2006/02/06

Um Pesadelo Persistente…

Os sonhos e pesadelos, as mais das vezes, têm que ver com os problemas que nos preocupam, com a vida. Até chego a sonhar com os posts que escrevo, ou vou escrever, aqui; coisa que não acontecia antes de ter um blog... Digo eu. Sei lá! O mundo dos sonhos é tão vago, às vezes....
Hoje decidi contar-vos um pesadelo que me persegue:
Uma catástrofe anunciada põe em risco uma ponte!
Dum dos lados da ponte, do lado mais densamente povoado, foram tomadas as medidas de prevenção necessárias.
Um grupo de profissionais especializados foi destacado para o outro lado da ponte, para tomar as medidas preventivas convenientes e para garantir a preservação e manutenção das infra-estruturas vitais, muito importantes, ali situadas, de cujas depende a sobrevivência de todos.
Embarcado o grupo, o transporte preparava-se para arrancar, com os minutos contados para chegar ao outro lado. Apenas se aguardava a chegada de dois elementos, que já se aproximavam.
Entretanto, os circunstantes afastavam-se, cada um para as suas tarefas e preocupações.

Mas eis que, de repente, sem se saber donde surgiram, aparece uma chusma de políticos, com José Sócrates à frente e Cavaco a seu lado, logo seguidos pelos respectivos séquitos de “adeptos”. Desculpem, queria dizer: de “militantes”. Vinham por causa do “evento”, para "prestar" solidariedade, em busca de “protagonismo”.
Desconhecendo o destino do grupo “estacionaram” ali mesmo, na frente do transporte que se preparava para partir, com os minutos contados para chegar ao outro lado, impedindo-o de arrancar.
Afinal “eles” vinham para ser ouvidos e aquele era o local mais “frequentado”. As ruas estavam desertas, por motivos óbvios.
Ao iniciarem-se os discursos, um dos circunstantes, que ainda não se tinha afastado muito, dirigiu-se à chusma, pedindo que saíssem dali para deixar passar o transporte. Mas antes de se poder explicar, foi agarrado por dois adeptos, quero dizer: militantes, insultado, apelidado de fascista, reaccionário (e brindado com outros mimos). Afastaram-no do local, à força, e deram-lhe duas “cajadadas”, invertendo, assim, as suas prioridades que passaram a ser: chegar, rapidamente, ao Hospital mais próximo.

Na sequência deste incidente, um dos jornalistas ainda indagou, dos políticos, quais as medidas que estavam a ser tomadas perante a eminência da catástrofe anunciada. Respondeu o respectivo Ministro que acabava de ser informado, pelo telefone, que tinham sido tomadas todas as medidas necessárias e adequadas à situação (só que o informador desconhecia que “o transporte” continuava retido, ali, sem poder avançar).

Os discursos prosseguiam, com Sócrates a “explicar” a suprema importância do “choque tecnológico”; da “aposta na educação” e na “formação”, no aumento da produtividade; das medidas adoptadas pelo governo (de cujas, aliás, já ouvimos falar inúmeras vezes, em outras alturas, sem quaisquer resultados práticos). Falou ainda do investimento e da confiança dos investidores, do funcionamento da justiça, da sustentabilidade da segurança social, do combate aos incêndios, da segurança, etc.; tudo exemplos de acções do governo, que irão, a curto prazo, resolver, definitivamente, os nossos maiores problemas. Até Bill Gates (e a sua “generosidade”) vieram à conversa, com o P.M. a repetir, incessantemente, que estamos no “bom caminho”, que a resolução dos nossos problemas já começou, que o optimismo é grande...

Enfim, vocês sabem. Estamos todos fartos de ouvir esta conversa inútil e estéril. Só conversa!
Enquanto isso, Cavaco repetia: Força amigos! Vamos superar mais esta crise facilmente! Sei que Portugal pode vencer!
Os circundantes nem davam por eles, cada um absorto nos seus próprios problemas e preocupações e pensando que tudo decorria como era conveniente e normal… Por isso a chusma insistia, para atrair atenções e ser escutada…

De entre a comitiva dos políticos, aproximaram-se, do transporte, alguns indivíduos que, vendo que este estava pronto para arrancar, decidiram, cada um por si e em surdina, para não dar nas vistas, ir-se apropriando do combustível. “Afinal - pensava cada um deles - estes transportes levam, sempre, combustível a mais. Se retirar um pouco não tem qualquer influência. Mesmo que o transporte pare, sem combustível, a duzentos metros do destino, também não há problema; duzentos metros percorrem-se bem, a pé… e faz bem à saúde”.
O problema seria, neste caso, se "a duzentos metros do destino" se situasse mesmo em cima da ponte, no pior momento...
Acontece que estes indivíduos eram tantos que o transporte ficou sem combustível…

Tudo isto se desenrolava perante os olhares, esbugalhados e atónitos, dos do grupo que devia chegar ao outro lado da ponte, antes dela cair… Rapidamente se instalou uma grande apreensão e, nalguns casos, o pânico. Um ou outro elemento ainda tentaram sair e chamar “a chusma” à razão, para que os deixassem seguir viagem. Mas foram logo cercados por uns gandulos ameaçadores, que os apelidaram de “reaccionários” e “sabotadores”, que não sabem respeitar a "democracia" e a "liberdade de expressão"… Ainda por cima desrespeitavam o Primeiro Ministro e as instituições "democraticamente eleitas"; um Primeiro Ministro que até tem "maioria absoluta"... (com 29,3% dos votos).

Foi quando, em desespero, dois dos elementos do grupo decidiram ir em busca de socorro, junto das pessoas que conheciam e sabiam o seu destino, para afastar do caminho a chusma, porque se não, todos corremos perigo…

Imaginem o que a maioria das pessoas, depois de alertadas, não irão fazer, à chusma, quando perceberem que estes inúteis, para além de nada fazerem, ainda impedem a resolução dos nossos problemas, bloqueiam os caminhos colocando-nos, a todos, em perigo…
Pelo sim pelo não, preparem os vossos cajados…
O combustível é que só poderá, mesmo, ser recuperado à cajadada… Não há outra forma eficiente…