2005/02/12

Idoneidade e Jornalismo!

1º CASO:
Um dia desses, vagueando por aí, cheguei a um “blog”, que “linkei” com o nome de “guerra eterna”. É dum jornalista espanhol que (no próprio título) manifesta ser contra a guerra no médio oriente.
Andei por lá a bisbilhotar e encontrei uma história que se resume assim:
Na sequência dum artigo do “Washington Post”, a escritora “Sara Solovitch” foi contratada por uma editora, para escrever a história duma mulher iraquiana. A escritora rapidamente se apercebeu das contradições da narrativa. Daí a concluir que a história era falsa, foi um passo.
A mulher dizia que tinha sido presa pelo regime de Saddam, por ter casado com um estrangeiro, que foi vítima de toda a espécie de violações, torturas e de maus tratos; que o marido foi assassinado na cadeia e mais uma série de horrores. Devido às suas declarações foram detidos, no Iraque, os “torturadores” e os seus chefes, incluindo um general. Mas os soldados, confrontados pela escritora, reconhecem que não conseguiram evidências que corroborassem a história, que, no entanto, chegou a ser referida pelo nº 2 do Pentágono “Paul Wolfowitz”, no Congresso Americano, como um exemplo da barbárie do regime de Saddam.
A conclusão final é de que a mulher, afinal, tinha sido presa sim, mas por ser vigarista. Com a vigarice da própria história, conseguiu viajar para a Europa, com a família, onde recebeu asilo.
A escritora faz uma história sim, mas a história das mentiras, que publica na revista “Esquire”.
Perante este artigo, o “Washington Post”, vê-se obrigado a enviar um jornalista ao Iraque, que confirma o embuste. O jornal acaba por publicar um desmentido, (numa página interior, mas com referência na capa, onde tinha sido publicada a história falsa).
2º CASO:
Na semana passada recebi duas mensagens SMS, a chamar a atenção para o artigo das páginas 36, 37, 38 e 39 da Revista “FOCUS”. Li o artigo com interesse e verifiquei, depois, que está publicado também em http://www.reporterx.com/.
O artigo desmonta, sem qualquer conjectura ou sofisma, um monte de mentiras infames publicadas e repetidas, na comunicação social, acerca do processo CASA PIA e respectivas provas. Sob o efeito da ilusão induzida pelo exemplo do caso um, esperei, pacientemente, que toda a comunicação social publicada no país, se fizesse eco do artigo e das constatações ali feitas, corrigindo as notícias que anteriormente publicaram.
Pois é: a revista foi publicada no dia 09 de Fevereiro, hoje são 12 de Fevereiro (fim do dia) e nada!
Quando será que esta escumalha percebe que é este tipo de infâmias que nos tira toda a auto estima, nos destrói como nação, como povo e como país, que não nos deixa viver em paz, nem progredir, nem ser felizes… nem sequer ser cidadãos? Esta gente não tem auto estima, nem dignidade, nem nada; e impõem-nos isso, como a única forma de actuação social permitida, tolerada, na vida pública e na comunicação social.
Quando as nossas figuras públicas e jornalistas descem tão baixo para acobertar a criminalidade institucionalizada que se move por detrás do processo Casa Pia, nenhuma esperança nos resta, quanto ao futuro deste país; não há voto que nos possa valer.
Porém, as coisas têm de ser ditas como elas são. A principal protecção para este tipo de coisas (a impunidade garantida a este tipo de criminosos) vem directamente do Procurador Geral da República, como todos sabem.
Apesar disso, o Presidente dissolveu a Assembleia, mas manteve esse indivíduo naquele cargo, donde já o devia ter afastado há muito. Esse facto transformou os políticos, em exercício, nos bodes expiatórios de todos os nossos problemas, oferecendo a estes criminosos a protecção e impunidade cúmplice, em que assentam os principais motivos do nosso descalabro económico, político, social e moral. Até se ouvem estes criminosos (os principais culpados da nossa situação desastrosa) a participarem no achincalhamento dos políticos, como forma de passarem despercebidos e continuarem a enganar-nos.
Conclui-se assim que os nossos problemas não têm solução à vista, por cumplicidade e envolvimento do próprio Presidente da República. Como é que um povo pode sair deste abismo?
A minha abstenção, no próximo dia 20, é uma forma de protesto pelo facto de os políticos não fazerem a sua obrigação, sobretudo no combate e perseguição a esta "cáfila" de criminosos.