O amigo Augusto M, publicou, em Klepsidra, um artigo sobre questões ecológicas e escreveu, aqui, em resposta ao meu comentário um texto a que julgo ser importante responder:
“Confesso ter ficado surpreendido com conteúdo do seu comentário.
“Confesso ter ficado surpreendido com conteúdo do seu comentário.
Quando diz,”eu quero dizer aqui, bem alto: nada tenho a ver com isso, como acontece com a maioria das pessoas, porque a maioria das pessoas são gente digna. Por isso acho que todos estes problemas se resolveriam com democracia a sério”, talvez possa interpretar que me encontro no grupo oposto, os não dignos, por não virar as costas aos problemas e alijando-os para os outros, a Democracia a Sério. Mas a tal Democracia a Sério, onde costuma confinar a solução dos problemas, também como eu sabe, é uma utopia, pois ela e a Liberdade acabam sempre, no limiar do poder. Só temos a Democracia e a Liberdade que nos deixam ter. Não estou resignado com isso, mas reconheço, que não é com palavras que a situação muda, a história ensina-nos que sempre que se procurou alterar o estatuto, apareceu a revolução.
Admitir que a Natureza se encarrega de encontrar as pessoas certas, na hora certa, para cada cargo e função, é admitir que ela também se engana, quando cria os monstros que todos conhecemos. È um vaticínio empírico, em que não acredito. A Natureza é demasiado sublime para ser assim banalizada.
Conhecendo, pelos seus textos, o seu espírito “guerreiro” que muito admiro, custa-me a acreditar que uma causa como esta, a mais importante, não faça o seu género de luta. Mesmo assim continuo a acreditar que dava uma fantástica ecologista.
O meu texto, muito modesto, reconheço, não pretendia mais do que chamar à atenção para um ponto fundamental. O desastre ecológico deve-se ao egoísmo das pessoas, mas mesmo de todas, sejam elas dignas ou não. Basta reflectir um pouco, para se aperceber onde está a sua quota parte.
Um grande abraço. Augusto”
Resposta:
Começando pelo fim! A minha quota parte, para o desastre ecológico é ZERO! Porque uma coisa é nós termos que nos subjugar a viver a vida que nos deixem viver, como nos impõem que a vivamos, outra coisa é termos alguma coisa a ver com os problemas e pudermos participar nas respectivas soluções.
Começando pelo fim! A minha quota parte, para o desastre ecológico é ZERO! Porque uma coisa é nós termos que nos subjugar a viver a vida que nos deixem viver, como nos impõem que a vivamos, outra coisa é termos alguma coisa a ver com os problemas e pudermos participar nas respectivas soluções.
Sempre fui mais de solucionar problemas do de lamentá-los. Cheguei a responder, malcriadamente, reconheço, a um chefe, que me dizia ter eu cometido um qualquer engano: “Pois deixe ver, que eu corrijo! Os erros são para isso mesmo, para serem corrigidos, e eu sei corrigir os meus erros!”. Escusado será dizer que não me foi apresentado erro nenhum, pelo que fiquei sem saber, até hoje, se era verdade ou um pretexto de vexame, tão comum naquele meu “relacionamento”.
Mas eu sei que cometo erros! Como toda a gente e também como a própria humanidade, no seu percurso!
Só que, para mim, a questão está mesmo aí: na correcção dos erros, no saber arrepiar caminho; também nas questões da ecologia. Actualmente não é possível “arrepiar caminho”, por tudo ser “Utopia”! Não é utopia nenhuma! É um objectivo que está bem aí, ao alcance da mão; é só fazer… Os principais impedimentos provêm da actual estrutura do poder e da ausência de democracia que, também ela, não é utopia; bem pelo contrário: é uma necessidade premente, o único sistema social que nos pode salvar e permitir resolver os problemas. Como também não é utopia a liberdade, entendida como exercício (e reconhecimento) da dignidade de cada um, como elemento da sociedade… A relação “causa-efeito” entre esta estrutura do poder e estas questões, o próprio amigo Augusto identifica quando reconhece, e muito bem, que: “só temos a democracia e a liberdade que nos deixam ter”. Sendo esse o cerne da questão é isso também que tem de ser alterado, para passarmos a ter “liberdade” de participar na definição das regras sociais e outras, para passarmos a participar na “resolução dos problemas”.
Aliás ofereço um prémio a quem alguma vez me encontrar a lutar por quimeras, a perder tempo com utopias, a clamar por objectivos impossíveis. Até porque, quando isso acontecesse, se todos estes objectivos se transformassem em “utopia”, subia ao cimo do prédio mais alto que encontrasse e deixava-me cair para a rua. Mas passa pela cabeça de alguém que me acomodaria a partilhar esse tipo de culpas e a continuar a viver dentro dessa prisão?
E aqui chegamos ao fulcro desta questão que é, exactamente, o que cada um sabe e “percebe” acerca das questões que nos rodeiam; aquilo em que cada um acredita; a forma como teorizou e interiorizou os ensinamentos (ou desensinamentos) da vida, questão que se prende com aquela outra de “a natureza, de tão “sublime” que é, “cria”, em cada tempo e lugar, as pessoas certas”… Isso é um facto indesmentível! Agora se essas pessoas certas ocupam os lugares certos, ou não, já é outra questão, de organização social, da competência e capacidade da humanidade de funcionar, ou não, como tal, como humanidade; uma questão a resolver pela DEMOCRACIA, por mais que essa ideia soe estranha aos ouvidos de muita gente.
A natureza cria as pessoas certas, mas também cria as pessoas erradas. Até o amigo Augusto publicou, há bem pouco tempo, um artigo sobre a “origem do mal”, entendido como conceito absolutamente relativo, reconhecendo que existem comportamentos que a sociedade tipifica como “mal”. E que, para corrigir esses comportamentos, se foram criando leis e regras e punições para quem as viole…
Reconheço que estes conceitos, de que falo, são estranhos à maioria das pessoas, porque nunca fizeram parte dos léxicos culturais, ao contrário daquela atribuição das culpas da situação desastrosa, que o mundo vive, à generalidade das pessoas, que eu considero tão útil para manter as coisas como estão, tão útil para baralhar e ilibar os únicos responsáveis... Eles sabem disso e aproveitam. Tenho-o constatado e posso garanti-lo!
Reconheço que, por isso, é mais difícil as pessoas me compreenderem, mas também, se todos actuássemos como devíamos, não estaríamos aqui a ter esta conversa (que já estaria ultrapassada); estaríamos, certamente, a falar doutros assuntos. Até por isso, porque temos que dar passos em frente, há que não desistir, que persistir no caminho certo e na divulgação das "teorias e regras", que nos podem salvar, a todos, mas que apenas são possíveis com a participação e mobilização da maioria, liberta de "complexos de culpa" existencialistas e paralisantes, como os que nos são inculcados todos os dias; ou de "complexos de culpa" dos "outros", que impedem a cooperação, a associação de esforços, pelos objectivos que interessam, por objectivos atingíveis… mas só com DEMOCRACIA.
Mas eu sei que cometo erros! Como toda a gente e também como a própria humanidade, no seu percurso!
Só que, para mim, a questão está mesmo aí: na correcção dos erros, no saber arrepiar caminho; também nas questões da ecologia. Actualmente não é possível “arrepiar caminho”, por tudo ser “Utopia”! Não é utopia nenhuma! É um objectivo que está bem aí, ao alcance da mão; é só fazer… Os principais impedimentos provêm da actual estrutura do poder e da ausência de democracia que, também ela, não é utopia; bem pelo contrário: é uma necessidade premente, o único sistema social que nos pode salvar e permitir resolver os problemas. Como também não é utopia a liberdade, entendida como exercício (e reconhecimento) da dignidade de cada um, como elemento da sociedade… A relação “causa-efeito” entre esta estrutura do poder e estas questões, o próprio amigo Augusto identifica quando reconhece, e muito bem, que: “só temos a democracia e a liberdade que nos deixam ter”. Sendo esse o cerne da questão é isso também que tem de ser alterado, para passarmos a ter “liberdade” de participar na definição das regras sociais e outras, para passarmos a participar na “resolução dos problemas”.
Aliás ofereço um prémio a quem alguma vez me encontrar a lutar por quimeras, a perder tempo com utopias, a clamar por objectivos impossíveis. Até porque, quando isso acontecesse, se todos estes objectivos se transformassem em “utopia”, subia ao cimo do prédio mais alto que encontrasse e deixava-me cair para a rua. Mas passa pela cabeça de alguém que me acomodaria a partilhar esse tipo de culpas e a continuar a viver dentro dessa prisão?
E aqui chegamos ao fulcro desta questão que é, exactamente, o que cada um sabe e “percebe” acerca das questões que nos rodeiam; aquilo em que cada um acredita; a forma como teorizou e interiorizou os ensinamentos (ou desensinamentos) da vida, questão que se prende com aquela outra de “a natureza, de tão “sublime” que é, “cria”, em cada tempo e lugar, as pessoas certas”… Isso é um facto indesmentível! Agora se essas pessoas certas ocupam os lugares certos, ou não, já é outra questão, de organização social, da competência e capacidade da humanidade de funcionar, ou não, como tal, como humanidade; uma questão a resolver pela DEMOCRACIA, por mais que essa ideia soe estranha aos ouvidos de muita gente.
A natureza cria as pessoas certas, mas também cria as pessoas erradas. Até o amigo Augusto publicou, há bem pouco tempo, um artigo sobre a “origem do mal”, entendido como conceito absolutamente relativo, reconhecendo que existem comportamentos que a sociedade tipifica como “mal”. E que, para corrigir esses comportamentos, se foram criando leis e regras e punições para quem as viole…
Reconheço que estes conceitos, de que falo, são estranhos à maioria das pessoas, porque nunca fizeram parte dos léxicos culturais, ao contrário daquela atribuição das culpas da situação desastrosa, que o mundo vive, à generalidade das pessoas, que eu considero tão útil para manter as coisas como estão, tão útil para baralhar e ilibar os únicos responsáveis... Eles sabem disso e aproveitam. Tenho-o constatado e posso garanti-lo!
Reconheço que, por isso, é mais difícil as pessoas me compreenderem, mas também, se todos actuássemos como devíamos, não estaríamos aqui a ter esta conversa (que já estaria ultrapassada); estaríamos, certamente, a falar doutros assuntos. Até por isso, porque temos que dar passos em frente, há que não desistir, que persistir no caminho certo e na divulgação das "teorias e regras", que nos podem salvar, a todos, mas que apenas são possíveis com a participação e mobilização da maioria, liberta de "complexos de culpa" existencialistas e paralisantes, como os que nos são inculcados todos os dias; ou de "complexos de culpa" dos "outros", que impedem a cooperação, a associação de esforços, pelos objectivos que interessam, por objectivos atingíveis… mas só com DEMOCRACIA.