2005/11/22

Para Meditar...

Publicado também em O Eleito
Qual o futuro da “nossa” democracia, quando se sabe que cerca de 70% dos jovens, com menos de 30 anos, não votam (e alguns nem sequer se recensearam)?
Isto segundo sondagens realizadas nas Universidades, entre “gente” instruída.
Aproveito para responder a TMA, a comentários que vêm a propósito deste post e deste outro, porque esta resposta vem a propósito desta “negra realidade” e também porque o comentário, escrito “em cima do joelho” não saiu muito bem…
Os posts linkados estão publicados em O Eleito, onde existe uma sondagem presidencial. Vão até lá e indiquem a vossa escolha.

As pessoas não se podem sentir responsáveis por "uma coisa" de que são excluídas, onde "não contam". A meu ver, o “sentido de responsabilidade” dos cidadãos, é aniquilado, todos os dias, pela forma como as opiniões desses mesmos cidadãos são ignoradas, quer as individuais, quer as colectivas…
Ao contrário do que possa parecer, muita gente luta e reclama e denuncia os seus problemas e escreve exposições e... Qual é o resultado disso tudo? ZERO!
Mesmo quando as instituições são obrigadas a responder, ou não o fazem, ou dão respostas vazias de conteúdo e “surdas” às razões dos cidadãos.
No que é essencial, nas questões e problemas concretos que influenciam e condicionam a vida dos cidadãos, as pessoas nada conseguem, não conseguem ser ouvidas, por mais que lutem e denunciem e reclamem e se manifestem... ou por mais que lhes assista a razão. Há sempre “outras razões” que se sobrepõem, prepotentemente, sem que seja possível perceber com que legitimidade. Porque hão-de, então, votar os cidadãos? Porque é que hão-de achar que a sua participação é importante, quando as instituições e responsáveis passam o tempo a impor-lhes a sua insignificância? A total ausência de importância dos seus critérios?
Haverá sempre quem não possa votar, ou não queira votar? Mas o que se passa, actualmente, é que essa atitude é adoptada por mais de 35% dos cidadãos, nas legislativas e por cerca de 45% nas restantes eleições. Chegados a este ponto, temos que compreender, rapidamente, as causas (mesmo que elas incluam o individualismo), saber como se instalaram e como actuar para inverter a situação.
Veja-se o funcionamento, anacrónico, da justiça, como exemplo. Mas apenas como exemplo, porque nos restantes sectores passa-se o mesmo... Até por isso, para que os cidadãos passem a ser ouvidos e os problemas CONCRETOS resolvidos com dignidade, se deve valorar a abstenção. Os cidadãos que temos e as sua atitudes "são produto do meio em que são criados", que é como quem diz: "são produto da forma, vil, como são mal tratados pelas instituições e pelos poderes". Não adianta apelar à responsabilização dos cidadãos, quando eles comprovam, todos os dias, que não valem nada (quando confrontados com os interesses e as decisões, infames, dos políticos, ditadas pelos criminosos e mafiosos dos compadrios e dos tráficos de influências). A realidade é uma só e os cidadãos também. Não há uma realidade infame e aviltante a que os cidadãos se devem submeter e uma "realidade política" onde os cidadãos devem ser actores (ainda por cima para votar nos mesmos). As pessoas, ou têm importância e o sentem, actuando em conformidade, ou não têm importância, nem obrigações sociais de participar…
Acordem! E analisem as coisas como elas são, porque as abstracções não servem para nada... O que motiva as pessoas são as realidades e não as abstracções idealizadas por cada um... Ou “assimiladas” por via da repetição, absurda, desse tipo de falácias, por parte de quem tem responsabilidades na situação e o quer esconder…