No artigo abaixo, intitulado: "Nós", os Políticos e a Democracia, o Luis, deixou o seguinte comentário:
"Antes de mais, quero deixar bem claro que não pretendo dar lições a ninguém. Quando entro num debate, gosto de dar a minha opinião, expondo as razões que me levam a pensar como penso. E não tenho problemas em mudar de opinião, se me apresentarem argumentos mais válidos do que os que tinha inicialmente.
Dito isto, começaria por defender a coerência das minhas palavras, a qual é posta em causa no seu ponto 2.
Por favor, não descontextualize o que eu disse! Quando afirmei que “não posso concordar que se dê, à opinião de quem não vota, um valor superior àquele que lhe é devido” não estava a falar do caso actual! Estava a referir-me à eventual colocação em prática da sua proposta, tendo em conta a inevitabilidade da abstenção técnica! Pode comprová-lo no comentário original.
Logo a seguir, o Biranta volta a descontextualizar aquilo que eu afirmei, quando diz que eu estou do lado “deles” – pelo que subentendo, do lado dos políticos desonestos e incompetentes. Pois bem... esqueceu-se de que essa frase completa é: “Concordo que é preciso encontrar novas formas de responsabilizar os eleitos. Mas isto se é para uns, é para todos, e por isso sou absolutamente contra a desresponsabilização dos eleitores. E, na prática, é isso que acontece se for dado peso parlamentar à abstenção”. Confirme, se faz favor.
Resumindo, eu sou a favor da responsabilização de eleitos e de eleitores e não, como você acusa, da inocentação de quem tem os cargos, qualquer que seja o uso que fizer deles.A desresponsabilização é coisa que nunca me verá defender! Aliás, uma das razões porque assino o que escrevo na Internet com o meu nome verdadeiro é porque não tenho problemas em ser, eventualmente, responsabilizado pela expressão dessas opiniões.
Quanto às acusações que me faz no resto do texto – demagogia, chantagem emocional, terrorismo intelectual, atitudes ditatoriais, falta de argumentos, etc. – vou optar por ignorá-las, pois penso que convém realmente manter determinado nível de civismo, já que também eu gosto de respeitinho...
Na blogosfera, e não só, tenho tentado ter sempre uma atitude proactiva, avançando com ideias e soluções – por pequenas que sejam – para a melhoria do bem-estar colectivo. Penso que esse tipo de atitude é essencial para sair da “bandalheira actual”, como lhe chama.
Por exemplo, em relação ao sistema eleitoral, tenho apontado as falhas do sistema actual e avançado com sugestões concretas para as resolver sem grandes complicações – vide o estudo “Diz-me onde votas, dir-te-ei quanto vales”.
Estudos como este têm-me tomado tempo precioso, mas é com gosto que os faço e os tento divulgar pelo maior número possível de pessoas, em busca do debate de ideias, da crítica e de pontos de vista diferentes do meu.
Como a noite já vai longa, fico-me por aqui, mas não sem antes notar que o comentário que refere em (6) pertence, curiosamente, ao meu amigo Henrique Craveiro, cuja visão do que deveria ser a vida política é muito similar à minha..."
Fim
Divergências à parte, talvez tenhamos os mesmos objectivos...
Divergências à parte, talvez tenhamos os mesmos objectivos...
Admito perfeitamente que "não sou muito" de avançar com soluções "por pequenas que sejam". Deve ser um "defeito de fabrico", mas como as soluções, quando são "pequenas" correm o risco de não ser, sequer, "soluções", deixam de me interessar. Habitualmente, deixo isso das "pequenas soluções" para os gestos do dia-a-dia, para a vida particular, como forma de não contribuir para aumentar "os males do mundo", mas sabendo que fazem pouca diferença e lamentando, sempre, ver faltarem as soluções que deviam ser implementadas, oraganizadamente, para resolver esses e outros problemas. Tanta coisa tão fácil de resolver, (pelos políticos e por quem tem os cargos) que contribuiria tanto para melhorar o mundo e as nossas condições de vida em sociedade...
Quando se trata de política, de sistema eleitoral, de coisas assim, de facto, a minha "ambição" (em matéria de eficiência das coluções propostas) é grande. Nisso não costumo "deixar créditos por mãos alheias", nem ser tolerante para com quem tem os cargos apenas para se servir deles; que acham que podem manter os cargos mesmo evidenciando, todos os dias, que não sabem o que fazer com eles, que não resolvem os respectivos problemas.
Este tipo de situações mantem-se e tem-nos destruido porque os políticos nos tentam convencer que não existem (outras) soluções, aduzindo uma série de desculpas, bem conhecidas de todos, que me escuso de reproduzir aqui. Isso é falso! As soluções existem (e as pessoas adequadas para as implementar também) e os problemas só não são solucionados por deficiência de democracia.
Os políticos não sabem nem querem saber das soluções, nem as procuram, nem se preocupam com isso, porque são arrivistas e desonestos, prepotentes e autocratas, servindo-se de todo o tipo de ideias cretinas para nos convencerem de que tem de ser assim, porque o povo não sabe decidir, não sabe o que quer, decide mal (somos todos estúpidos, feios, porcos e maus) e por isso tem de haver quem governe, com condições para governar (isto é apropriando-se de representatividade que não tem).
Isto tudo é manipulação, infame e criminosa, da opinião pública, propaganda nazi, que só pode ter como resultado o descalabro de situação que vivemos, actualmente. O que resulta é um sistema tão pérfido nos seus pressupostos e funcionamento como o regime feudal.
Tudo isto é incompatível comos conceitos básicos duma sociedade organizada e evoluída. Tudo isto é incompatível com os conceitos de liderança e de legitimidade de governação democrática. Se os nossos políticos não obtêm a confiança e os votos dos cidadãos é porque não sabem ser líderes. Também por isso (ou a demonstrá-lo) não sabem governar nem resoilver os nossos problemas. Então porque é que se devem manter no poder?
Daí o facto de eu teimar em que tem de haver democracia no sistema eleitoral, valorando a abstenção!
Há outros motivos pelos quais eu defendo a valoração da abstenção: actualmente, a nossa situação chegou a um descalabro tal que não adianta colocar algumas pessoas honestas em lugares da governação, porque existem vários sectores onde, como diz o amigo Raúl "qualquer coisa que se faça para melhorar, esbarrará sempre com a oposição de todos os influentes a quem esta situação serve na perfeição".
Perante situações destas, o que fazem os governos? Cedem, rebaixam-se, desculpam-se (como se tivessem desculpa) e até legislam no sentido de manter e agravar os problemas dos cidadãos, em cada um desses sectores. Temos vários exemplos, mas o mais flagrante é o do PGR.
Os crimes que assim se cometem e estas atitudes dos governos levantam um coro de protestos e denúncias e apelos e cartas abertas e fechadas, por parte dos sectores mais dignos da sociedade e, sobretudo, por parte dos cidadãos, cuja indignação e revolta cresce todos os dias. Mas tudo isto é ignorando, inclusive pelos políticos, porque este país se transformou no local sem lei nem dignidade, a definhar nas mãos de criminosos.
Istro não é admissível, nem os políticos podem ser inocentados de tais situações, porque é a eles que é entregue o poder. Por isso há que implementar um sistema eleitoral em que os políticos sejam responsabilizados por tudo isto, porque a responsabilidade é deles.
Eu admito que alguns destes problemas sejam difíceis de resolver. Mas, caramba! Eles têm de se resolvidos. Portanto, se os governos não sabem resolvê-los, ou "ter mão" nesta gente e seus crimes, então façam com que haja mais cargos que passem a ser de eleição directa, tenham a coragem de obter a opinião dos cidadãos e procedam em conformidade, assim legitimados.
Mas não! O que se vê é precisamente o contrário, porque os políticos são os principais cúplices, premeditados, deste estado de coisas! Impera a desculpa de que somos estúpidos e não sabemos o que é bom para nós e, em consequência, perpetuam-se os crimes que denunciamos todos os dias, com que nos indignamos todos os dias, que nos têm destruído e continuam a destruir.
Portanto, é necessário que o sistema eleitoral permita que os políticos sejam punidos por cada infâmia que cometem, ou deixam cometer, sobre todos e cada um dos cidadãos. É necessário recuperar a nossa dignidade colectiva, que tão ultrajada está.