Em Congeminações, acerca da crise nos relacionamentos amorosos, étero-sexuais... E das preocupações de autor quanto ao futuro da mulheres... E da espécie, também...
"Pois eu acho que esta situação é perfeitamente natural, em vista do facto de esse tipo de coisas, que são naturais, mas que têm um lugar específico na vida das pessoas, entre tantas outras coisas, terem passado, há muito, a ser sobrevalorizadas, exibidas até à exaustão, analisadas e dissecadas, até se transformarem em "mais uma" preocupação, acarretando mesmo uma enorme pressão, quantas vezes no pior sentido. É assim, um pouco como o Futebol...
Depois, a sociedade não procura elevar o nível intelectual dos cidadãos e dos seus relacionamentos, acontecendo que uma grande parte das pessoas transfere, para as suas relações pessoais, os "vícios" que lhe são incutidos pela sociedade, como seja a necessidade de afirmação própria, em detrimento do respeito mútuo.
Mas isso passa! São crises normais da evolução humana; tanto mais normais quanto os respectivos âmbitos estejam sujeitos a tamanha pressão como a que acontece agora. Não creio que seja motivo de alarme, porque a humanidade consegue, sempre, resolver esse tipo de problemas, até porque dependem de todos e de cada um, muito mais do que das estruturas, cujo peso negativo está condenado a desaparecer...
Eu, pela parte que me toca, não concebo Amor sem reciprocidade, porque esse tipo de insistência, considerado tão normal pela sociedade, me parece bem pouco "amistoso", para além de humilhante para quem "ama" quem lhe não queira. Na generalidade dos casos, não passam de equívocos, mas as pessoas envolvidas não conseguem ver isso, devido às pressões psicológicas, distorcidas, algumas delas endógenas, de necessidade de afirmação e auto-estima, que colocam nos seus "problemas".
Bom. Mas também a maturidade, nesta como noutras coisas, não nasce com as pessoas; adquire-se! E a sociedade dificulta esse "amadurecimento", pela forma como estas coisas são tratados (e até romanceadas)."