2005/06/29

A Constituição Europeia

Hoje, tinha várias coisas para escrever, acerca de trapalhadas, de greves, de lei do aborto...
Mas como me cansam, já, ouvir sempre os mesmos disparates, resolvi recuperar este artigo, de A Mesa do Costume:
"Afinal, a “União Europeia” é união de quem, para quê?Discordo, em absoluto, do sentido geral do contributo do Augusto, apenas pelo facto de que, em sessenta anos, passaram, em termos de população intelectualmente activa, 2 gerações.
O Augusto já nos habituou aos seus excelentes textos de análise do passado. Porém, a meu ver, as análises do passado devem ser feitas numa perspectiva de “avanço”, de assimilação e prevenção dos respectivos erros, por parte dos povos, que é um factor, primordial, a ter em conta.
Nas nossas sociedades nada é estático (nunca foi) e muito menos os comportamentos sociais. Também as pessoas evoluem; e até criam “anti-corpos” para os logros como o foi o “nacional socialismo”. Aliás, é a isso mesmo que estamos a assistir, quando as pessoas resistem aos disparates absurdos que os dirigentes europeus lhes pretendem impor.
Discordo do Luís, apenas neste ponto: o problema não é de lideranças “fortes”, mas de lideranças dignas, credíveis e democráticas. De lideranças em que os cidadãos se revejam, o que exclui, em absoluto, o retrocesso às divergências provocadas e promovidas pelos chauvinismos vesgos. O problema é de qualidade, intelectual e democrática, dos políticos que temos.
Desde há muito que eu acho que existe um fosso, com a “largura” de mais de um século, entre o nível filosófico e intelectual atingido pela humanidade e a prática social e política. É esse fosso que tem de ser ultrapassado no sentido positivo, o que significa um substancial aprofundamento das práticas democráticas.
Vejamos alguns exemplos:
(1) Os objectivos e interesses inconfessáveis a que tem obedecido a “construção” europeia e a intenção, premeditada, de afastamento dos cidadãos dela, revela-se, por exemplo, no facto a Europa não ter escolhido e assumido uma língua comum, cujo ensino devia ter sido tornado obrigatório, desde o início da escolaridade, para todos os cidadãos de todos os estados que fossem aderindo. Como é que se constrói uma União europeia, onde os cidadãos não se entendem entre si, não conseguem comunicar entre si, naturalmente?
(2) Revelam-se, por exemplo, no facto de os líderes europeus terem escolhido Durão Barroso, para presidente da Comissão e persistido na nomeação, apesar de ele integrar uma força politica que obteve cerca de 13% (sublinho TREZE %) dos votos, nas eleições internas. Uma indicação clara de que, naqueles círculos, tudo se decide de acordo com os interesses e “simpatias” pessoas, sem cuidar de considerar a opinião dos respectivos cidadãos.
(3) Quanto à guerra, no Iraque, quem esteve dividido foram os líderes europeus, não os respectivos povos. Aí está um bom “motivo” e pretexto para construir a União da Europa… Mas ninguém questionou a ilegitimidade democrática dos governantes que apoiaram aquela aberração (a invasão do Iraque), contra a vontade manifesta da maioria da respectiva população.
Por quê?
Porque isso colocaria em causa os próprios e a legitimidade democrática de algumas das suas opções. Mais! Nomearam um deles (dos que apoiaram a aberração da guerra, contra a vontade do respectivo povo) para presidente da comissão…
Portanto, e para concluir, os problemas da construção europeia são de lideranças, de qualidade DEMOCRÁTICA dos respectivos lideres, não de divergências entre os povos. Nem sequer uma União Europeia, assim “construída”, tem qualquer interesse para nós, cidadãos, pelo contrário. Pois o presidente da comissão não acha primordial a “cooperação”, leia-se: subserviência, relativamente aos (odiados) governantes dos USA?