2005/03/29

Castigados por passar multas!

No site da TSF, com data de 24/03, está uma notícia acerca de guardas da GNR castigados por passarem multas a graduados da mesma GNR. A notícia foi referida por alguns “blogs”, incluindo o “Pé de Meias”.
Esta notícia especifica o seguinte episódio:

“Um dos casos aconteceu na A23, perto de Abrantes. O oficial viajava à civil acompanhado da mulher e de um amigo. Parou o carro na berma da auto-estrada, onde foi abordado por uma patrulha da Brigada de Trânsito.
Um dos guardas pediu-lhe os documentos e avisou-o de que iria ser multado. O tenente-coronel foi reticente em entregar os documentos mas acabou por assinar o "auto de contra-ordenação.”
Passado um mês, o soldado que lhe passou a multa foi alvo de um processo por parte do oficial, por não lhe ter feito continência.”

Refiro o assunto, com atraso, propositadamente, para vos fazer pensar neste tipo de situações e no efeito que têm na rectidão de desempenho de cada função. Este caso é apenas um exemplo, mais um, duma situação generalizada de prepotência e arrivismo gratuitos, por parte dos que detêm algum poder, na nossa sociedade, que fazem as regras, as leis; e aplicam a justiça em função dos seus instintos mesquinhos e do seu mau carácter, sem cuidarem de saber do efeito devastador dos seus arbítrios. E ninguém põe cobro a isto!
Mas não temos que nos preocupar, porque o Sr. Ministro da Justiça vai criar um registo de dados genéticos dos cidadãos e, a partir daí, todos os nossos problemas ficam resolvidos. Não haverá mais casos destes, nem acusações infundadas onde se desperdiçam enormes quantidades de dinheiro, nem protecção da mentira e dos mafiosos, nem coisas aberrantes como o Processo Casa Pia, cuja palhaçada continua, apesar de completamente inútil e prejudicial, nem pessoas inocentes nas cadeias, nem utilização dos tribunais e das polícias para a prática dos mais diversos (e abjectos) crimes, nem nada disso.
É a habitual mania de “empreender” grandes e sonantes objectivos, inúteis no dia a dia dos cidadãos e incapazes de resolver os nossos verdadeiros problemas, em vez de actuar na realidade, nos casos concretos, nas situações, aberrantes, que existem; e começar, assim, a resolver, de facto, os problemas da sociedade, aqueles que impedem o nosso desenvolvimento. É a mesma e criminosa covardia de sempre. O que é que se podia esperar deste ministro da justiça?
Santo Deus! Agora que falo nisso, ainda mais o assunto me apavora. Se isto, do banco de dados genéticos, não tem qualquer importância para resolver os nossos reais problemas, só pode ser uma peça (mais uma) duma qualquer conspiração monstruosa.
Sr. Engº Sócrates, é pela vossa actuação, ou não, nos casos concretos, na resolução dos problemas reais, nas situações escabrosas, que vamos cobrar-vos a eficiência, porque é aí que ela se vê. Escusam de tentar utilizar estes estratagemas para desviar a atenção para outras controvérsias, porque as situaçõe aberrantes existentes não são controversas, a não ser na "opinião" falaciosa, dos seus próprios autores. Quanto à crise da nossa sociedade existe um largo consenso e é aí que há que actuar, urgentemente.
Este artigo também vai entrar no tal balanço, que tenho de fazer. Esperemos mais umas semanas, par podermos avaliar a actuação do governo, as suas prioridades e os seus efeitos na realidade, porque é aí que tudo se pode avaliar com isenção…