2005/01/28

Uma "justiça" de Loucos!

Esta história está, em comentário, no post anterior, da autoria de Uivomania, blog que tem "link" na margem. Publicou o Apelo para a Humanidade.
Uma coisa assim teria de merecer o devido destaque. É que, esta história como milhares de outras que se passam, na nossa justiça, como muitas outras que se vêem, como o caso do Dr. L.J.N.S.; como o caso Casa Pia, como o caso da Joana, como o caso ... onde, sistematicamente, os agentes da justiça tratam como mentirosas as pessoas honestas e dignas, para darem aos criminosos a credibilidade que é devida aos cidadãos íntegros, são o que faz da nossa justiça o descalabro que é. São o que ajuda a nos manter nesta situação infame, com as desastrosas consequências, que todos conhecem (e reconhecem), na situação económica do País. Mas não se espere nada da justiça, como se viu ontem, no debate da RTP. Os agentes da justiça são os que mais mentem, descaradamente, e se defendem, como corporação de malfeitores, afirmando, até, que está tudo bem.
Transcrição
"Eu tenho um amigo, que há coisa de uns dez anos, se viu com umas dezenas de milhar de contos na mão!
Pôs um anúncio no jornal que rezava assim: Precisa de dinheiro e ninguém lho empresta? telefone: Tal e tal.
Como é de imaginar, recebeu montes de telefonemas com as mais variadas historias. Seleccionou algumas pessoas por intuição, marcou entrevistas e, carente de calor humano como é, falou e ouviu o quanto bastou para emprestar, practicamente todo o dinheiro que tinha, a meia dúzia de pessoas que lhe souberam contar as melhores histórias.
Em troca, ficou com cheques com as quantias emprestadas para meter ao banco em datas oportunas combinadas e com a promessa, de ter iniciado uma cadeia de amigos reconhecidos e solidários.
Os cheques, uma vez e outra bateram na trave! Os devedores apresentavam os mais variados problemas e um dia, desiludido, o meu amigo, acabou por meter tudo em tribunal!
Os devedores, todos à uma, acusaram-no de agiota e afirmaram que lhes tinha emprestado uma quantia... e exijido um cheque com o dobro! O meu amigo pediu-me para eu ser sua testemunha, já que um dia tendo eu precisado ele me tinha emprestado dinheiro sem juros, sem provas, sem nada...
Em tribunal, perante o meu discurso de que ele era uma pessoa fora do normal, capaz de emprestar dinheiro, só porque alguém precisava e sem juros... fui, mais que uma vez, admoestado pelo juíz, que óbviamente não acreditou na "história" e me tomou por testemunha profissional paga para actuar! Todos os processos foram arquivados!
O meu amigo é hoje um sem abrigo das ruas de Lisboa e continua a pregar aos peixes com toda a naturalidade! Ensina os "colegas" a respeitarem as regras e serem sem abrigo com um mínimo de dignidade!
Continua a escrever histórias e poemas que guarda no saco de plástico... reabre os processos que o ministério público lhe permite, fala com os arguídos cordialmente como se tudo não passasse de um jogo e acredita que um dia tudo será diferente, que a verdade virá ao de cima.
Os próprios advogados oficiosos, têm dificuldade em entender o caso e acredidar nesta história e eu, já saturado de ser chamado a testemunhar, entro nos tribunais, falo com os advogados nomeados, respondo solícito aos juízes... e de cada vez confirmo, pouco se pode acreditar nesta história porque o sistema em que vivemos é bastante mais louco que o meu amigo!"
Fim de transcrição.
Mas o seu amigo não é louco. Nós, que consentimos num sistema de justiça assim infame, é que somos.
Meu amigo, não quer me dizer o nome dos devedores, para eu publicar aqui a história completa? Eles merecem e eu sou bem capaz disso. Loucura não me falta, graças a Deus!
P.S. Este artigo foi publicado, com atribuição errada, da história a JRD. Os meus agradecimentos ao Armando, que reparou no meu erro, quanto à autoria do comentário, permitindo a correcção.