2005/09/16

Agitação Social!

O Governo está em grande… Conseguiu, em poucos meses, generalizar a agitação social e a contestação em todos os sectores da vida nacional.
De permeio com toda a espécie de medidas reaccionárias e déspotas, o governo vai anunciando uma medidas (e umas lutas) demagógicas, das quais as mais importantes nunca passarão de promessas.
Na mesma linha, anuncia grandes eficiências e resultados espantosos, no fisco e na segurança social, quando todos nós sabemos que são usadas, na base deste tipo de propaganda, mentiras colossais, números inventados (que incluem, até, actos criminosos contra os cidadãos).
Enquanto isso vai-nos enterrando cada vez mais. A crise económica e social aumenta, bem como o desemprego (que rondará os 20%). A recessão e o descrédito estão instalados e não param de aumentar; não há controlo das contas públicas, nem dos gastos na administração pública.
Na economia, sr. José Sócrates! Na economia é que tem de actuar, fazendo-a avançar. Sem isso tudo o resto são cantigas e publicidade enganosa. E nem imagina como isso é simples de fazer… A sua imaginação está toda ocupada com tentações ditatoriais e actos de mistificação e demagogia.
Para se perceber bem o rumo que o governo leva, basta olhar para o exemplo dos incêndios. Enquanto houve incêndios, o governo nada fez para resolver o problema (e muito poderia ser feito). Depois, veio prometer umas quantas medidas (mas não as essenciais e eficientes), ao mesmo tempo que cedeu a uma parte das chantagens, sobrecarregando a administração pública com efectivos, sem que isso dê a menor perspectiva de resolver o problema… resolução que fica prometida... para o ano; ou seja: promessas… Agora nem quer ouvir falar do assunto e os OCS fazem-lhe a vontade, como sempre.
No que diz respeito à reforma da administração pública fez exactamente a mesma coisa (o que já foi feito inúmeras vezes sem qualquer resultado)… nomeou uma comissão… Medida muito imaginativa e inovadora, sem dúvida… e também de resultados comprovados...

Quanto às questões essenciais, como sejam os vencimentos escandalosos dos “nomeadas” e os problemas da corrupção e da alta criminalidade, nada faz. Não esqueçamos que Sócrates foi cooptado precisamente por essa gente, para Chefe do PS.
Chegados a este ponto, as medidas de (dês)moralização que pretende introduzir nos diferentes sistemas de assistência, nivelando pelo mais baixo e mais penoso, nivelando pelo pior, a par com outras medidas igualmente déspotas, fizeram com que a contestação se estenda a todos os sectores.
É assim na Justiça, na Educação, nas polícias e militares, etc., etc., etc.
Relativamente à Educação (e respectivas medidas do governo) escrevi um comentário no BDE, que decidi reproduzir aqui.
Porquê? Porque o que digo relativamente à Educação pode ser dito, com as convenientes adaptações, para todos os outros sectores.
O facto é que a resolução dos nossos verdadeiros problemas permanece adiada…
Aqui fica o comentário:
Os que defendem as medidas do Ministério da Educação estão, de facto, muito longe da realidade e não têm em conta os objectivos do Governo!
Não há uma única medida deste governo que seja digna, que se destine a resolver os nossos problemas, que não tenha como finalidade atacar e molestar os cidadãos, no que é essencial: a sua dignidade; a nossa dignidade colectiva. Nem mesmo estas medidas, relativas ao ensino, embora eu, em abstracto, concorde com algumas delas; como, por exemplo, o ensino do inglês (por mim podia ser uma língua qualquer, adoptada como comum, na UE) a partir dos primeiros anos de escola e o prolongamento do horário escolar. Curiosamente, essas medidas vão abranger uma pequena percentagem de escolas... Mas estou em total desacordo com a forma como os professores são tratados pelo Ministério, nomeadamente quanto ao facto de serem obrigados a leccionar a muitos quilómetros de casa. Para que um trabalhador possa estar disponível para as respectivas funções, convém que não lhe sejam criados, artificialmente, problemas e contratempos, como o faz o Ministério.
Ninguém me convence (neste como em muitos outros problemas da nossa sociedade) que não haja soluções dignas, justas e eficientes, que possam garantir, também aos professores, condições aceitáveis.
Eu, que não gosto de imposições absurdas e déspotas, acho que o cumprimento do horário deve ser rigoroso q.b. para que o profissional seja eficiente... Portanto, o que se deve medir e exigir, com rigor, é a eficiência (incluindo a presença na escola, até às 35 horas, sempre que necessário e justificado)... Há muitos professores que fazem trabalhos espectaculares, com os alunos, mesmo sem terem de estar na escola durante x horas, mas que nunca obtêm o reconhecimento devido.
Para finalizar (se não ainda escrevo mais do que o autor do post) mas longe de esgotar a questão, apenas quero dizer que a atitude do governo para com os professores é semelhante à que tem para com todos os outros cidadãos. Portanto, talvez cada um possa "compreender", a partir da sua própria experiência, ou da de pessoas que lhe sejam próximas.
Aquilo que o governo deveria resolver não resolve, os problemas e bloqueios que nos impedem de "avançar" não são "removidos", nem o governo tem qualquer intenção de o fazer (até porque, talvez, o próprio governo faça parte do "pacote").
A educação funciona mal? O que é que funciona bem, neste país?
Será possível que a educação passe a funcionar bem sem "mexer" no essencial?Até sou capaz de acreditar nas "boas intenções" da Ministra, mas é bom, para todos, que ela deixe de ser ingénua (se for o caso), porque pode estar a comprometer a exequibilidade de medidas imprescindíveis.

Quanto aos professores acho que deviam "parar para pensar" e perceber que não é possível algum sector da nossa sociedade funcionar tão mal, sem que isso afecte o prestígio de todos os respectivos intervenientes. E eu não vejo que sejam apontadas alternativas.
Nesta questão os alunos são os menos culpados e os pais são os que temos: se não podem ajudar os filhos isso não pode ser usado como desculpa para a situação do ensino. É apenas mais um problema a ter em conta, a exigir soluções adequadas, mas que não pode comprometer o futuro do país! Um problema que tem de ser erradicado, a começar pela educação e formação dos jovens...
A propósito de "alternativas": Como é que as medidas do governo permitem diferenciar os bons dos maus professores? Ou será que, por cumprir o horário, o professor já pode ensinar nada, falhar completamente, em matéria de eficiência, sem qualquer problema?
E os alunos? Quando é que se institui o sistema de proibir, terminantemente, os "furos" dos alunos motivados pelas faltas dos professores?
Se um professor falta alguém tem de o substituir! Para que as escolas não continuem a ser "a casa da mariquinhas", em matéria de exemplo para a formação dos alunos!
Muito mais haveria a dizer mas, embora as palavras também sejam importantes (sobretudo quando se repõem as coisas no lugar), não serão as palavras que vão resolver o problema; desgraçadamente, nem as medidas do Ministério, por ausência de muitas outras condições essenciais.
É preciso começar a analisar estas coisas de fora do controlo, da limitação intelectual, determinada pela conformidade com realidade que vivemos, para não andarmos às voltas, sem sair do mesmo sítio, apesar do muito labor e esforço!

Só uma pequena adenda para a questão da Justiça.
Como todos sabem eu defendo que a justiça funciona mal, principalmente por acção e omissão de quem a exerce. Mas quanto a isso, quanto a exigir que o funcionamento da justiça seja de molde a recuperar o prestígio e credibilidade que devia ter, nada é feito! Bem pelo contrário! A continuação da palhaçada que é o processo Casa Pia, com o governo a garantir impunidade (e tacho) aos respectivos conspiradores, aí está a prová-lo. É que estes fazem parte dos "boys" de Sócrates.
Os juízes e magistrados judiciais não podem contar com a solidariedade dos cidadãos, por culpa próprio.
Mas seria aí que o governo devia actuar, tendo em conta a opinião generalizada dos cidadãos.
Quanto ao nivelamento entre os diferentes sistemas de assistência, eu até sou capaz de achar bem que se faça… desde que se nivele pelo que é mais favorável aos respectivos utentes. Até porque, mesmo assim, todos eles têm falhas absurdas e intoleráveis.