2005/04/07

Recordar (toda) a Obra do Papa!

No "Pé de Meias", mfc publicou um post que sublinho. Para quê darmo-nos ao trabalho de passar ao papel as nossas ideias, se outros já o fizeram com grande precisão? Aqui fica a reprodução:
"É verdade que beijou o Mundo... Sobretudo o que lhe interessava. Não me esqueço, nem perdoo, o não ter beijado o solo de Timor, quando nem sequer a ONU tinha reconhecido a anexação. Todavia, beijou o solo Indonésio!
O Prémio Nobel da Paz, Bispo de Dili, esteve 6 meses para ser recebido oficialmente por ele, tendo, em conferência de imprensa, criticado a posição Vaticana sobre Timor.
Excomungou o Padre Bloff, cujo único pecado foi defender quem menos tinha.
Saneou o Bispo de Èvreux por defender (e juntar-se) aos mais necessitados, tendo criticado publicamente a opulência Vaticana.
Negou a extradição do Arcebispo Marcinkus, Presidente do Banco do Vaticano, pedida pela República Italiana na sequência da falência fraudulenta do Banco Ambrosiano devido a branqueamento de capitais e tráfico de armas.
Na sequência dessa falência houve 2 assassinatos e um suicídio que não estão explicados. Hoje em dia não se ouve falar desse senhor, que vive actualmente nos USA ... em paz!
Abafou até mais não poder o caso de Padres e Bispos pedófilos, proibindo qualquer referência ao assunto, tendo in extremis, feito uma condenação pública de tais actos.
Quando, na Nicarágua, cumprimentava, protocolarmente, o governo de então, malcriadamente, admoestou, em público, um ministro desse governo, Padre Cardinali, que ali estava como Ministro do Governo que o recebia.
Há 6 anos recusou receber o nosso Presidente da República acompanhado da sua legítima esposa. Seis anos após emendou a mão.
Foi um Papa que anulou deliberadamente os passos iniciados por João XXIII e Paulo VI, que, esses sim, foram reformadores.
Qual o próximo? Não interessa... as organizações de poder sabem cuidar-se!
Às vezes enganam-se, mas, rapidamente, corrigem os erros... lembrem-se de João Paulo I e os seus 33 dias de Pontificado! Apenas pretendia mudar a Cúria Romana.
Que as pessoas não tenham memória curta!"
É também por isto, mas não só, que me indigna o massacre em que se têm transformado as programações televisivas, neste país, desde o anúncio do agravamento do estado de saúde do Papa.
Por isto e também porque me irrita que se atribuam, seja a quem for, virtudes que não tem (e que devia e podia ter, se quisesse). A esse propósito, deixei em "Pé de Meias", o seguinte comentário:
"Amigo mfc, concordo inteiramente com o post. Até vou fazer um link, para aqui, porque me tenho recusado a dar espaço a este assunto.
Para além das questões apontadas no post (e de se dizer que é mais do que provável que o Papa antecedente tenha sido envenenado), quero chamar a atençao para, apenas, mais duas coisas:
(1) Alguns imbecis atribuem-lhe o mérito de "ter derrotado o comunismo", mas não teve igual mérito a derrotar a forma infame como os USA e outros como eles tratam os povos do mundo.
(2) Apologista da paz e da concôrdia, mas deixou-nos a braços com uma guerra infame, com uma, ainda mais infame, "luta contra o terrorismo" que se auto justifica fazendo terrorismo psicológico sobre as pessoas.
Criticou os USA? E depois?! Disso resultou o quê? Para criticar e ninguém ouvir, estou cá eu (estamos cá nós). Não se admite que alguém com tanto poder e com capacidade de influenciar tantos milhões de pessoas, fale para dizer nada, tenha boas intenções, de que nada resulta.
Se o Papa quisesse, de facto, combater a guerra, teria muitas formas eficientes de o fazer. Não fez porque não quis; não fazia parte da sua missão. Talvez bastasse dizer o que tinha de ser dito...
Aliás, recordo que, em face duma situação semelhante, Gandhi, por exemplo, até greve de fome fez. É apenas a diferença entre ser sincero ou não.
Já chega. Mas irrita-me que se atribuam, ao Papa, tantas virtudes e mérito ocos, que não tem. É que, se "engolirmos" isto, vem, aí mais do mesmo, com o mesmo embrulho. Só por isso, para que saibam que não nos enganam, é que vale a pena dizer tudo isto, porque tudo isto tem de ser dito, (para memória futura).