O Bairro Zambujal, na Buraca (limite de Lisboa), é um bairro de casas de rendas económicas (ou pelo menos parte dele?), que pertence ao Fundo de Fomento da Habitação.
Recentemente, ouvi uma história que não resisto a contar aqui, porque ela ilustra uma situação (mais uma) muito comum, nas nossas “instituições”, daquelas que bloqueiam o nosso desenvolvimento, que dificultam as condições de vida das pessoas, que fazem de nós pessoas acabrunhadas, descrentes, descontentes e zangadas com a vida (e, quantas vezes, uns com os outros). Pudera! Com exemplos destes que, dum modo ou doutro, nos atingem a todos, em todos os sectores da nossa vida…
Vamos à “história”:
A D. Maria mora no bairro Zambujal e relatou, na minha frente, estes factos. A casa dela, que lhe foi entregue há mais duma década, (pela qual paga renda ao Fundo de Fomento) tem carências de reparações e obras, desde que lhe foi entregue a chave, que nunca foram solucionadas. Quando a casa lhe foi entregue o chão estava degradado e nunca foi reparado. Depois, a casa foi-se enchendo de “bichos da madeira” que completaram a degradação dos quartos, a ponto de haver dependências em condições inabitáveis. A cozinha também começou a evidenciar os efeitos duma construção sem o mínimo de qualidade: o chão enchia-se de água, quando se abria a torneira, e apareciam todo o tipo de bichos, inclusive lagartas. A casa é demasiado húmida e insalubre.
A D. Maria, cansada de se dirigir “ao Fomento”, durante mais de um ano, mês após mês, semana após semana, para lhe resolverem o problema, acabou por (aceitando a ajuda duma senhora que se condoeu da situação) mandar arranjar a cozinha a um familiar dessa senhora, a quem ainda está a pagar a prestações, com dinheiro que não tem e que agrava as suas outras “muitas” carências. Mas os quartos continuam inabitáveis e, agora, dorme-se na cozinha.
Ao que parece, a casa é acanhada para as necessidades de toda a família e a D. Maria, ao ver vagar uma outra casa, pediu para lhe atribuírem uma casa maior (por exemplo aquela). Durante um ano prometeram-lhe que o seu pedido seria atendido. Ao fim desse tempo viu a casa ser ocupada por outra família e deixou de alimentar esperança na resolução dos seus problemas e também de perder tempo a dirigir-se às respectivas instituições. Escreveu à Câmara, foi, inúmeras vezes, à Junta de Freguesia, foi ao Fundo de Fomento, vezes sem conta, inclusive com as declarações do médico, mas nada. A sua saúde e a de toda a família é que se ressentem.
Entretanto foi vendo, com espanto, algumas casas à sua volta, com menos carências que a sua, serem reparadas e modificadas, serem-lhes colocados azulejos nas cozinhas e casas de banho (que a sua casa também não tem) enquanto que os seus problemas continuam a ser ignorados (e a agravar-se).
Depois ouviu algumas pessoas desabafarem que tiveram que pagar 300 contos, pela chave, ao Sr. Dias, para poderem ter “direito” às casas. O Sr. Dias, que já está reformado, era o “fiscal” que verificava o estado das casas, o mesmo que ignorou as suas carências.
Existem outras situações de carências de obras, que não são solucionadas e também continuam a existir casas vazias (à espera da melhor oferta, certamente).
Não sei se a D. Maria sabe que tem direito às obras, porque elas são da obrigação do senhorio, a quem paga a renda. Também não sei se essa informação lhe seria útil, ou se seria, apenas, mais uma forma de a desgastar e fazer perder tempo e paciência e saúde, de um lado para o outro, de instituição para instituição, sem que nada se resolvesse.
O que pudemos concluir, de tudo isto é que:
- Por imposição dos extorcionistas a quem o Fomento dá emprego e cobertura, as casas (e as obras) não são para quem mais precisa delas, mas para quem melhor puder pagar os subornos.
- Em vista das inúmeras visitas da D. Maria (e de outros moradores) ao Fomento e dada a diversidade de pessoas com quem falou, a situação (destes actos de extorsão) tem de ser conhecida de todos, de ter a “cumplicidade” de todos, inclusive de quem decide e dirige o organismo.
É escandalosa e intolerável a inconsciência criminosa e despudorada com que se mantêm situações destas, ao longo de décadas, com o conhecimento e conivência de todos, apesar da sua influência funesta para a saúde e bem-estar dos cidadãos, para a sua produtividade, para a sua confiança na vida e no futuro; enfim um bom exemplo de como, neste país, se “fabricam” abstencionistas. Tudo isto para proteger uns quantos criminosos que actuam de dentro das instituições; a chamada “criminalidade institucionalizada”. Será destes “bandidos” e de quem os protege que o Engº Sócrates “não vai atrás?”. Será a estes que está a prometer impunidade e cumplicidade? Depois não se queixe Sr. Sócrates. Você é que escolhe de que lado quer ficar: se do lado do país e suas necessidades, se do lado dos criminosos a impedir a resolução de todos os nossos problemas.
Recentemente, ouvi uma história que não resisto a contar aqui, porque ela ilustra uma situação (mais uma) muito comum, nas nossas “instituições”, daquelas que bloqueiam o nosso desenvolvimento, que dificultam as condições de vida das pessoas, que fazem de nós pessoas acabrunhadas, descrentes, descontentes e zangadas com a vida (e, quantas vezes, uns com os outros). Pudera! Com exemplos destes que, dum modo ou doutro, nos atingem a todos, em todos os sectores da nossa vida…
Vamos à “história”:
A D. Maria mora no bairro Zambujal e relatou, na minha frente, estes factos. A casa dela, que lhe foi entregue há mais duma década, (pela qual paga renda ao Fundo de Fomento) tem carências de reparações e obras, desde que lhe foi entregue a chave, que nunca foram solucionadas. Quando a casa lhe foi entregue o chão estava degradado e nunca foi reparado. Depois, a casa foi-se enchendo de “bichos da madeira” que completaram a degradação dos quartos, a ponto de haver dependências em condições inabitáveis. A cozinha também começou a evidenciar os efeitos duma construção sem o mínimo de qualidade: o chão enchia-se de água, quando se abria a torneira, e apareciam todo o tipo de bichos, inclusive lagartas. A casa é demasiado húmida e insalubre.
A D. Maria, cansada de se dirigir “ao Fomento”, durante mais de um ano, mês após mês, semana após semana, para lhe resolverem o problema, acabou por (aceitando a ajuda duma senhora que se condoeu da situação) mandar arranjar a cozinha a um familiar dessa senhora, a quem ainda está a pagar a prestações, com dinheiro que não tem e que agrava as suas outras “muitas” carências. Mas os quartos continuam inabitáveis e, agora, dorme-se na cozinha.
Ao que parece, a casa é acanhada para as necessidades de toda a família e a D. Maria, ao ver vagar uma outra casa, pediu para lhe atribuírem uma casa maior (por exemplo aquela). Durante um ano prometeram-lhe que o seu pedido seria atendido. Ao fim desse tempo viu a casa ser ocupada por outra família e deixou de alimentar esperança na resolução dos seus problemas e também de perder tempo a dirigir-se às respectivas instituições. Escreveu à Câmara, foi, inúmeras vezes, à Junta de Freguesia, foi ao Fundo de Fomento, vezes sem conta, inclusive com as declarações do médico, mas nada. A sua saúde e a de toda a família é que se ressentem.
Entretanto foi vendo, com espanto, algumas casas à sua volta, com menos carências que a sua, serem reparadas e modificadas, serem-lhes colocados azulejos nas cozinhas e casas de banho (que a sua casa também não tem) enquanto que os seus problemas continuam a ser ignorados (e a agravar-se).
Depois ouviu algumas pessoas desabafarem que tiveram que pagar 300 contos, pela chave, ao Sr. Dias, para poderem ter “direito” às casas. O Sr. Dias, que já está reformado, era o “fiscal” que verificava o estado das casas, o mesmo que ignorou as suas carências.
Existem outras situações de carências de obras, que não são solucionadas e também continuam a existir casas vazias (à espera da melhor oferta, certamente).
Não sei se a D. Maria sabe que tem direito às obras, porque elas são da obrigação do senhorio, a quem paga a renda. Também não sei se essa informação lhe seria útil, ou se seria, apenas, mais uma forma de a desgastar e fazer perder tempo e paciência e saúde, de um lado para o outro, de instituição para instituição, sem que nada se resolvesse.
O que pudemos concluir, de tudo isto é que:
- Por imposição dos extorcionistas a quem o Fomento dá emprego e cobertura, as casas (e as obras) não são para quem mais precisa delas, mas para quem melhor puder pagar os subornos.
- Em vista das inúmeras visitas da D. Maria (e de outros moradores) ao Fomento e dada a diversidade de pessoas com quem falou, a situação (destes actos de extorsão) tem de ser conhecida de todos, de ter a “cumplicidade” de todos, inclusive de quem decide e dirige o organismo.
É escandalosa e intolerável a inconsciência criminosa e despudorada com que se mantêm situações destas, ao longo de décadas, com o conhecimento e conivência de todos, apesar da sua influência funesta para a saúde e bem-estar dos cidadãos, para a sua produtividade, para a sua confiança na vida e no futuro; enfim um bom exemplo de como, neste país, se “fabricam” abstencionistas. Tudo isto para proteger uns quantos criminosos que actuam de dentro das instituições; a chamada “criminalidade institucionalizada”. Será destes “bandidos” e de quem os protege que o Engº Sócrates “não vai atrás?”. Será a estes que está a prometer impunidade e cumplicidade? Depois não se queixe Sr. Sócrates. Você é que escolhe de que lado quer ficar: se do lado do país e suas necessidades, se do lado dos criminosos a impedir a resolução de todos os nossos problemas.
Nota: Ao que me informaram, o Fundo de Fomento da Habitação (no dizer da D. Maria: o Fomento), já não existe. Agora chama-se IGAPHE (Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado). As casas deveriam passar para as Câmaras? No dizer da D. Maria, essa hipótese (de que também falou, espontaneamente), não se concretiza por divergências entre as duas entidades. E mais não sei...