2004/12/17

Do lado errado! Que esperança!

“Por um lado há os que nascem no lado errado da vida... por outro, os que detêm o poder erradamente!
Junte-se sal q.b. e temos este mundo desgraçado.”
Este comentário, de “mfc”, do “Pé de Meias”, foi o “mote” para “passar ao papel” as ideias que se seguem.
Já todos sabem, mas nunca é demais repetir, que, muito mais do que lamentar, comentar, diagnosticar, expressar opinião, acerca dos problemas da vida, do País e do Mundo, me interessa: como actuar, o que fazer, que soluções existem, para todos esses “magnos” problemas.
No artigo “Audácia” registei o que penso, acerca do que me parece dever ser a actuação das “pessoas de bem”, em relação aos “problemas” da vida. Dizia: “Vem isto tudo a propósito de “quem tem legitimidade para fazer o quê”. Vivemos um tempo em que, quando se trata dos arbítrios dos “filhos das trevas”, tudo é legítimo, ninguém questiona. Mas se for alguma solução para problemas, prementes, da sociedade, levanta-se um coro de “objecções”, com os mais falaciosos pretextos (todos democráticos, obviamente).”
Não o disse na altura, mas vou fazê-lo agora: é óbvio que as ilegalidades, as infâmias, os arbítrios (até os crimes mais abomináveis) não são contestados (muito menos pela comunicação social), porque os seus autores, são também quem controla a “opinião pública”; quem decide o que se pode ou não publicar; o que é ou não “notícia”; punindo os “atrevidos” que não se submetam às “regras” (leia-se: arbítrios) deles, na comunicação social, ou nas instituições.
Para além disso, ainda conseguem manipular a “mente” fraca de alguns teóricos, que insistem em apregoar que os nossos males se devem, todos, à “natureza humana”, vista através da misantropia das suas mesquinhas ideias. E se os contestamos, pretendem impingir-nos que as aberrações que detêm o poder de governar os países e o Mundo também são humanos. Donde temos que concluir que, para estes, são a única “natureza humana” que conta. Nós, devemos cingir-nos à nossa insignificância e aceitá-la como um facto imutável, assumindo as culpas, e responsabilidade, conjuntas, mas sem direito de opinião ou de outra opção, porque eles são importantes e nós não; mesmo que sejamos a maioria.
Também já disse isto, noutras alturas: que me indigna esta mistificação dos que “pretendem” atribuir ao cidadão anónimo, a todos nós, a responsabilidade, a culpa, dos males do mundo, invocando a sua paranóica “maldade” da natureza humana, quando, afinal, ninguém nos ouve, ninguém liga importância ao que pensamos, ninguém nos representa, em nenhuma instância. Mas continuam a ser todos “muito democráticos”, muito dignos, muito importantes, muito “soberanos” legitimamente ratificados pelas “suas”, inventadas, maiorias.
Volto a estes temas, porque eles “enquadram”, na perfeição, o que estou a tentar dizer.
Que tem que ver com a forma como a maioria das pessoas, incluindo as mais bem intencionadas, caem nestas “armadilhas”. Não é possível avançar no sentido de transformar o mundo, sem separar “o trigo do joio”; sem perceber com quem podemos contar e como.
É na sociedade, nas pessoas (na democracia) que é possível encontrar (construir) as soluções para os nossos problemas. Em todas as sociedades; em todas as democracias; na maioria das pessoas. Só se pode fazer isso quando a opinião de cada um tiver o mesmo peso nas decisões que nos afectam. Quando todas as opiniões tiverem o mesmo direito a igual divulgação (sobretudo as que forem construtivas, porque, actualmente, é ao contrário).
À laia de exemplo, estou a lembrar-me, por exemplo, da enorme quantidade de epítetos que têm sido dirigidos ao povo americano, porque Bush voltou a ser eleito. Pois então pensei, “na enorme quantidade de epítetos” que o mundo inteiro nos pode dirigir, por não conseguirmos sair deste marasmo e estarmos cada vez pior. Acham que serão muito diferentes? Desenganem-se! Vocês sentem-se merecedores desses epítetos? Eu não, nem a maioria da população portuguesa, que está condenada, há muito, a não “ter voto na matéria”. Se tivéssemos, tudo seria diferente.
É assim que “me perco”: já escrevi isto tudo e ainda vou nos “entretanto”.
Passemos então aos finalmente:
Quem detém o poder, no Mundo? Gente que o “conquista”, e o mantém, à custas das mais torpes baixarias.
Porque é que o mantêm? Porque quem se lhes opõe (e somos a esmagadora maioria) não consegue, no todo ou em, pelo menos, uma boa parte, emancipar-se das ideias falaciosas que descrevi atrás. As pessoas perdem a confiança naqueles que são promovidos a “referências”, mas que não valem nada; e usam-no como referência, para perder a confiança na sociedade, sem perceberem que, assim, só estão a colaborar com a perpetuação da perfídia.
Até há os que, cheios de “boas intenções” acham que é legítimo impor as suas ideias salvadoras, mesmo que sem o apoio da maioria. Nada mais errado! Não basta que as ideias sejam “nossas” para serem boas. Têm de ser reconhecidas como tal, pela sociedade. Uma democracia só o é, se construída pela maioria, com condições de participação da maioria. Só assim podemos garantir que não caímos nas mãos de uns quaisquer novos “hitlers”!
Pois! É isso mesmo: o que estou a “apontar” é o caminho mais espinhoso, mais difícil, mas o único seguro! Enveredar por ele e persistir nele, até conseguir é uma atitude de audácia de quem não se escusa de exercer as suas “competências”, para que outros não lhas usurpem, para os piores fins possíveis! Todos temos legitimidade para o fazer!
É por isso que eu acho que a abstenção deve ser valorada (como já expliquei outras vezes). É por isso que eu acho que, na ONU, as decisões que nos afectam a todos, como é o caso das guerras e conflitos armados, devem ser tomadas pela maioria da população mundial, com recurso a referendos para fundamentar a votação de cada país, em vez do abjecto sistema, actual, do direito de veto.
É que, se assim fosse, seríamos poupados a muita infâmia, como os atentados terroristas (nomeadamente os de onze de Setembro) porque os objectivos dos seus autores não seriam atingíveis. (Eu acho que o 11 de Setembro, foi executado pelos próprios responsáveis americanos, mas mesmo que não seja assim, isso nada alteraria)
Quanto tempo, quanto esforço, quanta teimosia, quanta determinação vai ser necessária, para que estas ideias encontrem eco suficiente nas pessoas, nas sociedades? Não sei (ainda), mas garanto que hei-de descobrir, insistindo, insistindo, insistindo!