2005/02/09

Ribeira dos Milagres, um exemplo!

Numa resenha rápida de assuntos sobre os quais gostaria de escrever, identifiquei 10 (dez). Entre estes é difícil estabelecer prioridades, porque todos me preocupam, me perturbam, me indignam, me revoltam. Quando me sinto assim e sei que vários milhões de outros cidadãos deste país têm razões para se sentir como eu, se não pior, percebo porque é que somos um povo triste, taciturno, consternado, até no semblante. Isto tem de ser assim? Não tem! É crime que continue a ser assim e temos que dizê-lo claramente. Os políticos estão a destruir-nos, como povo! Isso não pode ser permitido, nem pode passar impune.
Olhando para o papel, elegi, como primeiro assunto, a Ribeira dos Milagres. Porque é um dos assuntos que ainda não abordei; porque é um bom exemplo dos motivos que levam uma parte da população a se abster; porque é um bom exemplo da forma como se destrói a auto estima (e a esperança) do nosso povo.
Julgo que falando da “Ribeira dos Milagres”, toda a gente sabe que estou a falar de descargas poluentes, em cursos de água naturais. Pois é.
Agora mesmo, em plena campanha eleitoral, com promessa de referendo sobre a co-incineração e tudo, aconteceu mais uma “descarga poluente”. A situação já se tornou tão trivial que a comunicação social nem lhe dá grande relevo. Como este é um dos assuntos que me escandaliza, deveras, lá fui eu, ao motor de busca, tentar fundamentar melhor as minhas palavras. O que é que encontrei? Referências a descargas poluentes, com grande destaque na comunicação social, desde Dezembro de 2003, pelo menos (não procurei mais).
Formaram-se associações cívicas, o local foi visitado por ministros, pelos “Verdes”, etc. Foi objecto de protestos públicos, mais ou menos “mal cheirosos”. Resultado disso tudo? NADA!
Mais uma vez constatamos que os nossos políticos prometem "grandes medidas" megalómanas, para resolver os problemas da poluição, mas não fazem cumprir o simples. Conclusão: estão a enganar-nos!
A Ribeira dos Milagres é apenas mais um exemplo do que leva as pessoas a não acreditarem nos políticos, a não acreditarem no poder, a não acreditarem nas instituições; a se absterem. Todos sabem que as descargas são proibidas; as suas proveniências estão identificadas. Portanto, as pessoas reclamam e estão cheias de razão; têm a lei do seu lado, organizam-se e até fazem participações às forças da ordem; mas, nisto como em muitas outras coisas, a resposta que têm, de quem deve fazer cumprir as leis é: NÃO! É a mesma resposta que os políticos (e seus sequazes) têm para o povo, em todas as circunstâncias. Esperam agora que voltemos a votar neles, para continuarem a dar protecção a quem comete este tipo de crimes (e outros ainda piores)?
Ah! Já sei. A cadeia é só para inocentes; e para uns desgraçadecos que são apanhados distraídos, em situações para que foram lançados (sem outra opção) pelas circunstâncias da vida.
A Ribeira dos Milagres é um bom exemplo (apenas mais um) da falsidade das promessas eleitorais, de todos os partidos.
Para resolver um problema destes basta um mínimo de dignidade e de vergonha, nas nossas instituições, nos órgãos do governo, nos nossos políticos. É um bom exemplo do que é o cúmulo da hipocrisia dos políticos que prometem grandes medidas para resolver outros tantos problemas e nem sequer conseguem resolver, como devem, uma situação tão simples, tão clara e tão premente, para que apenas é necessário cumprir a lei. Isto é perfídia pura. Nunca eu votarei em gente tão pérfida.