2006/02/27

O Desempenho do Presidente Eleito!

Publicado também no Editorial
A nossa vida política económica e social agrava-se continuamente. Soluções? Existem, sem sombra de dúvidas! Mas são precisos “Homens” para as “estruturar e implementar"; é imperioso colocar “as pessoas certas nos lugares certos”.
Os nossos cargos públicos e políticos estão todos “entulhados de lixo” e por isso não é possível resolver os nossos problemas.
Isto é assim porque não existem mecanismos, fiáveis, de responsabilização dos políticos. É para suprir essa lacuna que eu defendo, insistentemente, que seja valorada a abstenção. É que, com a cumplicidade dos OCS (órgãos de comunicação social), os bandidos dos políticos conseguem impedir os cidadãos de discutir livremente e resolver os nossos problemas comuns, mas… também não conseguem mobilizar os cidadãos para votar neles.

Entretanto vão-se sucedendo factos alarmantes, quer a nível interno quer a nível internacional, que evidenciam, bem, estarmos a viver tempos difíceis, assustadoramente perigosos, que só podem piorar… se não fizermos nada para impedir…

Um desses factos (apenas um no meio de muitos), tem que ver com o célebre “envelope 9” do Processo Casa Pia.
O inquérito da Procuradoria, em vez de apurar os abusos cometidos no âmbito desse processo, resultou em buscas pidescas e acusações contra os jornalistas, com um “fundamento” forjado e sem nexo.
Este facto mais recente vem no seguimento (natural) da arrogância e impertinência que resultam da impunidade e protecção que tem sido garantida ao actual PGR e seus inúmeros crimes. Neste momento, segundo dizem, o Presidente já não pode demiti-lo. Resta saber se o faria, mesmo que pudesse. Por isso se justifica que nos alarmemos com as perspectivas abertas pelo mandato de Cavaco, cuja proximidade não inibe estes abusos, estas infâmias, certamente porque a sua protecção e cumplicidade já estão garantidas… com a substituição deste PGR por outro igual ou pior.

A nível internacional a situação é ainda pior, como todos sabem.

Também aí, a nossa esperança reside em termos, nos cargos públicos, representantes capazes de preservarem a nossa dignidade como nação e o respeito pela vontade do povo… Não é o caso de Cavaco.

Vejamos os “sinais” dados pelo próprio, do que vai ser o seu mandato... Para além dum silêncio reveledor de que "quem cala consente"....

Cavaco nomeou dois acessores:
Nunes Liberato e Domingos Fezas Vital

Buscando pelo primeiro nome, encontrei estas pérolas que transcrevo abaixo, neste documento:

Reconhece-se em toda esta implacável sucessão de erros e ilegalidades as marcas do governo de Cavaco: a incompetência, a cobardia, a violência, a fraude, a isenção do poder perante a lei e o Direito

Para dizer a verdade, como convém a beirões como nós, a conclusão a tirar é só uma, que aqui deixamos com um pedido de socorro na luta que travaremos até ao fim: no Portugal dos nossos dias, estradas, pontes e túneis não conhecem limites, nem técnicos, nem ambientais, nem financeiros, nem políticos, nem jurídicos. E isso tem que acabar. E vai acabar.
É necessário, de uma vez por todas, pôr um ponto final na irracionalidade das decisões e forçar quem decide a proceder aos estudos necessários e a ponderar as alternativas possíveis antes de optar de olhos fechados (e com a nossa carteira na mão) por uma decisão que, afinal e fatalmente, se vem a revelar sempre como a mais danosa, a mais demorada, a mais cara, numa palavra: a pior, para os interesses da Região e para o seu verdadeiro desenvolvimento -coisa que desde sempre nos motivou

Quanto a Domingos Teixeira de Abreu Fezas Vital, é descrito assim:
de 47 anos, nasceu em Luanda, Angola, e licenciou-se em Ciências Sociais e Jurídicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com equivalência a licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra. Em Março de 1984 iniciou a carreira diplomática como adido diplomático.Em 1987 foi adjunto do ministro dos Negócios Estrangeiros, João de Deus Pinheiro, no governo de Cavaco Silva. Em 1996 foi assessor diplomático do Governador de Macau, general Vasco Rocha Vieira, que apoiou a candidatura de Cavaco Silva à Presidência. Na qualidade de Adjunto de Rocha Vieira, Fezas Vital chefiou o Grupo Coordenador dos Grupos Fronteiriços Macau-Cantão, foi membro do Grupo de Ligação Luso-Chinês e membro da Comissão para as Infra-estruturas Portugal/ /China

Rocha Vieira, como todos sabem, protagonizou um dos grandes escândalos deste país, com o desvio de fundos públicos para uma fundação que criou, enquanto governador de Macau.
Para conhecer melhor o escândalo recomendo a leitura dum “documento” publicado com o título: “No Reino do Anonimato”. Este livro “analisa a total liberdade de expressão, na NET, e as suas implicações”. O “objecto” do estudo são os comentários feitos aos artigos publicados pelo “Expresso Online”, acerca do escândalo “Rocha Vieira” . São dignos de leitura, estes comentários; são bem reveladores da falta de vergonha desta gente e da indignação que os seus crimes provocam.

No meio das revelações e acusações de que era alvo, Rocha Vieira vestiu a pele de “virgem” ofendida e publicou um artigo, para se defender e atacar quem o atacava. Aquilo a que os “entendidos” chamam de “pseudo-evento”.
Nesse artigo, anunciado com pompa e circunstância, escreveu criticando: “alguns responsáveis, em Portugal e em Macau, que, conhecendo a mesma verdade dos factos, preferiram adaptar-se às conveniências das circunstâncias e suas variações”. E, quanto à polémica Fundação, criada para desviar fundos públicos: “Perdeu sentido, para mim, a existência da Fundação”…

Mas, quando todos esperavam que extinguisse a Fundação, devolvendo-se os “subsídios” ao erário público (de Macau)… “a resposta foi conhecida após alguns dias de intensa expectativa e muita especulação”: Rocha Vieira renunciou ao cargo de Presidente da Fundação, mantendo-se no “conselho de curadores”…
É nesta condições que se justifica a afirmação: “ a Montanha “pariu” um rato”!

Portanto, Fezas Vital teve uma boa escola… É a pessoa indicada para um Presidente cujos actos governativos são tão bem caracterizados acima:
Reconhece-se em toda esta implacável sucessão de erros e ilegalidades as marcas do governo de Cavaco: a incompetência, a cobardia, a violência, a fraude, a isenção do poder perante a lei e o Direito

Não admira que, ao invés de serem mais comedidos e dignos, mais honestos e leais para com a democracia e o Estado de Direito, os prevaricadores, na justiça, com particular destaque para o PGR, procedam com total arrogância e escândalo, exibindo, sem pudor, a sua perfídia…

A pergunta que vos faço é: pode este país suportar mais 5 anos disto? Ou começará a desmoronar-se antes? Ou teremos que correr com este Presidente, a bem da Nação?

Afinal ele apenas recebeu mandato para um ano e meio de exercício do cargo, (sendo valorada a abstenção) 30% do tempo total, porque apenas recebeu 30% dos votos … Este prazo sempre nos deixa alguma esperança de sobrevivermos…