Em "a mesa do costume", neste tema, deixei mais um comentário.
Então vamos lá "lançar mais umas achasitas para esta fogueira". Sim porque, ao contrário de "agrafo", eu acho que não estamos a 4 anos das próximas legislativas; estamos a muito menos.
Por isso, proponho, para este tema, essa mesma derivação:
(1) a que se deve a instabilidade governativa (mesmo quando existem maiorias obsolutas)?
(2) porque é que o actual sistema não consegue resolver os problemas da sociedade?
(3) porque é que as instituições sociais, políticas, económicas, governativas e da justiça não funcionam?
Para iniciar, vou, mais uma vez, "puxar a brasa à minha sardinha". Quer dizer, reafirmar o que já disse muitas vezes e acrescentar algumas coisas.
Todos sabem que eu defendo que todos os nossos problemas têm solução. Também já o disse, várias vezes, que a única razão pela qual não se chega às soluções é a ausência de democracia. É claro que, cada um pode apresentar outras justificações, ou opiniões diferentes; mas, quando se trata dos políticos, dos que detêm o poder, não é admissível que apresentem "razões" que não passam de desculpas, apresentando os nossos problemas como fatalidades, com argumentos próprios de mentecaptos. Quando se trata dos políticos é-lhes exigível, tem que passar a ser-lhes exigível, que provem, na prática, a validade dos seus argumentos. Mas os políticos não se preocupam com isso porque acham que não precisam; acham que conquistaram o direito de nos enganar, eternamente. Para isso contam com a monopolização dos órgãos de comunicação social, com a demagogia e com a falsidade e hipocrisia de todos os notáveis. Logo, não precisam de ter respeito pela nossa inteligência.
Isto conduz-nos à outra questão que me é tão cara.
Será que a governação deve continuar a ser exercida pelos partidos, nos actuais moldes? Será que isso não é, na sua essência, um contracenso (por opção do comportamento dos próprios partidos)?
A governação, assim entregue aos partidos, nos moldes actuais, transformou-se num jogo, de cujo os problemas e as necessidades reais da sociedade estão completamente arredados. Transformou-se num jogo porque não pode ser outra coisa, em vista da fraca representatividade, objectiva, de cada partido (de cada governo). Mas a governação deve ser exercida em nome da sociedade, para resolver os problemas da sociedade. Logo o governo tem de ter o apoio e a confiança da maioria dos cidadãos. Não é assim e ninguém actua para que assim seja!
Em face deste impasse, será que pudemos, ou devemos, exigir aos cidadãos que se violentem, cedam à demagogia e à mentira e votem em quem não querem, escolham onde não querem escolher? Ou será que temos que introduzir alterações no actual sistema, para que passe a funcionar e a ser eficiente?
Em qualquer caso, acho que não se pode dar "espaço" e garantir impunidade aos partidos para estes continuarem a sua destruição. O povo tem de ser chamado, regularmente, a pronunciar-se sobre o desempenho do governo e dos parlamentares, para acabar com esta bandalheira de os eleitos (alguns que ninguém elegeu) terem poderes absolutos e descricionários, até de decidirem sobre os seus próprios méritos, sem darem contas a ninguém, sem se preocuparem com a destruição que provocam, sem prestarem contas dos crimes que cometem. Eu disse crimes!
É que assim, sendo eles a decidir tudo (e a monopolizar tudo) isto deixa de ser democracia (que nunca foi) e passa a ser uma ditadura (que nunca deixou de ser).
É claro que pudemos sempre meter a cabeça na areia, fugir, covardemente, da realidade, concordar, subservientemente, com quem nos quer "fazer a cabeça" e deixar a situação continuar a agravar-se.
Não é necessário inovação? Todos o reconhecem! Pois inovemos onde se justifica, onde é premente haver alterações.
As alterações vão acontecer; o que não está decidido é qual vai ser a nossa participação nelas; isto é: em que sentido serão.
Quando se tem uns sapatos pequenos e apertados, deve-se cortar os pés, ou trocar os sapatos? Pois troquemos os sapatos, porque é o mais sensato e o mais eficiente. De contrário corremos o risco de ficarmos (ainda mais) aleijadinhos.