Em “Zurugoa” encontrei este texto:
“Todos os dirigentes sindicais do SIESI - Sindicato das Industrias Eléctricas do Sul e Ilhas, na Tyco em Évora, foram despedidos.
Tudo por defenderem os legítimos interesses dos trabalhadores da referida empresa e nunca terem pactuado com negócios que fossem contra os interesses dos trabalhadores.
Foi o preço que pagaram por ter erguido a voz contra a injustiça e a prepotência de quem gere a Tyco.
O caso está em tribunal, à espera de resolução, resta saber se ainda se faz justiça neste país!
30 anos, apenas, depois do 25 de Abril, os patrões deste país já aplicam medidas do calibre das usadas no tempo de Salazar!
Não há direito!!!”
Tudo por defenderem os legítimos interesses dos trabalhadores da referida empresa e nunca terem pactuado com negócios que fossem contra os interesses dos trabalhadores.
Foi o preço que pagaram por ter erguido a voz contra a injustiça e a prepotência de quem gere a Tyco.
O caso está em tribunal, à espera de resolução, resta saber se ainda se faz justiça neste país!
30 anos, apenas, depois do 25 de Abril, os patrões deste país já aplicam medidas do calibre das usadas no tempo de Salazar!
Não há direito!!!”
Transcrevo-o para aqui por dois motivos:
(1) Para subscrever a denúncia.
(2) Para corrigir o seu autor, quando diz que “30 anos depois os patrões já aplicam medidas…”
Não se iluda meu querido amigo. Os patrões e outros bem piores, com a cumplicidade dos políticos (de todos os políticos) sempre aplicaram este tipo de medidas. É o efeito destas medidas, praticadas desde sempre, que estamos a sofrer, na pele, com a situação desastrosa a que o país chegou. Relembro que “falo de cátedra”, porque, só à minha conta, tenho umas quantas histórias, que vivi, cada uma mais escandalosa do que a outra, para contar. À conta disso, eu estou no desemprego e os patifes estão em altos cargos, a prosseguirem os seus crimes, ou então estão a chular-nos a todos, recebendo chorudas reformas, como recompensa pelos seus inúmeros crimes, pela sua "prestimosa" contribuição para a destruição do país.
Mas não vou contar uma história minha.
Há uns anos, trabalhava eu numa empresa ligada ao sector da construção civil, quando soube deste episódio.
Uma das mais “prestigiadas” (e de maior dimensão) empresas de construção civil deste país que, apesar disso, usava e abusava dos contratos a prazo e do trabalho precário, fez esta coisa fantástica: escreveu aos sindicatos da construção civil, a solicitar as listas dos respectivos sindicalizados, dizendo que pretendia “colaborar com os sindicatos” descontando e pagando, directamente, as quotas dos seus trabalhadores.
Os sindicatos, solícitos, responderam à missiva e forneceram todos os nomes, sem quererem saber do acordo, ou não, dos próprios trabalhadores. Como eram todos trabalhadores a prazo, foram despedidos no final do respectivo contrato, porque era essa a intenção do pedido de informação da Empresa.
Esta história é verdadeira e chegou ao meu conhecimento através da indignação do pessoal dos escritórios, por cujas mãos passou todo o processo.
Não espere que nos nossos tribunais de trabalho se faça justiça. Eles são uma das estruturas mais abjectas do nosso sistema judicial. Um autêntico cancro. Assim se faz a miséria dum país. Todos os políticos (e estruturas sindicais) são culpados destas situações, compactuam com elas, porque os seus tachos continuam garantidos (o nosso futuro é que está cada vez mais comprometido). Nos casos que eu vivi, sempre me confrontei, também, com a cumplicidade dos próprios sindicatos e respectivos advogados. Isso é responsabilidade, exclusiva, das estruturas sindicais que, tal como os outros todos, se limitam a falar, mas apenas de forma inócua. Na prática, compactuam, colaboram. De outro modo nem seria possível que a situação se mantivesse, de tão pérfida e infame que é, de tão destruidora e prejudicial.
Por isso eu não voto e apelo à abstenção (ou ao voto nulo). Não quero ter nada a ver com este tipo de infâmias.