2005/04/03

"Eles" Também Dizem “Coisas Acertadas”!

Rajodoas, de “Congeminações”, notou, e bem, que Vítor Constâncio disse umas coisas acertadas; a saber: O mau funcionamento da Justiça e a morosidade dos serviços públicos, nomeadamente quando se trata de licenciamentos, são dos principais entraves ao desenvolvimento do país e da economia.
É claro que eu lhes juntaria mais alguns mas, mesmo assim, não podia deixar de fazer referência a este facto, nomeadamente porque “já me fartei de bater neste e noutros”, por causa dos disparates absurdos, que dizem , de modo a condicionar a governação, sinto-me na obrigação de sublinhar as sua afirmações quando se justifica.
Claro que o “dito cujo” aproveitou para repetir um dos seus disparates: que deve ser aumentada a idade da reforma porque...
Deve ter sido para compensar. Ou então para baralhar; ou então fazer passar esta ideia, dizendo “umas coisas acertadas" para se credibilizar. Sim porque o facto de Vítor Constâncio dizer estas coisas acertadas, que todos nós e muitos outros dizemos, já há muito tempo, não tem qualquer efeito na realidade. Nem sequer sabemos que medidas, concretas, ele propõe, para resolver estes problemas. Depende das medidas que forem tomadas, a “eficiência” do diagnóstico. Basta não tomar qualquer medida, ou tomar as medidas erradas, para que estes problemas não se resolvam e a nossa situação não possa melhorar. Assim, com este panorama, nós é que ficamos todos “descompensados”…
Vamos esperar para ver. Falar é fácil. E, visto que estamos todos de acordo, quanto a estes aspectos, não se justifica que o governo continue e adiar as medidas profundas, que já devia ter começado a tomar. Estão à espera de quê?
Como que para contrabalançar, veio Miguel Cadilhe (por cuja competência sempre tive alguma consideração), voltar a defender que se devem vender reservas de ouro, para fazer a reforma da administração pública. Assim à semelhança de tantos outros “grandes projectos” em que se gastam rios de dinheiro, para nada, para ficar tudo na mesma. Apetece-me dizer que é exactamente este tipo “abordagem das questões” que contribui para emperrar o nosso desenvolvimento, porque tudo se estudo e projecta, mas nada se faz de realmente eficiente.
Os nossos políticos e notáveis têm o péssimo vício de acharem que, desde que encomendem um estudo e mandem fazer um projecto e gastem rios de dinheiro nisso, os problemas se resolvem. Se não se resolvem, isso não tem a menor importância; gastar o dinheiro é que é importante, porque assim eles podem dizer que fizeram “muito trabalho”, fartaram-se de se esforçar, fizeram tudo o que era possível.
Quando é que os nossos políticos perceberão que têm de ser “cobrados” pela sua eficiência, pelos resultados, pelos efeitos práticos dos seus esforços e não pelos próprios esforços? Se se esforçam para nada é porque são incompetentes. Até porque os problemas não se resolvem se não forem tomadas as medidas adequadas, aquelas que não custam um chavo… mas que exigem muita coragem, clarividência, persistência, firmeza, esforço…