2004/11/22

Esta "Gente" não tem noção de Limite!

Esta gente não tem noção de limite!
Os documentos publicados nos artigos: “O País nas mãos de criminosos” e “As confissões do Bibi (casa Pia)”, deste “blog” têm um outro anexo (Carta enviada a jornais estrangeiros) que não transcrevo aqui, por ser demasiado longo.
Todavia, não resisto a transcrever algumas passagens deste documento e também do “Muito Mentiroso”, para se perceber bem a que ponto (de descalabro) chegou a nossa idoneidade colectiva; isto é: os reais e profundos motivos que nos mantêm “presos neste limbo de indignidade”, encurralados neste lodaçal, reféns desta perfídia, sem saídas e sem esperança!
Início de transcrições:
“Para que se perceba melhor o quanto é apavorante a situação institucional e social, em Portugal, vou contar uma história, antiga, mas que volta à actualidade, com frequência; e mormente agora, evidenciando perigosas ligações com o processo da “Casa Pia”.
Há uns anos atrás, devido a denúncia dum indivíduo, detido por tráfico de droga, feita através dum advogado muito conhecido (o Dr. Garcia Pereira), constatou-se que a Polícia Judiciária vendia toda a droga apreendida, substituindo-a por sacos com farinha. Nessa altura foram demitidos todos os agentes do respectivo sector (mas julgo que não foram punidos criminalmente). Sucede que, no prédio ao lado da minha casa, mora um desses indivíduos (dos que foram demitidos), que disse, aqui na vizinhança, para quem o quis ouvir, que eles, os agentes, foram “corridos”, mas os principais responsáveis, os seus superiores, para quem eles trabalhavam, continuaram no activo e prosseguiram com esta sua actividade criminosa. Mais recentemente, tem-se ouvido, periodicamente, mas com alguma insistência que, não apenas esta polícia continua a vender (a traficar) droga, como angaria, de vez em quando, novos “traficantes”, para depois os prender e, assim, “mostrar trabalho”. E continuam a existir, na sociedade muitas evidências de que assim é.
E, mais uma vez, no dia 2003-11-08, cerca das 20H50, no jornal da noite da estação de televisão “SIC”, apareceu um indivíduo que cumpriu pena de prisão, a dizer que tem provas de que a Polícia Judiciária trafica droga, quer fazer a denúncia, mas ninguém lhe dá ouvidos”.
Justifica-se abrir, aqui, um parêntesis, para recordar que já depois desta carta (que data de Novembro de 2003), os irmãos Pinto, que lideraram as manifestações contra os aumentos das portagens, na ponte 25 de Abril, contaram uma história semelhante. Ou seja: está tudo aí, às claras, à vista de todos; só não vê quem não quer. Mas os investigadores, neste país, andam atrás das pessoas que fazem estas denúncias. Mais palavras para quê? Gostaria de saber o que tem a dizer a isto o Dr. Mário Soares, que agora aparece a fingir-se tão preocupado com a situação do País. O que é que se espera? Ninguém pense que se pode ser feliz, ou progredir, numa sociedade que permite infâmias destas. Mas voltemos à transcrição.
“Também há cerca de um ano, foram presos vários agentes policiais, sobretudo das brigadas de trânsito, por corrupção e extorsão. Há dois dias, igualmente nos noticiários das televisões, no primeiro dia do julgamento dum destes grupos de agentes, foi dito por um dos advogados de defesa, que não apenas estas “actividades” dos agentes, que estão a ser julgados, eram conhecidas e toleradas pelos seus superiores, como estes “participavam” dos “proveitos” (nas receitas). Não tenho dúvida em acreditar que estas denúncias têm fundamento, até porque é inconcebível que pudesse ser doutro modo; e também pela minha própria experiência sobre a falta de pudor (e impunidade) das polícias. Também sei que existem muitas mais denúncias, de cidadãos, que são silenciadas, para que esta criminalidade possa persistir.
O facto é que, com o passar do tempo, são cada vez mais evidentes as ligações entre este tipo de criminalidade (institucionalizada) e o caso da “Casa Pia”, quer por tráfico de influências, consentido, quer por “vantagens” (ou impunidades) obtidas através de chantagem. Mas o mais grave é a evidência de que ambos os tipos de criminalidade estão a usar o processo da “Casa Pia”, para chantagearem e ameaçarem todos os titulares de cargos públicos, mantendo-os calados e inactivo, perante as suas “actividades” criminosas, sob ameaça (velada ou explícita) de serem “acusados”, publicamente, de abuso sexual de menores. Por isso se torna mais premente esta denúncia. É urgente acabar com este “sequestro” das instituições, que também impõe o arrastar do processo e agrava a situação económica, política e social do País”. (Fim de transcrição)
Aqui justifica-se relatar o caso denunciado pelo Dr. Garcia Pereira, para se perceber, por exemplo, porque é que nenhum pedófilo ou traficante de droga, pode ir para a prisão. Assim se compreende que, há muito pouco tempo, um grande traficante tenha sido preso e posto em liberdade dias depois, em cumprimento de regras que nunca foram aplicadas aos presos, inocentes, acusados de pedofilia. A parte que falta, na transcrição feita acima é a seguinte:
Um traficante, cidadão dum país da América Latina, foi preso no Aeroporto de Lisboa e foi-lhe apreendida toda a droga que transportava. Vai para a cadeia de Monsanto e não nomeia advogado (como parece ser comum nestes casos). O tribunal nomeia-lhe defensor oficioso e a tarefa recai sobre o Dr. Garcia Pereira, escalado para aquele juízo. O Dr. Garcia Pereiras, segundo as suas palavras, visitou o preso para lhe dizer que, se ele não o convencesse de que estava inocente, pediria escusa, porque não defendia traficantes.
Neste ponto da conversa, o tal traficante “passou-se” e respondeu ao Dr. Garcia Pereira que assumia ser traficante, mas que pior do que ele era a Polícia Judiciária, que traficava a droga apreendida. Ele, para a vender, tinha que a comprar, eles, os polícias, roubavam-na para depois a vender.
Terá dado, ao Dr. Garcia Pereira, uma “lição” sobre tudo quanto dizia respeito a droga e rematado dizendo que a prova do que dizia era o facto de ter sido apreendido, na chegada, um certo tipo de droga; que não havia “mercado”, mas que, no entanto, circulava dentro da cadeia. E só podia ser vendida pela Polícia Judiciária.
Em consequência, o Dr. Garcia Pereira fez relato do facto para o juiz. Foi-se verificar a droga apreendida mas, dentro dos sacos, estava apenas farinha.
Seguiu-se o escândalo, de que muita gente já se esqueceu, certamente (e outros nem chegaram a ter conhecimento. Mas fica aqui o relato, feito de memória, para desmentir que “a memória do povo é curta”. Quando é preciso compreender, encontrar explicação para factos absurdos, qualquer pessoa medianamente inteligente usa todos os seus conhecimentos. Por isso, a nossa eterna gratidão ao Dr. Garcia Pereira. Ele deu um grande exemplo de idoneidade, de integridade que, infelizmente, não foi seguido, como devia ter sido, por muitos outros advogados e “agentes da justiça”.
Mais uma transcrição, agora do “Muito Mentiroso” (o blog que, no verão de 2003, chegou a alvoroçar muita gente):
“(Em 1996) Uma brigada da PJ, chefiada por Ana Paula, descobre pedofilia, no Parque Eduardo VII e nos Jerónimos, com envolvimento preponderante de alunos da Casa Pia, de várias idades. A actual coordenadora, Rosa Mota, tentou parar a investigação dizendo que era “muito perigosa, mas Ana Paula continuou e organizou o ficheiro dos miúdos. Neste ano já Pedro Strecht assistia os alunos da Casa Pia. Os miúdos mostraram casas no Restelo, Cascais e Coruche. Um deputado Europeu foi apanhado em flagrante. Ana Paula recebeu ordens para “esquecê-lo”. Não obedeceu completamente, por isso os seus colaboradores sofreram pressões e pediram transferência. Quatro ou cinco anos mais tarde foi “apertada” por Rui Pereira, director do SIS e pelo chefe Basílio, que queriam informações sobre os miúdos, para “tramar” figuras do PS.
Entretanto, Ana Paula foi afastada da Brigada e “posta na prateleira”. Para o seu lugar foi nomeado Dias André, que enriqueceu, rapidamente, comprando, até, uma moradia, no valor de cem mil contos. A sua ligação ao “TRÁFICO DE DROGA”, oficial, dentro da P.J. e/ou as suas actividades de chantagem com material pedófilo, “justificam” plenamente o seu o seu património (oficial e clandestino), que está muito acima do milhão de contos. Até tem um processo por extorsão. No entanto, o seu património é inferior ao de Dias Costa, ao do seu chefe Paulo Rebelo, afilhado de Laborinho Lúcio”…
E noutro passo, mais adiante, este documento diz:
“Dias André, com um currículo impressionante: 1. Falsificação de provas; 2. Destruição de provas; 3. Extorsão; 4. Corrupção; 5. Desobediência; 6. Ligações ao tráfico de droga.
A droga é outra história muito completa. É outro “polvo” que não acabou com a suspensão de dezena e meia de agentes da P.J.
Para abrir o apetite, e alertar as entidades máximas, deixamos algumas pistas:
- Vários barcos vão, a Marrocos, comprar droga. Tudo pago pela PJ.
- Há civis envolvidos, como agentes infiltrados, mas provocadores, na distribuição.
- Fazem-se apreensões, espectaculares, junto dos compradores que são angariados pelo “infiltrado”. Setúbal e Aveiro são exemplos famosos. Assim, a “imagem” da P.J. é de “grande eficácia”.
- Desviam-se alguns quilos, antes de chegar ao armazém. É uma espécie de “comissão” para a equipa que “investiga com sucesso”. É a herança operacional de Dias Costa. Os seus herdeiros são: Paulo Rebelo, “afilhado” de Laborinho Lúcio e chefe de Dias André, Ilídio Neves Luís, Luís Neves Baptista, etc.
Perguntas: Quem é um tal Victor Ferreira, civil infiltrado, íntimo de Paulo Rebelo, de quem chega a conduzir o “Alfa Romeo”? A quem pertence o armazém de droga da PJ, na Lourinhã?” Fim de transcrição.
Nota: “A suspensão de dezena e meia de agentes da PJ” é uma referência ao facto relatado acima, na primeira transcrição.
Sublinhe-se que este segundo documento, de que se transcreveram alguns excertos, é assinado por GOVD – Grupo Operacional de Vigilância Democrática, que assim se descreve: cidadãos, homens e mulheres, que integram também vários profissionais das polícias e SIS. Portanto, gente que sabe do que está a falar, que convive, todos os dias, com isto. Aliás é um disparate de gente muito cretina (e vil), pensar que é possível esconder coisas destas; toda a gente sabe, toda a gente comenta, toda a gente conhece alguém que tem conhecimento directo.
Mais uma transcrição, agora do livro de Carlos Cruz, pág. 219: Outro detido anda pelos corredores “revoltado”, em grande algazarra. Recebeu a acusação, onde se afirma que foi detido na posse de 5 Kg de cocaína. Ele garante que eram 7 Kg. E só pergunta, exaltado: “Onde é que estão os outros 2 Kg?”
E na Pág. 273: “Vive-se aqui (na P.J.) um clima que parece de campanha… Conversas em voz baixa e há mesmo quem diga que tem medo. O sentimento é quase unânime. Todos receiam o impacto negativo que terá a libertação ou absolvição de (Carlos Cruz), para a credibilidade da PJ. (Aqui faço eu um parêntesis para dizer que alguém devia ensinar, àquela gente, alguma coisa sobre o que é viver em sociedade e as consequências colectivas de coisas vil como estas; ensiná-los a pensar: como é que gente esclarecida pode imaginar que uma coisa destas não arrasta, imediatamente, a PJ para as ruas da amargura? Por ser segredo? São os actos, em si, que o acarretam imediatamente. Santo Deus! São mesmo pessoas sem referências. Imaginam que actos desta perfídia, praticados por uma polícia minada de criminosos, poderão não deixar manchas eternas? Até deixam no nosso “cosmos” colectivo, por muito, muito tempo. Porque é que pensam que me preocupo? Porque é esta infâmia que não nos deixa ser uma verdadeira sociedade”).
Chamo a atenção, também, para o último parágrafo da pág. 330.
E ainda para o facto de, num dos “Diários de Raquel” publicado num dos matutinos de Lisboa, se contar uma história, dum cidadão de nome Timóteo, referido no segundo parágrafo da Pág. 274, que foi dado como tendo-se suicidado, mas que terá sido assassinado, à pancada, tendo mesmo escrito o nome do assassino com sangue. Toda a gente viu, toda a gente soube (dentro da PJ, é claro) toda a gente calou. O autor do “feito”, dias André, reconheceu-o publicamente, porque ameaçou processar Raquel Cruz, apesar de ela não o identificar. Chamou-lhe Days.
E agora pergunto: Mas isto é um país? Quando passará a ser? Quando será que os titulares de cargos públicos compreendem que a manutenção duma situação destas, de que toda a gente sabe, de que toda a gente fala, que toda a gente conhece, é culpa deles? O poder foi-lhes entregue a eles e, por isso, se é usado assim: abusado, aviltado, infamemente, é porque eles deixam. Em segredo!? Qual segredo? Apenas porque a comunicação social, fazendo jus à sua perfídia, cala, acoberta, é cúmplice? Desde quando é que estamos condicionados por aquilo que os jornais publicam? É nestas coisas que se vê quem é realmente democrata! Há por aí algum partido que o seja? Pois prove que é! É que, em democracia não se toleram tais infâmias! Tão descaradamente.
É claro que, chegados a este ponto (e juntando todos estes factos) pode-se perceber porque é que um grande traficante passa uns poucos dias na cadeia e é logo libertado; percebe-se porque é que, no processo Casa Pia, se prenderam inocentes (a importância desse facto para os objectivos); porque é que se protegem todos os que têm alguma coisa que ver com o assunto; porque é que, desses, os principais nunca foram acusados, nem mencionados, nem podem sê-lo!
E os responsáveis dos responsáveis do SIS; e os responsáveis pelos responsáveis da PJ? Não sabem, ou estão implicados? Saber eles sabem, pois se até eu sei!
E não faço mais perguntas, porque as respostas são bem capazes de tornar o nosso estado de espírito demasiado sombrio! Quem nos acode? Quem é que vai fazer a sua obrigação, algum dia? Quando?