2004/11/17

Jornalismo! O seu a seu dono!

Jornalismo. O seu a seu dono!
Há cerca de 10 dias (talvez mais) recebi um “e-mail” dum jornalista, dum matutino de Lisboa (não digo o nome porque, aqui, publicidade “de borla” é só para quem merece e enquanto merecer), pedindo informações acerca do artigo “As Confissões do Bibi (Casa Pia)”. Foi-me pedido, e enviei, o contacto de alguns dos subscritores do documento contido nesse artigo.
Este jornalista deu-se ao trabalho de contactar, telefonicamente, pelo menos uma das pessoas (a autora); fez-lhe umas quantas perguntas e marcou um encontro, para “ilustrar” o artigo. Julgo que quereria, para além de mais declarações, uma fotografia. Algum tempo depois (algumas dezenas de minutos, creio) de ter marcado o encontro, voltou a telefonar para dizer que o chefe, não lhe tinha aprovado a iniciativa, com uma série de pretextos, que foi descrevendo, até que a autora o dispensou de explicações, dizendo que não estava admirada. Os “pretextos” invocados, são falácias, desculpas esfarrapadas, de quem pensa que vai enganar o público, os cidadãos, eternamente. De facto, só evidenciam a culpa dolosa, destes “escribas”, quando optam por “noticiar” mentiras, como fizeram inúmeras vezes, durante o processo Casa Pia. Foram publicadas declarações de pessoas, que não têm a menor consistência e, nessa altura, não foi questionada a verdade, nem das declarações, nem dos fundamentos, nem dos sentimentos. Nem isso se justificava, porque essas supostas notícias, faziam parte duma campanha, com objectivos bem determinados, em que todos eles, como se vê, estavam implicados! Ao contrário, todos os cidadãos que se dirigem aos jornais, com factos, são menosprezados e ignorados, como sempre foram as denúncias relacionadas com a pedofilia, na Casa Pia, durante décadas.
Quem julgarão estes “escribas” que são? Pois fique sabendo que o seu jornal é um dos que eu não compro! Depois queixam-se de que as pessoas não lêem. Mas ler o quê? Se aquilo que eles escrevem não interessa a ninguém? Até é prejudicial a todos, em vez de ser útil, como devia!?
Vou contar outra história, que complementa esta.
No mês passado assisti, no pequeno auditório da “Culturgest”, à exibição dum documentário sobre um caso de pederastia, em Barcelona. O documentário tem a duração de 3 horas e apresenta, essencialmente, o que se passou no julgamento. Vale a pena ver e analisar este documentário, mas não vou fazê-lo aqui.
Depois do intervalo para almoço (imprescindível) seguiu-se um colóquio. Nele, uma certa jornalista que faz jus ao apelido, descontando o diminutivo, tentou “puxar a brasa à sua sardinha”, criticando a isenção do documentário, que deixava transparecer, claramente, a inocência dum dos condenados, porque, no julgamento, não se provou a sua culpa. É isso mesmo! No julgamento não ficou provada a culpa do homem que, todavia, foi condenado (pareceu-me que, apenas, por ser homossexual e devido à campanha dos jornalistas).
A certa altura, uma senhora que estava presente, decidiu “abanar a discussão” e levantar as questões candentes inerentes, quer ao caso contido no documentário, quer no caso português. A saber:
- A existência duma situação, objectiva, desde há longa data, que é conhecida e sobre a qual ninguém actua;
- A actuação da Comunicação Social que, lá como cá (mais cá do que lá) promoveu uma campanha difamatória, tendenciosa e mentirosa, acerca do caso, “impondo” o conceito de culpa dos arguidos, encobrindo outros nomes (quiçá mais implicados) e, lá, influenciando, decisivamente, a decisão do tribunal;
- Avaliar se os tribunais estão em condições de fazer justiça “e contribuir para melhorar a nossa vida” (sic), ou, pelo contrário, praticam injustiças e agravam as nossas condições sociais.
A estas questões, apressou-se a tal jornalista (a que faz jus ao apelido sem diminutivo) a “responder”, tentando, por um lado, “compreender a confusão da senhora” (que esta negou, de imediato); por outro lado desculpabilizando a actuação dos jornalistas porque, disse, “publicam aquilo que lhes levam ao conhecimento, não inventam notícias”. Vê-se, pelo exemplo aqui descrito, a ingenuidade, dos jornalistas! Esta jornalista também se “esforçou”, aliás como alguns dos outros presentes, bem conhecidos, para convencer as pessoas de que “devemos confiar na justiça”.
Quem é que confia na justiça, neste país? Os inquéritos (que situam essa confiança dos cidadãos portugueses, abaixo dos 10%) são bem explícitos, quanto a isso. Onde é que estes jornalistas vivem? Perguntas para quê, eles são uns ingénuos, uns anjinhos! Vê-se!
Mas a questão que eu queria colocar era: onde fica, como fica, onde se esconde o cidadão jornalista, que só pode noticiar o que o chefe deixa, apesar das suas opções de idoneidade social?
Apelo a que publiquem, na NET (em blog) estas suas histórias, que são obrigados a calar e solicito que me enviem o endereço. Isto tem de mudar!
Portanto, estamos conversados: a culpa de os jornais só darem notícias de idoneidade duvidosa, (quando não repugnante) não é dos jornalistas, mas é imposta pela censura interna, dos chefes! O seu a seu dono!