2004/12/29

Alterações na política!

O texto que se segue é adaptado doutro comentário que deixei em "Alternativa"
Biranta é pseudónimo!
Oh João, quando "a gente" discute um tema, em comum, é bom que consigamos nos entender, isto é: "falar a mesma língua". Por isso vou tentar precisar alguns conceitos que estão subjacentes aos meus comentários e que me parecem abordados duma perspectiva completamente diferente (mais teórica), por si.
(1) A abstenção é negativa? Sou capaz de concordar. Mas negativa, ou não, ela existe; envolve uma enorme quantidade de cidadãos e, a forma como estas pessoas ficam, assim, arredadas da vida política tem uma série de consequências, objectivas, perniciosas, que não vou enumerar, por agora. Uma delas, talvez a mais importante, é a distorsão que provoca no regime democrático.
(2) Ora, se eu também não consigo, nem à lupa, encontrar alguém em quem possa confiar o meu voto e, ainda por cima, sei que a maioria das pessoas que votam nos partidos, o fazem escolhendo "do mal o menos" e depois discordam, abertamente, da prática desse mesmo partido em que votaram, sem que ninguém os ouça (a uns e a outros), o que é que quer que eu proponha? Baixar os braços (não faz o meu género); entrar na onda (muito menos); digerir, em silêncio, indignação e revolta (tão pouco). Portanto, só me resta tentar encontrar soluções eficazes, com aquilo que temos.
(3) Mas, o mais importante de tudo isto é contrariar uma certa mistificação, que "pega" com muitas pessoas das que "entram na onda" que é: não é a política que torna pérfidos os políticos, é o contrário. A política é uma função; é "gerir a coisa pública", não tem "capacidade" para exercer qualquer efeito sobre as pessoas. O contrário sim!
Digamos que a nossa diferença de posições objectivas terá que ver com uma minha característica que é: sou muito mais de resolver problemas do que de os lamentar. E, perante um problema, a primeira coisa que penso é numa solução eficiente.
E aqui chegamos a uma outra encruzilhada: Não creio, tal como a maioria dos cidadãos deste país, que, de dentro dos partidos, nos possa vir alguma "ajuda". Se isso fosse possível, já teria vindo, porque a situação justifica-o, há muito tempo.
Por outro lado, repito, acho que os partidos devem poder organizar-se como entenderem e que a lei não deve interferir nisso. Porque é essa a essência da democracia e também porque se perderia uma parte do que faz a importância dos partidos. Até porque: uma medida que hoje pode parecer, circunstancialmente, positiva, amanhã pode revelar-se perversa. Além de que nada, nessa medida, nos garante que os partidos passariam a ter um comportamento diferente, relativamente à maneira de fazer política. Ou seja: não vejo como isso poderia garantir a responsabilização dos políticos pelos seus actos (e olhe que são muitos) que prejudicam a sociedade e nos prejudicam a todos; até porque são praticados contra a vontade (e opinião) da maioria dos cidadãos.
Também não ando à procura doutro partido. Talvez isso se justifique, não sei nem me interessa, para já. O que me interessa é que os políticos não possam continuar a nos enganar, descaradamente, como têm feito até agora, estes ou outros que venham (outros partidos).
Mas a "minha" principal razão está na constatação de que todos os nossos problemas têm soluções óptimas; que existem, na sociedade, todos os meios para as implementar (as soluções); que não são implementadas porque os políticos não se preocupam com isso (não precisam) só se preocupam com coisas que não nos interessam; que tem de ser o poder (os políticos eleitos, portanto) a promover a implemenntação dessas soluções (que é para isso que são eleitos); que não o farão, a não ser que sejam obrigados, pela força das circunstâncias, por não terem outra alternativa. Caso contrário já teriam implementado essas soluções.
Isto tudo para concluir que quem falhou foram os partidos, que são os únicos responsáveis pela situação actual, por isso é justo que sejam punidos adequadamente. Até porque as competências para sair deste atoleiro (objectivo que deveria ser a prioridade máxima deles, se fossem honestos e dignos), não se confinam, certamente, a um dado espectro partidário, filosofia, ou crença. Vê alguma forma de sairmos disto, em tempo útil, sem que as ideias bacocas dos políticos e dos partidos tenham que ser profundamente abaladas? Eu não!
Só mais uma coisa: os cidadãos são suficientemente dignos e civilizados (no conjunto, claro está) para reconhecerem (e premiarem) o valor de quem o tem. Por isso, está nas mãos dos partidos, e só deles, reconquistar a confiança dos cidadãos e merecer o seu apoio. É tão simples quanto isto. Além de que não pretendo "impor" nada que não seja aceite pela maioria da população, pelo contrário: acho que o caminho é aumentar a participação e envolvimento dos cidadãos e não o oposto; os cidadãos poderem participar, espontaneamente, com cada um a poder expressar o que pensa e não sob a chantagem habitual (e actual) de que temos que votar num certo partido, porque senão é pior.
Nenhum deles presta! Que culpa é que eu tenho?