, mas de uma certa dose de dolo (má fé)", comentou, dizendo que tal "subversão" seria uma forma de "enganar o tribunal" e "culpabilizar gente inocente".
A testemunha chegou mesmo a falar de "organização terrorista", admitindo que é um "termo forte", mas que está no Código Penal.
José António Barreiros, advogado da assistente Casa Pia e que representa os jovens alegadamente abusados, afirmou aos jornalistas que respeita o trabalho dos profissionais da Comunicação Social, mas que as afirmações da testemunha foram "graves".
"A ser verdade, o que foi dito são crimes. Quis dizer que houve uma investigação criminosa, que os criminosos foram o MP, a PJ e todos aqueles que manipularam a verdade", lembrou José António Barreiros, acrescentando esperar que a testemunha apresente "factos concretos" de tais acusações graves.
Nas palavras de Barreiros, se isso não se provar, cabe ao MP assumir as suas "obrigações" (processar o jornalista), porque ninguém "pode ficar à mercê de uma situação de ambiguidade como esta".
O advogado confessou, contudo, que uma das coisas que mais o "chocou" foi o facto de o jornalista ter falado em tribunal de "pseudo-vítimas", o que, a seu ver, demonstra que já tem "um ponto de vista muito determinado em relação a este processo".
Entendeu ainda que tudo não passará de uma "afirmação irresponsável" se nada do que foi dito não ficar provado.
José António Barreiros ironizou que, se no processo tivesse encontrado uma infinitéssima parte daquilo que a testemunha diz que aconteceu, não estaria como advogado da Casa Pia no processo e não emprestaria o seu nome a "uma fraude".
"Não digo que a investigação tenha sido a melhor. Está dito por quem tinha que dizer que foi a investigação possível. Agora o que foi dito hoje é uma coisa radicalmente diferente, ou seja uma investigação orientada para falsificar a verdade", concluiu.
O tribunal, que tinha marcado para hoje a audição da jornalista da TVI Alexandra Borges, agendou o seu depoimento para o próximo dia 22, mas ainda teve tempo para ouvir a também jornalista da TVI Rita Bustorf Sousa Tavares, que acompanhou uma das principais testemunhas a Elvas, em busca da casa onde residia o advogado Hugo Marçal, um dos sete arguidos neste caso de pedofilia.
A jornalista relatou, sobretudo, as dificuldades que a testemunha teve em localizar a residência, porque as casas eram todas muito parecidas, tendo falado também da forma como Marçal rejeitou as acusações do jovem relativas a abusos sexuais.
Durante a manhã, o colectivo de juízes ouviu a testemunha Ana Paula Dias , professora e ex-directora do Colégio de Santa Clara, que alegou nunca ter sabido de casos de abusos sexuais ou de prostituição de alunos da instituição, antes de rebentar o escândalo de pedofilia. O julgamento prossegue quarta-feira, com a continuação da audição de Van Krieken.
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Conclusão minha: José António Barreiros, outro "ignorante" premeditado que só vê o que lhe interessa e pensa que a gente não percebe logo o cinismo do que diz...

Senhor Procurador Geral da República! Será que V.Exa alguma vezz se vai assumir nas questões que realmente importam e decidir uma investigação conveniente a toda esta pouca vergonha? Ou vai, tal como o advogado Barreiros, fingir que nada sabe e "deixar andar".
Este é o respeito pelos cidadãos e pelo País que realmente importa... o resto é demagogia.